Quinta, 25 Abril 2024

Kléber Galvêas lança mais um quadro pintado com pó de minério

kleber_galveas_mascara_divulgacao Divulgação

Nem mesmo o quintal repleto de vegetação consegue conter a chegada do pó preto oriundo das indústrias da Vale e ArcelorMittal, localizados mais de 30 quilômetros distantes do ateliê do artista plástico Kléber Galvêas na Barra do Jucu, Vila Velha. Nessa quarta-feira (6),  ele cumpriu mais uma etapa de sua tradicional arte-protesto A Vale, a Vaca e a Pena, que acontece há 24 anos.

Depois de 50 dias de exposição de uma tela branca ao ar livre, ele realizou a pintura do quadro anual da série, utilizando seu dedo e o pó preto acumulado sobre a tela. O tema não poderia ser outro: o novo coronavírus. O desenho, cuja feitura foi registrada em vídeo por seu neto, mostra um homem usando máscara com o dito "Pó Preto". Lembrando do momento atual de preocupação e cuidado com a proteção das vias respiratórias, Kléber tenta chamar atenção para lembrar de que o problema do pó preto já atormenta o cotidiano da Grande Vitória há 50 anos.

O artista também gravou outro vídeo com uma sugestão de teste para seus seguidores. Com uma folha de papel, um imã e o pó acumulado em alguma lugar de casa, podem testar para comprovar que esse pó é realmente composto por metal (o link para baixar o vídeo está no final da matéria).

Na tradição anual, Kléber Galvêas coloca o quadro em exposição ao ar livre a partir do dia 17 de março, que este ano coincidentemente foi o dia em que se anunciou a primeira morte por Covid-19 no Brasil e, também, quando teve início o isolamento social no Espírito Santo. A cada 6 de maio ele apresenta uma nova obra feita com o pó de minério acumulado, sempre relacionada com algum tema em evidência no momento.

A ideia surgiu na época em que se preparava a privatização da Vale, cujo leilão havia sido marcado para o dia 6 de maio de 1997. A expectativa do pintor era de que com a privatização aumentasse a fiscalização e a poluição diminuísse, mas não foi o que ocorreu, justificando a continuidade do projeto em protesto, que persiste até hoje, apesar dos inúmeros anúncios de investimentos que prometem reduzir os resíduos das indústrias.

Kléber se preocupa com o fato de, pela exposição contínua e acumulada ao pó preto, muitos capixabas possuem um sistema respiratório debilitado, o que pode se tornar um agravante em caso de contágio com a Covid-19. 

Seria de se comemorar se Kléber Galvêas tivesse que decretar o fim do projeto A Vale, a Vaca e a Pena por falta de matéria-prima para pintar seus quadros. Mas no que depender dos empresários e autoridades, tudo indica que a tarefa quixotesca do artista ainda deve persistir.

Nome do Arquivo: Vídeo de experiência com Pó Preto - Kléber Galvêas
Tamanho do Arquivo: 9.2 mb
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Comentários: 2

Kleber Galvêas em Quinta, 07 Mai 2020 17:56

Parabéns Vitor e ao Jornal Século Diário. Você foi o único jornalista a abordar esse tema delicado de Saúde Pública, que por interesses escusos é ignorado pelos outros veículos de comunicação, dependentes da propaganda paga e onipresente, das empresas poluidoras do nosso ambiente. A ética no jornalismo, imprescindível, foi descartada em favor do departamento financeiro das empresas de notícias, o que configura perigosa imoralidade. Pintor Kleber Galvêas

Parabéns Vitor e ao Jornal Século Diário. Você foi o único jornalista a abordar esse tema delicado de Saúde Pública, que por interesses escusos é ignorado pelos outros veículos de comunicação, dependentes da propaganda paga e onipresente, das empresas poluidoras do nosso ambiente. A ética no jornalismo, imprescindível, foi descartada em favor do departamento financeiro das empresas de notícias, o que configura perigosa imoralidade. Pintor Kleber Galvêas
Augusto Bonadiman Galvêa em Sábado, 09 Mai 2020 09:19

Parabéns ao artista que desenvolve bravamente este projeto a décadas e ao Século Diário por veicular estas relevantes informações, neste estado onde todos parecem se calar diante do poder do $.
É incrível pensar que com tantos ambientalistas, tantos políticos que se dizem "engajados" na causa ambiental, quem bate de frente e coloca o dedo na ferida, mesmo que como David e Golias, seja um artísta.

Parabéns ao artista que desenvolve bravamente este projeto a décadas e ao Século Diário por veicular estas relevantes informações, neste estado onde todos parecem se calar diante do poder do $. É incrível pensar que com tantos ambientalistas, tantos políticos que se dizem "engajados" na causa ambiental, quem bate de frente e coloca o dedo na ferida, mesmo que como David e Golias, seja um artísta.
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Sexta, 26 Abril 2024

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