Sexta, 17 Mai 2024

Encontro em Vitória discute impactos da instalação do porto da Manabi

Encontro em Vitória discute impactos da instalação do porto da Manabi
Os danos ambientais e sociais que serão provocados com a construção do mineroduto e do Porto Norte Capixaba (PNC), empreendimento de caráter exportador da empresa brasileira Manabi S/A, serão tema de um bate-papo nesta terça-feira (22), às 20h, na loja Praia, na Rua do Canal, em Jardim da Penha. Participará do debate o oceanógrafo Eric Mazzei, da ONG Voz da Natureza, que acompanha a chegada do empreendimento em Linhares, norte do Estado.
 
O superporto de minério tem seu projeto previsto para Degredo e provocará danos ambientais e sociais irreversíveis ao pequeno vilarejo e ainda a Regência, por sua proximidade ao empreendimento. Além disso, a prática de surf no local será diretamente impactada, uma vez que o porto devastará uma grande extensão de praias. Regência é conhecida como um dos principais locais para a prática do esporte no País. 
 
A Manabi, empresa brasileira de mineração e logística, pretende extrair minério de ferro na região do Morro do Pilar, em Minas Gerais, e transportá-lo por meio do mineroduto até o superporto, gerido pela subsidiária Manabi Logística, que deverá exportar a matéria-prima extraída. Além do mineroduto, que no Estado cortaria os municípios de Marilândia, Colatina, Baixo Guandu e Linhares, a população se tornaria refém do PNC. 
 
A organização do bate-papo visa promover o debate sobre os impactos que o empreendimento pode causar ao local, como afirma Hugo Verçosa, proprietário da loja. De acordo com Hugo, a discussão também abordará os prejuízos que atingirão os surfistas, já que a loja tem foco nesse público e Regência é amplamente frequentada pelos praticantes do surf. Entretanto, a principal ideia é de que não só os adeptos da prática, mas também a população em geral passem a ter conhecimento dos problemas ambientais e sociais provocados pela instalação do porto.
 
O oceanógrafo Eric Mazzei participou da audiência pública realizada em fevereiro deste ano sobre o empreendimento e, na ocasião, apontou que a construção do superporto da Manabi atrairá mais de mil trabalhadores para a região, uma população muito maior que a do vilarejo, situação que criará um grave problema social devido às demandas dessa nova população. Mazzei considerou que houve falhas no embasamento técnico do projeto, que demonstrou ser totalmente insustentável e dispensável para a região.
 
Além disso, para o oceanógrafo, a alternativa para despoluição da água que sai do mineroduto e é novamente lançada ao mar é rudimentar e fatalmente formará um passivo ambiental semelhante ao que existe na Ponta de Tubarão, formado por pelotas e pó de minério despejados pela Vale na década de 1970. 
 
A comunidade local também se mostra contrária ao empreendimento. A Associação dos Pescadores da Barra do Riacho e da Barra do Sahy já declarou, reiteradas vezes, que é contra a implantação do empreendimento no local, pois inviabilizaria completamente a pesca na região, impactando cerca de 400 famílias que dependem da atividade. Além disso, a ocupação litorânea pode prejudicar um trabalho de preservação das tartarugas-gigantes, realizado pelo Projeto Tamar há mais de 30 anos e que somente agora começa a dar resultados. A coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) também declarou que é contra a construção do porto.
 
Os danos do terminal são constantemente comparados à poluição e aos danos ambientais gerados pelos portos da Vale e da ArcelorMittal na Ponta de Tubarão, entre Serra e Vitória. Na mesma audiência pública sobre o empreendimento, o prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros (PCdoB), se declarou contrário ao empreendimento. Posteriormente, a prefeita Darcira de Souza Pereira (PT), da cidade de Açucena, em Minas Gerais, revogou a anuência para o mineroduto da empresa ao conhecer a realidade de exclusão social das cidades mineiras para as quais o mineroduto está projetado.



O licenciamento ambiental do empreendimento Manabi é de competência do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

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