Quinta, 25 Abril 2024

Desertificação já atinge 15% do território brasileiro

Mais de 1,3 milhão de quilômetros quadrados no Brasil podem virar deserto, se nada for feito. O alerta é do Instituto Nacional do Semiárido (Insa), órgão ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, divulgado pela Agência Brasil. No Espírito Santo, as áreas suscetíveis a virar deserto ocupam 36% do território estadual, onde vivem em média 15% da população capixaba.

 

O problema é grave e só no Estado pode atingir mais de 36 milhões de pessoas, gerando o aumento da pobreza, a migração, diminuição produtiva e outros fatores de ordem social, econômica e ambiental. Os municípios capixabas com risco de virar desertos ocupam uma área de 16.679,69 km², segundo informações do Grupo de Trabalho Interinstitucional de Combate à Desertificação do Espírito Santo (GTI-CD/ES).

 

O Insa aponta que o uso correto da terra é cada vez mais urgente para o País, visto que 15% do território brasileiro já estão comprometidos. Ao todo, são 1.488 municípios em nove estados da Região Semiárida do Nordeste brasileiro, do norte de Minas Gerais e do Espírito Santo.

 

Para reverter essa situação, diz o Insa, é preciso conscientizar agricultores e garantir a difusão de tecnologias adaptadas ao semiárido, com uso de técnicas agroecológicas para o combate e a prevenção à desertificação. O Instituto considera que essas práticas preconizam o cuidado com a terra, ou seja, a compreensão de que é preciso usufruir dela mas não esgotá-la, sem objetivar apenas o lucro. A lógica do agronegócio, baseada na monocultura e no agrotóxico, divulgou o instituto, contribui em grande parte para a degradação do solo.

 

Compõem as chamadas Áreas Suscetíveis à Desertificação (ASD) do Espírito Santo os municípios de Águia Branca, Água Doce do Norte, Alto Rio Novo, Baixo Guandu, Barra de São Francisco, Boa Esperança, Colatina, Ecoporanga, Governador Lindenberg, Mantenópolis, Marilândia, Montanha, Mucurici, Nova Venécia, Pancas, Pedro Canário, Pinheiros, Ponto Belo, Rio Bananal, São Domingos do Norte, São Gabriel, Sooretama, Vila Pavão e Vila Valério.

 

E, embora não incluídos na listagem oficial, os municípios de São Mateus, Aracruz e Conceição da Barra também têm áreas desertificadas - o chamado deserto verde, composto pelos plantios de eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria), conforme denunciado por ambientalistas.  Há, ainda, áreas desertificadas também em Rio Novo do Sul (próximas à BR) e Cachoeiro do Itapemirim (em direção a Presidente Kennedy).



Entre as principais consequências da degradação dessas terras estão as perdas para o setor agrícola, com o comprometimento da produção de alimentos; a extinção de espécies nativas; o agravamento da desnutrição da população local; baixo nível educacional, e a concentração de renda.



Combate

Segundo o Insa, existem muitas tecnologias sendo usadas no semiárido e com resultados positivos. Uma delas, o Programa Um Milhão de Cisternas, implementado pela Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA), que em parceria com o governo federal, agências de cooperação e empresas privadas permite captar a água da chuva para consumo humano por meio de cisternas de placas de cimento. A infraestrutura, com capacidade para 16 bilhões de litros de água, já está presente nas casas de aproximadamente 600 mil famílias.

Menos conhecido e difundido é o cultivo do nim indiano. A planta tem crescimento rápido e atinge uma altura de oito metros em três anos, ajudando a reverter as consequências da desertificação.

No Estado um estudo foi iniciado em novembro de 2011 para elaborar um estudo técnico sobre os aspectos físico-ambientais das “Áreas Susceptíveis à Desertificação no Espírito Santo”, mas seu resultado ainda é desconhecido.  O estudo, no valor de R$ 34.450,00, é aguardado há mais de três anos.

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