Domingo, 28 Abril 2024

Anvisa detecta níveis elevados de agrotóxicos em seis alimentos no ES

Anvisa detecta níveis elevados de agrotóxicos em seis alimentos no ES
Relatório da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgado nessa terça-feira (29), apontou índices elevados de agrotóxicos em seis alimentos no Espírito Santo: pepino, alface, arroz, tomate, uva e abacaxi. Os resultados foram revelados pelo Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para) e são referentes aos anos de 2011 e 2012.



Ao todo, no Estado, a Anvisa analisou 67 amostras de alimentos em 2011, das quais 22 foram insatisfatórias. Em 2012, foram 77 amostras coletadas de alimentos – diversos e não necessariamente os mesmos do ano anterior –, dos quais 18 amostras foram consideradas insatisfatórias.
 
No primeiro ano da pesquisa, as amostras de resultados mais insatisfatórios - contendo resíduos de ingredientes ativos não autorizados para a cultura indicada, ou contendo resíduos de agrotóxicos autorizados, mas em concentração superior ao Limite Máximo de Resíduo (LMR) - estão nas culturas da alface (em quatro amostras de um total de seis), do arroz (três amostras de um total de sete), do tomate (uma amostra de seis) e da uva (quatro amostras de nove). Já em 2012, foi detectado um elevado grau de agrotóxicos nas amostras de abacaxi (quatro amostras de nove) e de pepino (seis amostras de 10). 
 
Em 2011, entre as 1.628 amostras analisadas em todo o Brasil, 36% (589) tiveram resultados insatisfatórios. Dessas, 35% apresentaram resíduos de ingredientes ativos que estão em processo de reavaliação toxicológica ou em venda descontinuada programada no Brasil para banimento final. Em continuidade ao que aconteceu nesse ano, de 483 amostras insatisfatórias coletadas em 2012, 31,5% (152 amostras) apresentaram resíduos de ingredientes ativos em processo de reavaliação toxicológica ou em etapa de venda descontinuada programada no Brasil.
 
A presença de agrotóxicos em níveis acima do LMR foi detectada em 38 amostras (2,3% do total); em 32% das amostras (520) foram constatadas a presença de agrotóxicos não autorizados (NA) para a cultura e em 31 amostras (1,9%), foram detectados resíduos acima do LMR e NA.
 
Os agrotóxicos não autorizados para a cultura podem ter essa designação por conterem um ingrediente ativo com registro para outras culturas e não autorizado para a cultura monitorada ou ingrediente ativo banido ou sem nunca ter tido registro no país. Nacionalmente, em 2011, alimentos como arroz, feijão e cenoura apresentaram todas as amostras insatisfatórias devido à presença de agrotóxico não autorizado para a cultura.



Foi registrado, inclusive, o uso de aldicarbe em uma amostra de arroz. O aldicarbe é o ingrediente ativo de maior toxicidade aguda dentre todos os agrotóxicos de uso agrícola e muito conhecido por ser usado como raticida ilegal, o popular “chumbinho”. Em amostras de uva, foram registrados os ingredientes ativos tebufempirade e azaconazol, que nunca foram registrados no país. Por isso, o seu uso sugeriu a ocorrência de contrabando.
 
No ano de 2012, todos os resultados insatisfatórios das amostras de alimentos como a cenoura e o arroz foram devido à presença de agrotóxicos não autorizados para estas culturas. O morango apresentou elevado percentual de amostras com resultados insatisfatórios contendo resíduos de agrotóxicos com concentrações acima do LMR, o que também evidencia a utilização dessas substâncias em desacordo com as indicações constantes nos rótulos e bulas. No Espírito Santo, as amostras de morango foram consideradas satisfatórias (foram seis amostras insatisfatórias por 20 coletadas).
 
O Brasil é campeão global no uso de agrotóxicos desde 2008 e atualmente concentra cerca de 20% do uso mundial. A previsão é de que, em 2013, quase 1 milhão de toneladas de agrotóxicos sejam aplicadas no País, trazendo prejuízos não só aos trabalhadores diretos do setor, como também riscos à saúde dos que os consomem diariamente. Os resíduos dos químicos, geralmente venenosos, se acumulam no solo, na fauna e na flora, e muitas vezes chegam a contaminar lençóis freáticos.
 
Em 2010, o mesmo monitoramento desenvolvido pela Anvisa classificou com o maior grau de insatisfação quanto aos agrotóxicos a alface (cinco de seis amostras), a cenoura (três amostras de seis), a couve (uma amostra de seis), a laranja (idem), o mamão (idem), o morango (quatro de 10 amostras), o pepino (quatro amostras de seis) e o pimentão (seis amostras de seis). Na época, foi um total de 27 amostras insatisfatórias de um total de 102 analisadas. O Espírito Santo, que já foi campeão brasileiro, é o terceiro da federação que mais faz uso de agrotóxicos.

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