Os moradores de Jardim Camburi e os frequentadores da Praia de Camburi notaram que a cada ano a população do caramujo africano (Achatina fulica) aumenta na região. Os caramujos estão concentrados na porção da areia e da calçada próximas ao Hotel Porto do Sol, ao norte da praia, onde desemboca uma tubulação da rede pluvial, diretamente no mar. No local, também há uma vegetação rasteira, que favorece a procriação da espécie.
Paulo Pedrosa, presidente da Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC), conta que a vegetação do local não é de restinga e poderia tranquilamente ser retirada pela equipe da Prefeitura de Vitória para evitar a proliferação do animal. “Aquela região tem muito mato e a galeria pluvial. É uma área quente, úmida e com sombra, protegida do sol, onde o caramujo aproveita para se reproduzir”, afirma.
Pedrosa considera que a solução mais eficaz para a infestação do caramujo na praia seria a retirada da vegetação rasteira e uma limpeza rasa da porção de areia já contaminada, substituindo-a por outra porção de material retirada da mesma praia.
O caramujo surgiu no Brasil a partir de uma feira agropecuária no Paraná, na década de 80, e não há registro da autorização de importação do animal no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) ou no Ministério da Agricultura, Pecuária Abastecimento (Mapa), segundo a pesquisadora Silvana Thiengo, em entrevista à Agência Fiocruz de Notícias.
Silvana enumerou duas zoonoses que podem ser transmitidas pelo animal: a meningite eosinofílica, que ataca prioritariamente moluscos e roedores, mas que também pode incluir o homem no seu ciclo; e a angiostrongilíase abdominal, geralmente assintomática, mas que pode levar ao óbito, e cujo caramujo africano é um hospedeiro potencial.
Mas alertou: o risco da transmissão dessas parasitoses ao homem é pequeno. Mesmo assim, não se deve consumi-lo e se deve proteger as mãos no caso de manuseio do animal. Pode-se elimina-lo em queimadas (que devem ser precedidas da quebra do casco).