Quarta, 15 Mai 2024

Ecosoft indicou percentual 1.076% maior para emissões veiculares no Estado

Ecosoft indicou percentual 1.076% maior para emissões veiculares no Estado
Estudos realizados pela Ecosoft, empresa contratada para prestar serviços de medição da qualidade do ar à Vale e teve seus dados aceitos como parâmetros pelo Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), apontaram uma diferença de 1.076% entre os percentuais de emissões veiculares, se comparados os índices do Inventário de Emissões, realizado no ano de 2002, e no inventário feito pela Ecosoft, em 2011. O alerta é do grupo ambientalista SOS Espírito Santo Ambiental, que produziu relatório sobre o assunto.



O SOS afirma que, antes do estudo da Ecosoft, dados de 1998 davam conta de que a poeira de origem veicular era em média 6,3% do total, enquanto as contribuições industriais chegavam a 34,6%. Isso pode ser comprovado por trecho do Relatório da Qualidade do Ar da Grande Vitória do ano de 2002, publicado no documento. O trecho aponta o percentual, acusado em estudos de caracterização de materiais particulados em filtros de monitoramento entre os anos de 1995 e 1998, e ainda afirma que "a poluição veicular na região, tal como ocorre em grandes cidades, ainda não é o principal problema que afeta a qualidade do ar". 
 
Já em trecho do relatório de 2007, é possível ler que "as emissões industriais são as principais contribuintes para o nível de poluição do ar na região da Grande Vitória", apesar de retratar, também, que as contribuições das emissões veiculares e da construção civil tiveram um aumento significativo.



No relatório de 2008, essa informação fica ainda mais restrita, sendo destacado que apenas em alguns pontos da Grande Vitória o crescimento da frota veicular e dos empreendimentos imobiliários alteram o quadro. 
 
Três anos depois, os relatórios da Ecosoft apontaram que 67,8% das taxas de emissão da poeira (MP) são oriundas de ressuspensão veicular, um aumento de 1.076% com relação ao estudo anterior. Com relação ao material particulado (MP) 10, as partículas respiráveis finas, esse número cresce para 69,3% e, com relação às MP 2,5, o percentual é de 63,5%. Enquanto isso, os percentuais das emissões industriais de produção de minério são registradas, respectivamente, como sendo de 1,9%, 3,5% e 6,5%, e com relação às emissões industriais minero-siderúrgicas, de 23,6%, 19,6% e 18,3%. Mais uma vez, o SOS Ambiental ressalta que o estudo feito pela Ecosoft não foi ratificado ou comprovado por nenhuma instituição ou empresa isenta. Já o Iema aceitou os dados sem qualquer contestação.
 
Para o levantamento desses dados, foram usados os mesmos monitores automáticos da avaliação das wind fences, os E-Sampler. Três equipamentos realizaram a medição simultânea dos tipos de partículas. Novamente, o SOS Ambiental apresenta que a metodologia aplicada é fortemente contestada por especialistas para esse tipo de medição, uma vez que precisam ser constantemente calibrados quando usados em uso contínuo, para garantir sua eficiência. Além disso, o equipamento só pode avaliar partículas de tamanho menor do que o da partícula de poeira sedimentável.
 
Esse aumento exorbitante é questionado pelo SOS Ambiental. A entidade justifica que, com relação à frota de veículos, o aumento no período de 2001 a 2010 foi da ordem de 130%; de 2001 a 2009, de acordo com reportagem apresentada pelo grupo no documento, a evolução da frota de veículos foi de 129% no município da Serra; 87% em Vila Velha e 60% em Vitória, o que representa um aumento médio de 84,33% para os três municípios. "Muito inferior aos 1.076% do aumento da poluição", destaca.
 
Já com relação à produção brasileira de pelotas de minério, o grupo apresenta dados de que o crescimento da produção entre 1998 e 1999 foi de 8,5%. Nesse período, a Vale e as suas coligadas (Nibrasco, Kobrasco, Itabrasco e Hispanobras) tiveram um aumento de 9% na produção, enquanto a usina da Samarco, em Anchieta (sul do Estado), companhia que possui parte de suas ações em posse da Vale, teve crescimento de 9,7% no período. Em 2001, a produção de pelotas da Vale e suas coligadas decaiu 10,8% com relação ao ano anterior. Em 2006, o aumento foi de 17,57% com relação à produção de 2005. "Os recordes de produção da empresa também são crescentes".
 
O SOS Ambiental aponta, ainda, que de acordo com a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, os números de ressuspensão na cidade de São Paulo são de 5% para PM 2,5 e 25% para PM 10.
 
Os ambientalistas evidenciam, ainda, que as ressuspensões de via estão sendo tratadas pelos órgãos ambientais do Estado como emissões, transformando o efeito em causa. Os particulados, gerados por outras formas de emissões, voltam a ser tratados como emissões ao contato com a ação veicular. Diante disso, questionam quais fontes serão trabalhadas quando o objetivo for a diminuição das emissões provenientes da ressuspensão. Embora a frota de São Paulo seja muito maior, os valores são menores do que aqueles constatados em Vitória. 

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