Terça, 30 Abril 2024

Após final de semana sem protestos, índios voltam a ocupar ferrovia da Vale

Os índios das aldeias de Comboios e Córrego do Ouro, em Aracruz, norte do Estado, voltaram a ocupar a ferrovia da Vale que corta as aldeias na manhã desta segunda-feira (24), após um final de semana sem protestos. A trégua foi resultado de uma aparente intenção de abertura de diálogo pela Vale, manifestada na noite de sexta-feira (21). No entanto, a empresa recuou, pedindo um prazo de cinco dias para a retomada dos protestos, o que não foi acatado pelas lideranças indígenas. A ocupação foi retomada novamente sem previsão de término.



Segundo o coordenador da Comissão dos Caciques Tupinikim e Guarani, José Sezenando, a decisão é uma resposta à Vale por protelar a situação e ainda ameaçar usar força policial para retirar os índios dos trilhos da ferrovia. 



A mudança de planos da Vale foi comunicada ao procurador da República responsável pelo caso, Almir Sanches. Ele avisou aos índios nesse domingo (23) que os advogados da empresa haviam entrado em contato e cancelado a reunião marcada para esta segunda, que atendia à proposta da própria mineradora. 



No sábado (22) a empresa havia enviado à instância regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) um documento no qual se demonstrava aberta ao diálogo e solicitava que os índios desocupassem a ferrovia para que a manutenção da mesma pudesse ser feita, já que alguns dormentes haviam sido desmontados. No mesmo documento, propunha uma reunião para às 16 horas desta segunda-feira, para negociação do pagamento da compensação pelo uso de terras indígenas. Os caciques propuseram que esta fosse antecipada para às 9 horas, o que foi aceita pelo mineradora. Diante disso, os índios cessaram a mobilização.

 


A ocupação conta com o apoio dos índios de todas as demais aldeias das terras demarcadas de Aracruz. O coordenador da Comissão dos Caciques Tupinikim e Guarani reforça que o protesto é pacífico e que a comunidade indígena se mantém aberta ao diálogo franco com a empresa, mas também lembra que os índios sabem defender seus direitos e não abrem mão das suas propostas.



A mobilização indígena para que a Vale pague a indenização referente ao uso das terras de demarcação com sua estrada de ferro foi iniciada na última terça-feira (18), após a Vale cancelar, por um telefonema feito de São Paulo, sua participação em uma reunião que aconteceria no mesmo dia com os índios, o Ministério Público Federal (MPF) e as instâncias estadual e federal da Funai, que deslocou funcionários de Minas Gerais para participar do encontro.



Nessa reunião, seria firmado um acordo no qual a Vale destinaria R$ 19 milhões ao Plantar, projeto de agricultura desenvolvido pelos índios, como forma de compensação por explorar há mais de 30 anos as terras indígenas para o transporte de seu minério, sem devolver à população tradicional qualquer tipo de compensação.



Mas a poluidora não apresentou um projeto e sugeriu uma contraproposta de R$ 400 mil, por meio de uma mensagem de texto de celular (SMS). Os índios afirmam que esse valor é insuficiente a todo o trabalho que deverá ser feito nas aldeias para manutenção e recuperação dos plantios tradicionais indígenas, devido à exploração por outra poluidora, a Aracruz Celulose (Fibria).



Sezenando reforça que as terras por onde passam os trilhos são dos índios por direito, inclusive definido em demarcações, e que diante do descaso da Vale, exigem que a estrada de ferro seja retirada de dentro das aldeias. 









 

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