Sexta, 03 Mai 2024

Avançam as investidas da bancada ruralista sobre as terras indígenas

Avançam as investidas da bancada ruralista sobre as terras indígenas
Apesar da promessa do presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves (PMDB-RN) de não tomar nenhuma providência relacionada ao Projeto de Lei Complementar (PLP) 227/2012 até o fim de agosto, a matéria será submetida a comissão especial da Câmara, conforme determinado pela Mesa Diretora ao acatar requerimento do deputado Ivan Valente (PSOL-SP).
 
Até a mesma data também deverá ser apresentado, por um grupo criado pelo próprio parlamentar, um relatório sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 215/2000, que transfere a responsabilidade da demarcação para o Legislativo.
 
Ela também permite a ratificação dos territórios já homologados, abrindo precedente para a titulação de terras quilombolas e de unidades de conservação ambiental.
 
Os índios já deixaram claro que não querem que o processo da demarcação de suas terras seja alterado. Aliás, ficou claríssimo, já que foi realizada uma reunião diretamente com a presidenta Dilma Rousseff, no último dia 10. Foi a primeira vez em seu governo que Dilma resolveu receber os índios.
 
Mesmo sendo a primeira reunião do ano com os índios, Gerônimo Goergen (PP-RS) acredita que é diferenciado o tratamento a ruralistas e a indígenas, e se sente no direito de requerer uma audiência junto à presidenta. Ele ainda classificou que o governo seria partidário da pauta indigenista e estaria ‘deixando a produção agropecuária em plano secundário’.
 
O ruralista chegou a afirmar que a proposta não prejudicará e, ainda, passará a ser justa, porque atualmente elas são injustas aos indígenas. Para ele, o processo de demarcação feito pela Fundação Nacional do Índio (Funai) é baseado em “interesses econômicos internacionais e não governamentais”.
 
Devido ao encontro da presidenta com os indígenas, a audiência pública sobre os estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) sobre a demarcação de terras indígenas foi transferida do dia 9 de julho para o dia 14 de agosto.
 
 
PLP 227/2012
 
O texto da matéria, que quer definir empreendimentos econômicos e projetos desenvolvimentistas em território de demarcação indígena como de relevante interesse público – portanto, que não precisam de autorização dos povos tradicionais para tomar seu território–, já foi aprovado pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento de Desenvolvimento Rural.
 
O presidente da Câmara firmou o compromisso de se reunir com os índios duas semanas antes da sessão na qual deverá ocorrer a votação desta matéria.
 
O processo de demarcação de terras indígenas em áreas de conflito está paralisado desde maio deste ano, quando o governo o interrompeu temporariamente para submeter os processos a pareceres da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e dos ministérios da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário.
 
Isso aconteceu depois que o pedido da criação da CPI da Funai foi oficializado na Câmara. Os mais de 200 signatários, a maioria da Frente Parlamentar Agropecuária, querem pressionar Henrique Alves a agilizar o processo de instalação da comissão.
 
O objetivo da CPI da Funai é investigar a atuação da fundação e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na demarcação de territórios tradicionais.
 

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