Uma sacola plástica biodegradável brasileira e eficaz – ao contrário da comercializada no Espírito Santo – existe e é feita de açúcar da cana. Mas há dez anos tenta ser inserida no mercado, sem sucesso. A informação foi divulgada no workshop “Produção Sustentável de Biopolímeros e Outros Produtos de Base Biológica”, realizado na sede da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), quando empresários destacaram a indústria petrolífera como um dos grandes entraves para o setor.
A empresa que produz em escala piloto o Biocycle é a PHB Industrial. Apesar de dominar a tecnologia para fabricar diversos produtos com o polímero e tornar seu custo competitivo quando comparado ao do plástico convencional, a empresa ainda não conseguiu elevar sua produção a uma escala industrial”, informou a Fapesp.
A informação, divulgada pela Agência Fapesp, é que a parceria com a indústria petroquímica seria o caminho mais curto para esta inserção no mercado convencional, porém, o setor não costuma dialogar com o setor açucareiro.
No Espírito Santo, esta resistência já havia sido ressaltada por ambientalistas. Segundo eles, assim como em todo o País, a falta de diálogo entre os setores reflete na superficialidade dos debates promovidos a respeito da transferência do uso da sacola plástica convencional para biodegradável.
Nascida da Cooperativa dos Produtores de Cana, Açúcar e Álcool do Estado de São Paulo (Copersucar),em 1900, a sacola Biocycle surgiu da ideia de fabricar produtos em uma usina de açúcar que não fossem commodities e, já foi apontada por ambientalistas como uma das alternativas para a confecção de sacos de lixo, de supermercado, entre outros.
A tecnologia foi desenvolvida em parceria com o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP). A Copersucar conseguiu produzir o polihidroxibutirato (PHB) – um polímero da família dos polihidroxialcanoatos (PHA) com características físicas e mecânicas semelhantes às de resinas sintéticas como o polipropileno – usando apenas açúcar fermentado por bactérias naturais do gênero alcalígeno.
Com o apoio do Programa Fapesp Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) e auxílio de pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFScar), a empresa desenvolveu a tecnologia de produção dos pellets – pequenas pastilhas cilíndricas feitas com uma mistura de PHB e fibras naturais –, matéria-prima usada pela indústria transformadora para produzir utensílios de plástico.
Além das sacolas, o PHB pode ser usado na fabricação de peças injetadas e transformadas, como tampas de frascos, canetas, brinquedos e potes de alimentos ou de cosméticos. Também pode ser aplicado na extrusão de chapas e de fibras para atender a indústria automobilística. Serve ainda para a produção de espumas que substituem o isopor.
A informação é que enquanto os plásticos tradicionais levam mais de cem anos para se degradar, os produtos feitos com PHB se decompõem em 12 meses e liberam apenas água e dióxido de carbono. Além disso, o preço é compatível com o de mercado.