Quinta, 16 Mai 2024

Com ausência de Programa Reflorestar, produtores da região serrana são assediados para plantar eucalipto

Com ausência de Programa Reflorestar, produtores da região serrana são assediados para plantar eucalipto
A ausência do governo do Estado com seu Programa Reflorestar na região serrana do Estado vêm desestimulando a preservação ambiental por parte dos proprietários de terras locais que possuem remanescentes de Mata Atlântica em suas terras. O programa prevê o pagamento de compensação referente à quantidade de hectares de mata nativa preservada por cada produtor.
 
Entretanto, diante da falta de resposta do governo do Estado, os produtores locais têm sido assediados por empresas como a Fibria (Aracruz Celulose) para plantarem eucalipto na área que, atualmente, é protegida pela mata. 
 
Os produtores fizeram suas inscrições há quase um ano no Projeto Reflorestar e, desde então, não obtiveram retorno por parte do governo do Estado, sequer para marcar as vistorias que devem ser realizadas nos imóveis rurais durante o processo de compensação de verbas. De acordo com os produtores, a verba da Conservação Internacional destinada ao programa já foi liberada pela organização, mas ainda não foi repassada.
 
A região serrana do Estado abriga a nascente de rios que abastecem toda a região e, ainda, a Região Metropolitana da Grande Vitória, como os rios Jucu e Santa Maria de Jetibá, que nascem no município de Santa Leopoldina. Diante dessa realidade, é importante lembrar que em várias das regiões em que a silvicultura do eucalipto foi amplamente difundida, acontece o fenômeno conhecido como deserto verde, já que o eucalipto suga toda a água presente na região.
 
Exemplo disso é o município de Montanha, onde a constante a escassez de água, tanto nas comunidades rurais como nas urbanas, fez com que o município decretasse, no ano passado, situação de emergência por conta da seca. Outro problema causado pelas plantações de eucalipto é o desmatamento e o uso intensivo de agrotóxicos, que contamina o solo e gera doenças aos trabalhadores, além de contaminar animais e diminuir a biodiversidade nos locais em que é plantado.
 
Na mesma época, pesquisadores da Associação de Amigos do Museu de Biologia Mello Leitão (Sambio) constataram em estudo recente que a seca permanente no extremo norte capixaba ameaça a preservação da fauna e da flora nas Reservas Biológicas (Rebios) Córrego do Veado, em Pinheiros; Rebio Sooretama, que engloba áreas dos municípios de Linhares, Jaguaré, Sooretama e Vila Valério; e Córrego Grande, em Conceição da Barra. Os pesquisadores evidenciam que não se trata de uma seca periódica, mas sim definitiva, pois nem em casos de chuvas intensas a bacia terá condições de armazenar água, devido ao estágio avançado de degradação da área. Na região, além de não haver cobertura florestal às margens dos córregos, a maioria dos proprietários de terras se dedica à criação de gado e às monoculturas de café e eucalipto.
 
Estudos realizados pela Associação dos Geógrafos do Brasil no Estado (AGB-ES) e Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase) apontam que o consumo diário de água para produção de celulose é de 248 mil metros cúbicos, o suficiente para abastecer uma cidade de 2,5 milhões de habitantes, número equivalente à população da região metropolitana de Vitória. 
 
Se a água utilizada somente pelos plantios da Aracruz Celulose fosse captada, tratada e distribuída pela Companhia Estadual de Saneamento (Cesan), as entidades preveem que a conta da empresa se aproximaria de R$ 16 milhões mensais, sem considerar o consumo de outras unidades – e suas expansões - do país.

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Sexta, 17 Mai 2024

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