Quinta, 25 Abril 2024

ES contrasta boa cobertura de coleta de esgoto e alta presença de venenos na água

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De um lado, uma boa cobertura do serviço de coleta de esgoto, uma das melhores do país, e a consequente baixa ocorrência de internações hospitalares por doenças provocadas pela falta de saneamento básico. Do outro, o uso intensivo de agrotóxicos e a elevada presença de resíduos de pesticidas na água captada para consumo, uma das maiores do país.

Esse contraste é um dos aspectos que chama atenção na observação dos dados sobre o Espírito Santo constantes no Atlas de Saneamento – Abastecimento de Água e Esgoto Sanitário, lançado nesta quarta-feira (24) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A obra faz uma "leitura territorial" dos dados da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2017 (PNSB) e outras fontes, e mostra que o saneamento básico melhorou em todas as regiões do país, mas diferenças regionais ainda são grandes.

O aspecto positivo é que o Espírito Santo segue o comportamento médio da região Sudeste na maioria dos dados referentes à cobertura de tratamento de água e esgoto, apresentando os melhores indicadores do país. Mas destoa no tocante aos agrotóxicos.

No mapa, é possível observar que o Espírito Santo concentra uma quantidade de círculos verdes, representando a presença de resíduos de agrotóxicos na água captada superficialmente, semelhante ao de Minas Gerais, porém, concentrada em uma extensão territorial muito menor que a do estado vizinho. É possível contar cerca de 30 pontos no Espírito Santo, num total de 125 marcados em todo o país.

O mesmo mapa informa também o percentual de estabelecimentos rurais que fizeram uso de agrotóxicos em relação ao número total de estabelecimentos. Nesse aspecto, o Espírito Santo tem uma presença bem menos acentuada.

A classificação mais grave (vermelho escuro), referente a 75%, aparece apenas em uma mancha ao norte do Rio Doce, envolvendo parte ou a totalidade de municípios como Marilândia, Linhares, Rio Bananal, Colatina, Via Valério, São Gabriel da Palha e Jaguaré. Ocorrendo outras manchas também em Ibiraçu (região do Rio Doce); em São Roque do Canaã e Itarana (central serrana); e em Castelo (central sul). Um pequeno grupo num universo de 690 observado no país.

Cobertura de esgoto

Entre os aspectos positivos de destaque do Estado, está a cobertura de coleta de esgoto. "Entre as Unidades da Federação, apenas São Paulo, Espírito Santo e Distrito Federal possuíam a totalidade dos municípios providos de rede coletora de esgoto em funcionamento ou em implantação em 2017", destaca o IBGE, citando, em contraposição, que os estados com proporções de municípios sem acesso à rede coletora superior a 80% estavam nas regiões Norte e Nordeste: Maranhão (93,1%), Amazonas (87,1%), Pará (86,8%), Acre (86,4%), Tocantins (85,6%), Piauí (83,5%) e Rondônia (80,8%). O mapa mostra, portanto, o Espírito Santo sem nenhum círculo preto, que indica os municípios sem esgotamento sanitário.

Crescimento da população

O mesmo mapa traz a evolução da população por município e estado. Em âmbito nacional, o decênio 2010-2020 apresentou crescimento da população residente no país a uma taxa de 11% ou 21 milhões a mais de habitantes. O aumento foi puxado principalmente pelas regiões Norte e Centro-Oeste, que, embora ainda sejam as menos populosas, foram as únicas que apresentaram crescimento relativo acima da média nacional, em taxas de 17,7% e 17,4%, respectivamente, com destaque para o Acre (21,9%) e o Amazonas (20,8%).

No Espírito Santo, o aumento de população pode ser observado em uma faixa territorial que vai aproximadamente da sede de Conceição da Barra, no norte, até Anchieta, no sul, sendo mais intensa e larga entre Linhares e São Mateus.

Caminhando para oeste, o crescimento populacional registrado é menos intenso, passando para a cor amarela. A cor azul vai se tornando predominante à medida que se avança em direção à divisa com Minas Gerais e também no extremo sul, já no limite com o Rio de Janeiro, indicando os municípios onde não houve alteração positiva no número de habitantes.

Doenças por falta de saneamento

Outro aspecto positivo importante do Espírito Santo no Atlas é a ocorrência de Doenças Relacionadas ao Saneamento Ambiental Inadequado (DRSAI). O mapa apresenta a taxa bruta acumulada de internações por DRSAI no período de 2008 a 2019. "Apesar da tendência de queda da incidência de internações por diarreia no período em todo o Brasil, alguns municípios ainda apresentam taxas elevadas, sobretudo nas Regiões Norte e Nordeste, mas também em áreas mais afastadas dos grandes centros urbanos nas demais Grandes Regiões", pontua o IBGE.

No Espírito Santo, os municípios mais críticos estão no extremo norte – Pedro Canário, Mucurici e Boa Esperança – que receberam a segunda mais grave classificação do mapa, relacionada a uma taxa de 150 a 300 internações por cada mil habitantes. Os três capixabas se somam a um conjunto de 219 municípios brasileiros nessas condições.

Ao redor deles, com a terceira classificação mais grave do mapa (50 a 150 internações por mil habitantes), estão: Nova Venécia, Pinheiros, Montanha, Ponto Belo e Ecoporanga, no norte e noroeste; Baixo Guandu (centro-oeste); Ibatiba, Iúna e São José do Calçado (Caparaó), e Iconha (Litoral Sul), que integram um grupo de 1.110 municípios com essa taxa.

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