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Espírito Santo ganha dois novos assentamentos do MST

Um é o Virgínia Xavier, no sul do Estado. O outro, o Roda d’Água, no noroeste

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) conquistou, neste mês, dois novos assentamentos. O Virgínia Xavier, localizado na antiga fazenda São João do Repouso Alto, em São José do Calçado, no sul do Estado, vai abrigar 12 famílias. O Roda d’Água, em Barra de São Francisco, no noroeste, contará com 32.

O assentamento Roda d’Água foi criado a partir da desapropriação da Fazenda da Mata. Foto: Incra

O Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) esteve no assentamento Virgínia nessas terça e quarta-feiras (21 e 22) para o ato de criação. Na ocasião houve o sorteio e medição dos lotes. A integrante da coordenação estadual do MST, Neuci Sanches da Rocha, afirma que as famílias assentadas no Virgínia estão na luta pela terra desde 2002, quando criaram um acampamento no município de Guaçuí.

Essas famílias, recorda, chegaram a ser assentadas durante seis meses, no ano de 2007, na Fazenda Lambari, no mesmo município, mas despejadas de suas terras. Posteriormente, foram rumo a São José do Calçado, onde foi criado o acampamento Florestan Fernandes. As famílias ficaram ali por nove anos, mas segundo Neuci, com a demora, muitas haviam desistido. Contudo, retornaram diante da possibilidade de o local se tornar um assentamento.

O nome do assentamento é em homenagem a uma senhora do município de Castelo, que no ano 2000 abrigou cerca de 250 famílias do MST em sua propriedade e deu alimento a elas após terem sido expulsas de um acampamento pelas forças policiais. De acordo com Neuci, dessas 250 famílias, 34 se encontram hoje no assentamento Florestan Fernandes, em Guaçuí, e 28 no Teixeirinha, em Apiacá. “Isso nos faz ter noção de como é a morosidade do Governo Federal e do Incra. As pessoas cansam de esperar, não aguentam ficar anos debaixo de uma barraca de lona. Por isso, das 250 famílias, sobraram somente 62”, ressalta.

O assentamento Roda d’Água foi criado a partir da desapropriação da Fazenda da Mata, com 468 hectares. As famílias receberão os lotes na próxima quarta-feira (29). A desapropriação da área foi em 2006. As inscrições somaram 189 pessoas em disputa das 31 vagas disponíveis, que depois aumentaram para 32 após revisão da capacidade ocupacional do assentamento pelos técnicos do Incra.

A superintendente do Instituto no Espírito Santo, Penha Lopes, informa que em ambos os assentamentos os trabalhadores receberão serviço de assistência técnica para serem instruídos quanto ao tipo de produção que deve ser feita no local, além de poder acessar políticas de crédito do Incra, como o Fomento à Mulher, Fomento Jovem e o Crédito Instalação. Este último tem como objetivo proporcionar a construção das casas. Para isso, o Incra tem parceria com o Governo do Estado e outras entidades, como a Organização Não Governamental Onze8, formada por arquitetos que atuam no ramo da moradia popular. A parceria é para elaboração do projeto das casas e fiscalização da construção.

Tanto a criação do Roda d’Água quanto do Virgínia foram anunciadas em março deste ano em um evento do programa de reforma agrária Terra da Gente, do Governo Federal, no qual foram entregues 12,2 mil novos lotes para agricultores sem terra, em 138 assentamentos, distribuídos por 24 estados brasileiros. A criação do assentamento Índio Galdino, em Aracruz, no norte, também foi anunciada, mas segundo Penha Lopes, o processo de compra da propriedade ainda não foi finalizado.

O MST tem se mobilizado para que outros acampamentos se tornem assentamento, como o Resistência, em São José do Calçado. Ele surgiu em agosto de 2024, em uma área de 121 hectares pertencente ao Governo do Estado. O Movimento já havia ocupado a área em 2001, mas como foi cedida para o Centro de Ciências Agrárias e Engenharias da Universidade Federal do Espírito Santo (Caufes), as famílias saíram do local. 

No novo processo de ocupação, a propriedade não estava mais sendo utilizada para atividades de ensino, pesquisa e extensão da instituição de ensino, que a havia devolvido para o Governo do Estado. De acordo com Penha Lopes, o Incra está em diálogo com a gestão estadual para operacionalizar o processo de doação não somente da propriedade de São José do Calçado, mas também em um assentamento na comunidade de Palhal, em Linhares, norte do Estado.

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