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Audiência cobra soluções para falhas nos serviços da Cesan na Serra

Vereadores e lideranças apontam problemas recorrentes de abastecimento e coleta de esgoto

“É sempre o povo que paga a conta. Economiza água, fecha o chuveiro, reaproveita, toma banho quase chorando. E mesmo assim, a Companhia Espírito-Santense de Saneamento (Cesan) desperdiça mais de 40% da água. É isso que os números mostram. E o que a gente vê nas ruas são buracos, esgoto a céu aberto e falta d’água”. A crítica é do vereador Rafael Estrela do Mar (PSDB), presidente da Comissão de Defesa dos Consumidores da Câmara da Serra, que convocou uma pública nessa terça (17) sobre os problemas no abastecimento de água e na coleta de esgoto no município.

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A audiência foi marcada por cobranças à Cesan e à Ambiental Serra, empresa criada pela Aegea Saneamento e responsável pela Parceria Público-Privada (PPP) do esgotamento sanitário no município desde 2015. Rafael citou dados da ONG Água e Saneamento, que apontou mais de 40% de perdas no abastecimento em 2024. “A própria Cesan, em documento público, reconheceu a meta de reduzir esse índice para 20% até 2025. Mas como está esse compromisso?”, questionou.

Os dados mais recentes disponibilizados pelo Instituto Trata Brasil, com base em informações do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2022, apontam que 16% dos moradores da Serra, mais de 83 mil, não têm acesso à água tratada, enquanto 26,8%, 139,3 mil, vivem sem coleta de esgoto. Além disso, apenas 41,1% do esgoto gerado é tratado e as perdas na distribuição de água chegam a 29,4%.

Durante a audiência, moradores e lideranças comunitárias relataram vazamentos crônicos, buracos deixados abertos por semanas, falta de pressão na rede e lentidão nos atendimentos, como enfatizou Adriana Moreira, da Federação das Associações de Moradores da Serra (Fams). “Quero parabenizar a Cesan, porque se vocês estão querendo causar um dilúvio na Serra, estão no caminho certo. No meu bairro, tem tanto buraco e vazamento que até morador escorregou e se machucou. Só atendem um pedido a cada cinco chamados, e a gente tem que implorar”, completou.

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Renato Ribeiro (PDT) reiterou também o que considera uma manobra da Cesan, que prevê a desativação de uma estação de tratamento de esgoto em Jardim Camburi, na Capital, e bombeamento dos efluentes por túneis até São Geraldo, na Serra, onde é construída a Estação de Produção de Água de Reúso (EPAR), que vai transformar 300 litros por segundo de esgoto para fins industriais. “Vão transferir esgoto de 150 mil pessoas de Vitória. Não consultaram a prefeitura nem esta Casa. É um desrespeito completo. Enquanto isso, todo bairro da Serra tem um problema deixado pela Cesan”, apontou.

Ele ainda criticou a ausência de representantes da Secretaria Municipal de Serviços e da Secretaria de Obras da Prefeitura da Serra, sob gestão de Weverson Meireles (PDT). “Eles também sabem o custo que é para o município o mau serviço feito pela Cesan”, enfatizou.

O gerente operacional da Cesan, César Santos, reconheceu os problemas e afirmou que a empresa opera atualmente com um contrato emergencial de escopo reduzido. “Isso compromete nosso serviço. Já aplicamos penalidade à contratada e foi escolhida a empresa vencedora da nova licitação. Se não houver recursos, ela será homologada e terá 40 dias para iniciar as atividades. Esperamos normalizar tudo até o fim de agosto”, prometeu.

César também admitiu falhas na pavimentação e nos prazos de resposta. “Houve aumento no tempo de atendimento. Reconhecemos. A gente está aplicando ações corretivas, inclusive a rescisão contratual da empresa atual. A nova prestadora trará melhorias, inclusive na recomposição asfáltica.”

O vice-presidente do colegiado, Dr. William Miranda (União), frisou a insatisfação geral com a qualidade do serviço. “Temos testemunhado vazamentos constantes que comprometem não apenas o fornecimento de água potável, mas também colocam em risco a saúde pública”.

A Comissão anunciou que seguirá monitorando a implementação do novo contrato e cobrando transparência da Cesan e da Serra Ambiental. 

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