Sexta, 03 Mai 2024

Com parcerias e oficinas, Manabi seduz comunidades para implantação de porto

Com parcerias e oficinas, Manabi seduz comunidades para implantação de porto
Após enfrentar rejeição das comunidades de Linhares, norte do Estado, devido ao projeto de seu porto em Degredo, a empresa Manabi intensificou sua presença na região. Além de firmar parcerias com o poder público, tenta se aproximar dos pescadores, principais críticos ao empreendimento, com oficinas. 
 
A alegação da Manabi para se aproximar dos pescadores é dizer que está interessada em levantar informações sobre os principais impactos que interferiram na atividade nos últimos trinta anos e buscar elementos que apontem as fragilidades e potencialidades do trabalho na região.



Desta maneira, a empresa seduz a comunidade e tenta eliminar os focos de resistência. O primeiro encontro, realizado há um mês, reuniu pescadores de Degredo, Povoação, Regência, Pontal do Ipiranga e Barra Seca.
 
Depois de apoiar a 2ª Festa da Manjuba em Povoação, balneário que também será impactado pelo porto, em abril último, a Manabi já anuncia patrocínio à Festa do Caboclo Bernardo, que acontecerá em junho deste ano e, agora, o restauro do Farol do Rio Doce, em Regência, em parceria com a Secretaria Estadual de Cultural (Secult), da Prefeitura de Linhares e da Associação de Moradores de Regência.
 
No caso do farol, porém, há o agravante de o projeto ser desenvolvido sem submissão ao Conselho Estadual de Cultural (CEC), o que torna a obra irregular, como afirmam profissionais da área. O Farol é tombado como Patrimônio Histórico e Cultural do Espírito Santo desde 1998. Sem o devido laudo técnico e realizadas por empresas não capacitadas, as obras poderão causar alterações indevidas. Os custos com serviços de remoção de ferrugem, troca de peças danificadas e aplicação de produtos antiferrugem são calculados em R$ 52 mil.
 
A Manabi também começa a envolver os municípios vizinhos no processo, igualmente com foco nos pescadores. Recentemente, em outra oficina, apresentou o projeto às colônias de Conceição da Barra, com a presença da Econservation, responsável pelo Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do empreendimento.
 
A empresa pretende extrair minério de ferro na região do Morro do Pilar, em Minas Gerais, e transportá-lo por meio de um mineroduto até o seu Porto Norte Capixaba (PNC), também conhecido como superporto da Manabi, gerido pela subsidiária Manabi Logística, que deverá escoar a matéria-prima extraída. Além do porto, o mineroduto da Manabi cortaria, no Estado, os municípios de Marilândia, Colatina, Baixo Guandu e Linhares, passando por pequenas propriedades de agricultores. 
 
O preço mais alto será pago pelas populações tradicionais de pescadores, que além de terem sua área de pesca completamente devastada, serão obrigadas a conviver com o avanço do minério na região. O superporto da Manabi poderá causar danos até mesmo à comunidade de Regência, dada a proximidade do empreendimento com o balneário. 
 
A Associação dos Pescadores da Barra do Riacho e da Barra do Sahy já declarou, reiteradas vezes, que é contra a implantação do empreendimento no local, pois este inviabilizará completamente a pesca na região, impactando cerca de 400 famílias que dependem da atividade. Além disso, a ocupação litorânea pode prejudicar um trabalho de preservação das tartarugas-gigantes, realizado pelo Projeto Tamar há mais de 30 anos.

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