Quarta, 01 Mai 2024

Aracruz requer ao Idaf novas licenças para plantar eucalipto no norte do ES

Aracruz requer ao Idaf novas licenças para plantar eucalipto no norte do ES
A Aracruz Celulose (Fibria) requereu ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf) novas licenças Prévia (LP) e de Operação (LO) para expandir seus plantios de eucalipto em outras fazendas arrendadas do Grupo Simão, compreendidas pela Bacia Hidrográfica do Rio Itaúnas, nos municípios de Montanha e Pinheiros, extremo norte do Estado. Desta vez, a área cobiçada pela empresa é de 2.685,43 hectares, referente somente ao “Bloco I” do amplo projeto previsto para a região. 
 
Os estudos ambientais realizados pela empresa Rhea Estudos & Projetos Ltda, de Vitória, apontam que parte das terras está dentro dos limites das áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade e do Corredor Ecológico Córrego do Veado. As fazendas estão inseridas na região de Mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do planeta. 
 
O projeto é complementar a outros três já submetidos ao Idaf– “Bloco II”, “Bloco III” e “Bloco IV”, em junho e julho deste ano. A área total é de 17.017,75 hectares, sendo que 8.924,93 serão destinados a novos plantios. Além de Montanha e Pinheiros, as terras estão localizadas nos municípios de Ponto Belo e Mucurici.  
 
A Aracruz calcula que os quatro blocos, juntos, oferecerão 2.744 empregos, nos dois ciclos de produção, ou seja, 12 anos. Os plantios de eucalipto geram apenas um posto de trabalho a cada 30 mil hectares. Já a agricultura camponesa gera pelo menos um emprego por hectare. 
 
Isso significa que se a área onde a empresa irá plantar eucalipto fosse destinada à reforma agrária, seria possível assentar mais de 800 famílias, produzindo alimentos no sistema orgânico, que não utiliza venenos. Cada família poderia gerar quatro empregos, chegando a pelo menos 3.200 empregos diretos. 
 
Sem ter como expandir ainda mais seus plantios nos municípios de Aracruz, Conceição da Barra e São Mateus, onde se apropriou dos territórios indígenas e quilombolas, a estratégia da empresa é avançar para o extremo norte, região que já enfrenta graves impactos decorrentes da monocultura do eucalipto e ainda da pecuária extensiva.
 
No município de Montanha é constante a escassez de água, tanto nas comunidades rurais como nas urbanas. Outro problema é o desmatamento e uso intensivo de agrotóxicos, que contamina o solo e gera doenças aos trabalhadores. 
 
Estudos realizados pela Associação dos Geógrafos do Brasil no Estado (AGB-ES) e Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) apontam que o consumo diário de água para produção de celulose é de 248 mil metros cúbicos, o suficiente para abastecer uma cidade de 2,5 milhões de habitantes, número equivalente à população da região metropolitana de Vitória. A empresa não paga nada por isso.
 
Se a água utilizada pela empresa fosse captada, tratada e distribuída pela Companhia Estadual de Saneamento (Cesan), as entidades preveem que a conta da empresa se aproximaria de R$ 16 milhões mensais, sem considerar o consumo de outras unidades – e suas expansões - do país. 
 
Assim como ocorreu nos demais municípios onde predomina a monocultura do eucalipto, a Aracruz ocupará as terras mais férteis e planas do extremo norte. O período de arrendamento das terras do Grupo Simão é de 14 anos, podendo haver renovação. As áreas serão exploradas para produção de madeira destinada à celulose, estacas e escoramentos. 

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