Segunda, 06 Mai 2024

Em Vitória, MPA cobra resposta efetiva do governo do Estado

Em Vitória, MPA cobra resposta efetiva do governo do Estado
Como parte da programação capixaba da Jornada Nacional pela Soberania Alimentar, organizada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), as lideranças do Estado entregaram um documento com as reivindicações mais urgentes do movimento ao secretário estadual de Agricultura, Ênio Bergoli, na tarde dessa segunda-feira (14), em reunião na Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag).
 
Após o recebimento do documento, o secretário marcou um novo encontro para esta terça-feira (15), para discutir os pontos levantados pelos camponeses com a participação do Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf). Dessa segunda reunião, os camponeses esperam que sejam firmadas ações concretas por parte do governo, que ainda não apresentou iniciativas que correspondessem às reais necessidades do campesinato.
 
Entre as reivindicações levantadas pelos pequenos agricultores, estão a ampliação do crédito de recurso não retornável para implantação de agroindústrias, por meio do Infraestrutura Produtiva, para grupos de, pelo menos, cinco famílias camponesas, que se enquadrem nos requisitos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Dentro desse investimento, o MPA também reivindica que sejam conveniadas as cooperativas movidas pela agricultura familiar e que essas recebam valores de até R$ 1 milhão para aplicação nas agroindústrias.
 
Os militantes também exigem que seja feita a reforma agrária nos cerca de 500 mil hectares de terras devolutas existentes no Estado, além de se expressarem contra a taxação do uso da água (hoje, o que se paga nos impostos ao governo é o uso da estrutura) e contra o fechamento das escolas Uni e Pluri. Os camponeses ainda denunciaram que mais de 10 mil escolas rurais foram fechadas nos últimos anos no Estado.
 
Enquanto a reunião acontecia dentro do prédio da Seag, os camponeses organizavam um ato na rua. Um carro de som e inúmeras bandeiras vermelhas fecharam os dois extremos da Rua Raimundo Nonato, no bairro Forte São João, em Vitória. O repúdio à Monsanto, grande multinacional produtora de transgênicos e agrotóxicos; à Aracruz Celulose (Fibria), que explora território dos camponeses, índios e quilombolas para fazer o plantio indiscriminado do eucalipto; à Vale e às demais mineradoras ocorreu em forma de teatro. Nele, a militante vestida de Aracruz repetia todo o discurso distorcido da realidade que os capixabas já estão cansados de conhecer sobre a monocultura do eucalipto: “não seca a terra” e é “uma árvore de reflorestamento”. O outro militante, representando as mineradoras, pediu que os agricultores lhe vendessem suas terras “a preço de banana”, para extraírem o granito que ali tem de bom, porque seu maior compromisso era “comer o ambiente”. Enquanto isso, a miniatura de um avião pairava sobre os camponeses, representando as inúmeras contaminações geradas pela pulverização aérea no interior do Estado.
 
O movimento também devolveu ao governo do Estado parte daquilo que lhes foi dado: eucalipto, cana de açúcar, representando a produção massiva de álcool; e potes de agrotóxicos, que foram jogados no saguão da Seag. No início da noite, com a explanação dos resultados da reunião, os militantes do MPA cantaram o hino do movimento e entoaram palavras de ordem, logo depois de se reuniram em torno do carro de som para a cantiga de músicas camponesas, ao som de uma viola.
 
À noite, os camponeses, que estão acampados no Sindicato dos Bancários do Estado (Sindibancários-ES), organizarão atividades culturais e encontros com parceiros da cidade. Nesta terça-feira, após a reunião com a Seag e o Idaf, seguirão até o Palácio Anchieta, onde querem discutir suas reivindicações com o governador Renato Casagrande. Nesta reunião, serão tratados assuntos que já são debatidos com o governo há mais de dois anos, sem respostas nem ações efetivas. Algumas dessas reivindicações foram, também, incluídas no ofício entregue à Seag. A melhoria da educação no campo, a reforma agrária e a necessidade do investimento estrutural no campesinato, que são essenciais à promoção da soberania alimentar – principal pilar do movimento e da mobilização nacional – estão entre os principais assuntos em pauta.

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