Sexta, 17 Mai 2024

Governo comemora aumento nas exportações do agronegócio

Governo comemora aumento nas exportações do agronegócio
O governo do Estado divulgou nesta quarta-feira (16) que o valor e o volume de exportações do agronegócio capixaba no primeiro semestre de 2014 registraram acréscimos de 9,7% e 5,6%, respectivamente, se comparados ao mesmo período do ano passado. A receita cambial entre janeiro e junho foi de US$ 940,3 milhões, o equivalente a mais de 1,3 milhão de toneladas comercializadas para o exterior. A celulose lidera o ranking na geração de lucro e no volume comercializado no exterior. O produto é responsável pela exorbitante parte de 57,56% das exportações, enquanto o segundo colocado na tabela, café e derivados, seguem com a parcela de 31,76%, e a terceira colocada, a pimenta do reino, tem 4,08%.
 
A análise a respeito da produção do agronegócio sempre toma os valores financeiros da exportação como parâmetro de sucesso, sem comparar o que fica para o abastecimento do mercado interno, como registra Valmir Noventa, da coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Via Campesina. A produção que abastece as feiras livres, os supermercados, o comércio local e as Centrais de Abastecimento do Espírito Santo (Ceasa/ES), que são essencialmente mantidas pela agricultura familiar camponesa, e não pelo agronegócio, ao contrário do que se propagandeia, sequer é contabilizada pelo governo.
 
A agricultura familiar produz alimentos de forma saudável, abastecendo o mercado interno sem que sejam necessários o uso de agrotóxicos, grandes extensões de terra, maquinários agrícolas, monoculturas ou sementes transgênicas para o aumento na produção, ao contrário do que faz o agronegócio, um modelo que faz amplo uso de venenos, maquinário agrícola e monocultivos intensivos, visando apenas ao lucro e às exportações, o que transforma os investimentos públicos, que supostamente seriam para suprir o déficit alimentar da população, em capital privado.
 
Sem fazer pesquisas sobre o abastecimento interno e a produção camponesa, os valores do agronegócio sobressaem, o que, de acordo com Valmir, é uma estratégia para justificar o grande volume de investimentos destinados ao setor.



"No Espírito Santo, apesar da grande tradição da agricultura camponesa, esse modelo de produção sequer aparece em estatísticas e, quando é contabilizado para investimentos, aparece com valores extremamente baixos se comparados ao agronegócio", retrata, acrescentando que a agricultura familiar, além de garantir o abastecimento e a segurança alimentar da população, permite que os recursos investidos permaneçam em circulação no mercado interno, ao contrário do agronegócio, que tem um sistema produtivo essencialmente focado na exportação e na alimentação de mercados externos, sem compromisso com o local de produção.
 
Como lembra Valmir, os benefícios e a produção em solo capixaba vão para o exterior, enquanto por aqui restam os danos irreparáveis. A maioria desses monocultivos, sobretudo no que se refere aos plantios de eucalipto, sobre os quais a Aracruz Celulose (Fibria) tem atuação quase exclusiva, deixa apenas a contaminação de lençóis freáticos, da água e do solo com o uso de agrotóxicos. Além disso, o fato de os plantios serem feitos em monoculturas e sem a preservação da mata nativa provocam a desnutrição do solo e a seca onde são realizados.
 
Uma outra oposição entre o agronegócio e a produção familiar apresentada por Valmir é o fato da geração de emprego e renda no campo, que é significativamente maior na produção camponesa do que no agronegócio. Valmir destaca que a geração de empregos e de condições dignas de vida no campo permitem que as famílias camponesas possam ocupar as zonas rurais, o que diminui a incidência de êxodo e a ocupação desordenada nos grandes centros urbanos.



No Brasil, o último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que os agricultores familiares respondem por 84,4% dos estabelecimentos do país, ocupam 24,3% da área cultivada e empregam 74,4% da mão de obra do setor agropecuário. 
 

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