Quinta, 02 Mai 2024

Indígenas aprovam a implantação de escola de ensino médio e técnico em aldeias do Estado

O governo do Estado divulgou, na última semana, que será criada uma unidade escolar de ensino médio na aldeia de Caieiras Velhas, em Aracruz, norte do Estado. A Escola Estadual Indígena de Ensino Médio Caieiras Velhas será a primeira escola do Espírito Santo a ofertar o ensino médio em uma aldeia e terá a capacidade de atender até 500 alunos em três turnos, nas modalidades de ensino médio regular e Educação de Jovens e Adultos (EJA).

 

Como afirma Paulo Tupinikim, Coordenador Micro Regional da Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), o número de vagas que será aberto com a construção da nova escola é suficiente para atender aos adolescentes das aldeias Areal, Olho D’água, Piraqueaçu, Boa Esperança, Irajá, Três Palmeiras, Pau Brasil e Caieiras. Paulo explica que a previsão do início da construção da nova unidade é para o segundo semestre deste ano. Concomitantemente, as aulas já começarão a ser ministradas em um prédio de uma escola de ensino fundamental, localizado na mesma aldeia e cedido pela Prefeitura do município para que as aulas sejam iniciadas.

 

O currículo da escola, que por ser indígena e rural possui métodos pedagógicos diferentes das escolas urbanas, será amplamente discutido com a comunidade composta pelas diversas aldeias atendidas pela unidade. Manter os adolescentes indígenas nas aldeias, tendo uma educação que respeita e reafirma sua cultura, é fundamental, como retrata Paulo. Segundo ele, os índios que, atualmente, precisam sair das aldeias para dar continuidade aos seus estudos são, muitas vezes, vítimas de preconceito e racismo.



Educadores indígenas serão selecionados para compor a equipe pedagógica a partir de um edital específico, que contemplará uma proposta pedagógica que se assemelhe à realidade das comunidades indígenas do Estado. Segundo o governo, os professores participarão de formações a fim de oferecer subsídios à adequação dos currículos, definição das metodologias e dos processos de avaliação que atendam à Educação Escolar Indígena.



Além disso, como detalha Paulo, há um processo de discussão junto à Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) para que os professores que serão formados e até mesmo os graduandos do futuro curso de Educação Indígena atuem na escola de ensino médio das aldeias. Esse trabalho, que será desenvolvido como um projeto de extensão, já foi aprovado por todos os departamentos relacionados à educação indígena na Ufes.



O funcionamento ou não do curso de Educação Indígena da Ufes aguarda parecer do Ministério da Educação (MEC), a partir da publicação do edital de adesão das universidades brasileiras ao Programa de Apoio à Formação Superior de Professores que Atuam em Escolas Indígenas de Ensino Básico (Prolind), que acontecerá no próximo mês de abril.

 

O curso de licenciatura em Educação Indígena será focado na formação dos próprios índios que já atuam ou querem atuar nas escolas das aldeias de Aracruz e a previsão é de que, em um prazo de cinco anos, o mesmo seja implantado nas aldeias, na Base Oceanográfica da Ufes e no campus de Goiabeiras.



Esse curso é uma reivindicação antiga dos indígenas, que já tramitava internamente na universidade desde junho do ano passado. O curso nasceu a partir do terceiro projeto desenvolvido pelos próprios indígenas e apresentado à Ufes. Os anteriores foram recusados.  



A escola de Caieiras Velhas está dentro da proposta do fortalecimento da Educação no Campo, que compõe o Mapa Estratégico da Secretaria de Estado da Educação (Sedu).

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