Sexta, 03 Mai 2024

'Lavagem verde': Vale é a 49ª empresa mais sustentável do mundo

'Lavagem verde': Vale é a 49ª empresa mais sustentável do mundo
Espaço publicitário disfarçado de jornalismo, no site de notícias G1, classificou a Vale como a 49ª empresa mais sustentável do mundo, "com base em indicadores como uso de energia, emissões de CO2, inovação e saúde e segurança". Eraylton Moreschi, presidente da entidade SOS Espírito Santo Ambiental, referência na luta contra as poluidoras e a negligência ambiental dos órgãos públicos, só tem um questionamento sobre o fato: Por que a mineradora não reduz logo suas emissões, ao invés de fazer jogo de cena? A empresa é a principal responsável pela poluição do ar na Grande Vitória, seguida pela ArcelorMittal Tubarão.
 
A pesquisa foi realizada pela Corporate Knights, empresa canadense especializada em sustentabilidade, e publicada na 9ª edição da Global 100, lista com as cem empresas mais sustentáveis do mundo. Mas, certamente, não levou em consideração as condições de trabalho e de vida da população dos arredores das instalações da mineradora no Brasil. 
 
Basta um olhar por Vitória, Capital do Estado, para saber que os quesitos ambientais mal são cumpridos. Os moradores da Grande Vitória convivem diariamente com a poluição e sujeira provocada pelo pó preto em suas casas, sem contar os altos índices de crises alérgicas e doenças do aparelho respiratório, como asma e bronquite, que afetam principalmente a crianças e idosos.
 
Além da Vale, no ranking estão a Natura, Cemig e Banco do Brasil. A publicação informa que foram avaliadas quatro mil empresas de médio e grande porte no mundo. "A preocupação com desenvolvimento sustentável é um dos pilares da missão da Vale", diz a matéria paga. 
 
Na mesma semana, ambientalistas ingleses entraram em campanha contra o Museu Britânico de História Natural, devido à origem do dinheiro que financiou a mostra Gênesis, do fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado. A ONG Amazon Watch critica o financiamento da Vale por "lavagem verde". A exposição retrata a "majestade da natureza e o equilíbrio das relações dos humanos com nosso frágil planeta", o que se contradiz à atuação da patrocinadora Vale, considerado por ecologistas ingleses como inimigo número um do ambiente. A fama veio do envolvimento da Vale nas obras de Belo Monte. 
 
No ano passado, a mineradora foi eleita a pior corporação do mundo no Public Eye Awards, conhecido como o “Oscar da Vergonha", em função de problemas ambientais, sociais e trabalhistas. Quase 89 mil internautas de todo o mundo votaram nas seis piores corporações globais. A Vale recebeu 25.041 votos, seguida pela Tepco, operadora da usina nuclear de Fukushima, com 24.245, e a Samsung, com 19.014 votos.
 
A indicação ao prêmio foi feita pela Articulação Internacional dos Atingidos pela Vale (International Network of People Affected by Vale), representada pela organização brasileira 
Rede Justiça nos Trilhos, e as ONGs Amazon Watch e International Rivers, parceiras do Movimento Xingu Vivo para Sempre.
 
Fora do Brasil, a empresa acaba de divulgar que vai trabalhar para uma redução de 85% nas emissões de dióxido de enxofre e para uma redução significativa na emissão de metais e partículas na cidade de Sudbury, em Ontário, no Canadá. A previsão de conclusão do projeto é o ano de 2016.
 
“Em países sérios, se fala em redução de valores percentuais. Em países do tipo ‘me engana que eu gosto’, falam em investimentos financeiros, como os milhões que foram 
gastos nas telas wind fences e, mesmo assim, não adiantaram de nada”, conclui Moreschi.

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