Quinta, 02 Mai 2024

Ato político encerra ocupação dentro de eucaliptal em Aracruz

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Coletivo Comunicação MST/ES

Um ato político marcou o encerramento, na madrugada desta quinta-feira (27), de uma ocupação realizada em Aracruz, norte do Estado, como parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em vários estados.

Depois dez dias mobilizadas, as 200 famílias se transferiram para o Assentamento Nova Esperança, a dois quilômetros do local, realizando um plantio de árvores frutíferas, nativas e ornamentais, uma marcha e um almoço coletivo, que reuniu entidades e parlamentares apoiadores da luta pela justiça fundiária no Espírito Santo, como o Sindicato dos Bancários (Sindibancários-ES) e as deputadas estaduais Iriny Lopes (PT) e Camila Valadão (Psol).

A decisão de saída atendeu ao prazo estabelecido em uma liminar de reintegração de posse concedida pela Justiça Estadual à Suzano (ex-Fibria e ex-Aracruz Celulose). "Passamos a noite nos organizando, em alerta, ninguém dormiu. Às quatro horas da manhã começamos a nos retirar e, às 6h, fizemos o plantio de árvores e marchamos até o assentamento", relata Eliandra Fernandes, da direção nacional do MST no Estado.

Do assentamento, as famílias puderam assistir à chegada do comboio da Polícia Militar que foi executar a ordem de despejo, e viram a destruição do plantio recém-feito. Também aguardaram um posicionamento da secretária de Estado de Direitos Humanos, Nara Borgo, que acompanhou a operação policial. "A Nara Borgo parou um pouco no assentamento, mas logo saiu. Entendemos que ela não quis ficar porque sabia que teria que dar uma resposta para as famílias sobre a área prometida para o novo acampamento", pondera Eliandra.

Coletivo Comunicação MST-ES

A promessa foi feita na última quinta-feira (20), em reunião realizada com o MST e representantes da SEDH, Secretarias de Agricultura, Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Na ocasião, os governos estadual e federal se comprometeram a assentar não só as 200 famílias de Aracruz, mas todas as demais mil famílias acampadas em vários municípios do Espírito Santo, muitas há dez anos, período em que nenhum assentamento, estadual ou federal, foi feito no Espírito Santo.

No caso de Aracruz, o encaminhamento foi pela identificação de uma área onde um acampamento provisório possa ser instalado até que o definitivo seja identificado. A área apresentada, no entanto, não atende às necessidades das famílias, por diversas razões. Primeiro a distância, cerca de 60 km de Aracruz, de onde a maioria é oriunda, e também pelo fato do local já abrigar um acampamento produtivo organizado pelo MST, o João Gomes, que já foi prometido pelo governador Renato Casagrande (PSB) que será alvo de regularização para as famílias já acampadas. "Além disso, é um local de intenso conflito, em que diversas pessoas assumiram posse, inclusive fazendeiros", afirma o MST.

"O governo do Estado tem outras 30 áreas patrimoniais no município de Aracruz, que estão sob posse da Suzano. Essas áreas foram invadidas de forma irregular, conforme relatório apresentado pelo Idaf [Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal]", denuncia o MST, que mantém a mobilização, aguardando novas deliberações por parte da Mesa de Resolução de Conflitos Fundiários para instalar um novo acampamento.

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Comentários: 1

Valmir da Costa Paim em Sexta, 28 Abril 2023 12:59

Quanto às 200 famílias da ocupação em aracruz, a muito tempo os governos estadual e federal não fazem um assentamento para que aquelas famílias possam produzir alimentos saudáveis e cuidar do meio ambiente. O curioso é que a empresa invade terras públicas e privadas e a justiça nunca a incomodou, já esse tal idaf quando os trabalhadores o procura, é praticamente impossível, mas quando é a Suzano tudo chega a ser automatico. Que tal uma CPMI?

Quanto às 200 famílias da ocupação em aracruz, a muito tempo os governos estadual e federal não fazem um assentamento para que aquelas famílias possam produzir alimentos saudáveis e cuidar do meio ambiente. O curioso é que a empresa invade terras públicas e privadas e a justiça nunca a incomodou, já esse tal idaf quando os trabalhadores o procura, é praticamente impossível, mas quando é a Suzano tudo chega a ser automatico. Que tal uma CPMI?
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