Sábado, 27 Abril 2024

Luiz Durão indica gerente da Manabi para uso da tribuna popular da Ales

Luiz Durão indica gerente da Manabi para uso da tribuna popular da Ales
O deputado Luiz Durão (PDT) indicou, nessa terça-feira (11), Romeu Rodrigues, gerente-geral de Pré-operação do porto da Manabi, em Linhares, norte do Estado, a fazer uso da tribuna popular da Assembleia Legislativa (Ales), no dia 10 de março, para falar sobre os investimentos da empresa na região.
 
Os ditos investimentos se contrapõem à devastação ambiental e social que será provocada no vilarejo de Degredo, próximo a Regência, com a instalação do Porto Norte Capixaba (PNC). Na verdade, o preço mais alto será pago pelas populações tradicionais de pescadores, que além de terem sua área de pesca completamente devastada, serão obrigadas a conviver com o avanço do minério na região. 
 
A Associação dos Pescadores da Barra do Riacho e da Barra do Sahy é contra a implantação do empreendimento no local. O presidente, Vicente Buteri,compara os danos que serão causados pelo terminal à poluição e aos danos ambientais gerados pelos portos da Vale e da ArcelorMittal na Ponta de Tubarão, na Praia de Camburi, em Vitória. A prioridade do terminal logístico será o transporte do minério de ferro. Além disso, os empregos que serão gerados no processo de instalação dos portos no norte do Estado não compensam os danos ambientais, como definem os pescadores. O empreendimento também não absorve esses trabalhadores depois.
 
Outro desastre ambiental que o superporto Manabi pode causar é com relação às tartarugas-gigantes ou tartarugas-de-couro. A área de desova, que ocupa 150 quilômetros de planície costeira, localizada entre as regiões de Regência, em Linhares, e Itaúnas, em Conceição da Barra, é a única área regular dessa espécie em todo o litoral brasileiro. A área também está ameaçada pelo porto da Nutripetro. Um trabalho de reprodução das tartarugas-gigantes, que já vem sendo realizado pelo Projeto Tamar há mais de 30 anos na região e só agora está dando resultado, poderá ser completamente inutilizado com a ocupação desordenada do litoral.
 
Durante a última audiência pública sobre o empreendimento, a Manabi chegou a afirmar que seu minério é "diferente" do minério da Vale. Na mesma ocasião, foram denunciadas represálias aos movimentos sociais que são contrários à instalação do porto e que receberam os representantes da companhia aos gritos de "Fora, Manabi".
 
A coordenação estadual do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) declarou que é contra a construção do porto, sobretudo pelos impactos causados. Para o movimento, é perfeitamente possível que haja crescimento econômico sem esse tipo de empreendimento nocivo. O MPA também declarou que a audiência pública não pode ser considerada válida, já que as manifestações contrárias ao projeto foram deixadas por último, sendo que as primeiras foram, todas, de trabalhadores em busca de emprego. Gestores públicos que apoiam o empreendimento também tiveram prioridade na ordem das falas. Além disso, foi denunciado por entidades um corte à fala de grupos ambientalistas de Linhares.
 
O discurso de desenvolvimento de fachada é habitual nas empresas que já se instalaram no Estado prometendo  empregos e progresso, mas gerando concentração de renda, crescimento desordenado da malha urbana e degradação ambiental. O sul do Estado há décadas sofre com essa invasão desenvolvimentista. Exemplos não faltam. Além da Samarco, a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU), também da Vale, que mesmo com inúmeras denúncias de irregularidades, ameaças, favorecimentos e intimidações praticadas pela empresa aos moradores locais e com as denúncias de irregularidades nos estudos feitos pela Cepemar, recebeu Licença Prévia (LP); e a Base de Apoio Logístico Offshore Ltda, da empresa C-Port Brasil, muito parecida com o projeto da Itaoca Offshore, e que também recebeu LP do Consema, em maio de 2013.
 
Mineração
 
O site da campanha Justiça nos Trilhos define que "a mineração é a atividade que mais mata, mutila e enlouquece trabalhadores".Trinta trabalhadores do setor foram a óbito em decorrência de doenças do trabalho em 2013. No ano anterior, a cidade de Itabira, em Minas Gerais,  registrou um caso de suicídio para cada 1,5 mil habitantes. Uma taxa alarmante se comparada à média nacional no mesmo ano, de um caso para cada 25 mil habitantes.
 
 A campanha Justiça nos Trilhos foi criada no final de 2007 por uma coordenação de movimentos, associações e cidadãos em busca de uma "maneira mais eficaz e justa para cobrar da Vale uma justa compensação pelos danos causados ao meio ambiente e à população que vive nas áreas atravessadas pela sua ferrovia".  As informações foram divulgadas no texto sobre o documentário Enquanto o trem não passa, produzido pela Mídia Ninja, que retrata as condições insustentáveis das populações que cresceram ao redor da mineração e de outras tantas que por ela tiveram seus recursos naturais e suas vidas completamente devastadas."O Brasil é o segundo maior exportador de minérios do mundo, e ainda assim não é um país desenvolvido", afirmam.  
 
A mineração, segundo os ativistas, segue desrespeitando populações tradicionais, como indígenas e quilombolas; afrontando o meio ambiente e trabalhando na direção da escassez de água. Em 2012, registram, a mineração foi responsável pelo consumo de 52 bilhões de litros de água, quantidade suficiente para abastecer por dois anos a cidade de Niterói, no Rio de Janeiro.
 
Aqui no Espírito Santo, a situação não é diferente. A Samarco, que atua na região de Anchieta, no litoral sul do Estado, é acusada de se apropriar indevidamente da água do Rio Benevente para uso em sua escala industrial e de despejar metais pesados na Lagoa de Mãe Bá, nas proximidades da empresa.

Veja mais notícias sobre Meio Ambiente.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sábado, 27 Abril 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/