Terça, 30 Abril 2024

Índios recusam proposta da Vale e seguem com ocupação à ferrovia

A Vale propôs, nesta terça-feira (25), que os índios das aldeias de Comboios e Córrego do Ouro, em Aracruz, norte do Estado, que estão em mobilização há uma semana, desocupem a estrada de ferro por oito dias, para que os trilhos possam ser reparados e os trens carregados de minério voltem a circular pela ferrovia. No final desse prazo, a empresa marcaria uma reunião com a comunidade, para acertar a indenização devida às aldeias. A proposta, no entanto, foi recusada pelos índios, que cogitam liberar os trilhos para reparos, mas não autorizam a passagem dos trens da mineradora.



Para o  coordenador da Comissão dos Caciques Tupinikim e Guarani, José Sezenando, a Vale está impondo muitas regras à comunidade indígena. "Se a mineradora quiser promover um acordo, terá que abdicar de diversos privilégios e não impor condições ao funcionamento de sua estrutura, situada dentro das terras definidas de posse dos indígenas por lei", ressaltou.



Os índios também denunciam que a Vale tem intimidado as aldeias com o sobrevoo de helicópteros e a ameaça de uso de força policial para liberar a ferrovia. Segundo o cacique Antônio Carlos, de Comboios, a senadora Ana Rita (PT) está ciente da situação e garantiu intervir para evitar que a situação se agrave, em conversa com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.



Após um fim de semana sem protestos, diante de uma aparente abertura de diálogo com a Vale, os índios voltaram a ocupar a ferrovia que corta as aldeias na manhã dessa segunda-feira (24). A mineradora já adiou dois encontros para discutir a questão da indenização, o primeiro por telefone, e o outro por meio do procurador da República responsável pelo caso, Almir Sanches. O primeiro deles, marcado para a última segunda-feira (17), era para definir a forma de pagamento, pela empresa, de R$ 19 milhões como compensação por explorar há mais de 30 anos as terras indígenas. Os índios exigem o dinheiro para que seja utilizado na principal demanda dos índios hoje, que é o desenvolvimento de projetos de agricultura que garantam a subsistência das aldeias. Sem apoio do poder público e com os impactos gerados por décadas pelos plantios de eucalipto da Aracruz Celulose (Fibria), as famílias indígenas enfrentam dificuldades.

 

Os índios garantem que continuarão em protesto, até que a Vale esteja, de fato, disposta ao diálogo. Eles reforçam que as terras por onde passam os trilhos pertencem aos povos indígenas por direito, inclusive definido em demarcações. Diante do descaso da Vale, exigem que a estrada de ferro seja retirada de dentro do território tradicional.





 



 

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