Anti-aniversário de cinco anos une atingidos em manifestações de resistência
"Não é fácil. Lembrar de todo o drama que começou há cinco anos e que a gente vive no dia a dia. Mas com tudo isso que aconteceu, a comunidade se organizou e se uniu pra se fortalecer um no outro. O que a gente tem de melhor é um ao outro, é a solidariedade".
O relato vem da comunidade quilombola de Degredo, em Linhares, norte do Espírito Santo, uma das dezenas atingidas pelo crime da Samarco/Vale-BHP em cinco de novembro de 2015, que completa cinco anos nesta quinta-feira (5).As palavras são de Simony Silva de Jesus, coordenadora-geral da Associação dos Pescadores e Extrativistas e Remanescentes de Quilombo de Degredo (Asperqd), a primeira Assessoria Técnica Independente (ATI) contratada no Espírito Santo e a primeira, em todo o território atingido, incluindo Minas Gerais, formada pelos próprios atingidos.
No vídeo produzido pela Associação, moradores exaltam palavras de luta: União, Quilombo, Ancestralidade, Direitos, Saudade, Resistir para Existir. Palavras que resumem como as injustiças acumuladas nesses cinco anos do maior crime socioambiental do país e um dos maiores do mundo se transformam em energia para impulsionar a luta por direitos. "Somos uma comunidade que se reconhece um no outro. O que a gente tem é a resistência pra continuar na luta, sem desistir, buscando o novo pra caminhar", afirma Simony.
Povos das águasNeste quinto anti-aniversário, Degredo e muitas outras localidades e grupos de atingidos realizam manifestações de resistência e união, para continuar na luta pela reparação integral por, sabe-se lá, mais quanto tempo.
Na foz do Rio Doce, também em Linhares, onde a lama de rejeitos alcançou o mar, a Associação de Surfistas de Regência (ASR) organizou uma grande roda de surfistas e barcos de pescadores no outside, na Boca do Rio, uma "grande celebração da resistência dos povos das águas", reunindo agricultores, ribeirinhos, pescadores de mar, rio e mangue, comerciantes, pousadeiros e surfistas.
"Não aceitamos mais que a nossa história seja escrita pelos criminosos das mineradoras! Venha tomar sua própria história nas mãos e denunciar as mentiras que a Fundação Renova conta na TV", conclamam.
'A vida acima do lucro'Para o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), uma das principais organizações sociais a atuar na mobilização dos atingidos pela reparação integral dos danos, essa meia década do crime tem deixado claro como "a Vale está com a (in)justiça nas mãos".
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