Quinta, 25 Abril 2024

Monocultura pode contribuir para maior vulnerabilidade de ecossistemas, diz estudo

A redução da diversidade de espécies e o cultivo de um único produto agrícola em um território – a monocultura – podem contribuir para que ecossistemas sejam mais suscetíveis a mudanças ambientais súbitas, como incêndios e invasão de pragas. Essa foi a conclusão de um estudo da Universidade de Guelph, no Canadá, publicado no dia 6 deste mês na revista Nature.

 
Segundo os pesquisadores, que estudaram por 10 anos pastagens de seu País, ecossistemas ricos em produtividade mas pobres em diversidade de espécies se mostraram resistentes a variações climáticas anuais. Porém, quando os cientistas introduziram fogo experimentalmente, os ecossistemas entraram em colapso.
 
O grupo destaca a importância da diversidade para amortecer os impactos das perturbações ao meio ambiente. Para os cientistas, agricultores devem priorizar os investimentos em cultivos diversos, em passagens e bosques, para evitar colapsos no ecossistema.
 
Para Andrew MacDougall, professor de botânica, membro do Centro de Pesquisa em Biodiversidade da universidade e um dos autores do estudo, a importância das espécies é maior do que se pensa. “Nós precisamos proteger a biodiversidade”, pede.
 
A área estudada, de dez hectares, consiste em um tipo de pastagem com a presença de poucos carvalhos, que estava há 150 anos sem registrar nenhum incêndio. 
 
Outro dos autores do estudo, o professor Kevin McCann, afirma que a importância da diversidade perdida nos casos da monocultura é percebida quando o ecossistema entra em colapso. “As monoculturas são um ecossistema muito produtivo que, entra ano e sai ano, produzem e parecem estáveis. Mas, de repente, uma grande perturbação acontece e toda a biodiversidade que foi perdida desde o início torna-se importante”, alerta.
 
Monocultura do eucalipto
 
O plantio de eucalipto no Estado foi iniciado em 1967 no município de Aracruz nos territórios indígenas dos povos Tupiniquim e Guarani. Em seguida, a ex-Aracruz expandiu-se para os municípios de Conceição da Barra e São Mateus, no extremo norte do Espírito Santo, atingindo comunidades quilombolas.
 
De acordo com os dados do IBGE de 2008, o plantio de eucalipto ocupa 34,55% da área total do município de Conceição da Barra e 15,68% da área total do município de São Mateus (Censo Agropecuário, 2006, IBGE, 2008).
 
Além do desrespeito ao direito humano, a monocultura do eucalipto, seja através da empresa ou do projeto fomento florestal implantado por ela em pequenas propriedades rurais no Estado, desrespeitam também a legislação ambiental ao plantar próxima às margens de rios; através da utilização excessiva de agrotóxico; pelo uso irrestrito de água – incluindo até desvios de rios para abastecer seus plantios –, e, sobretudo, pelo desmatamento de mais de 50 mil hectares de mata atlântica só na região nos municípios de Conceição da Barra e São Mateus, norte do Estado.
 
Segundo o decreto, o plantio em questão objetiva atender às demandas de matéria-prima para indústrias de papel e celulose, carvão vegetal, compensados, lâminas e painéis reconstituídos.
 
Além do Espírito Santo, as regras estipuladas pelo zoneamento agrícola englobam os estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, além do Distrito Federal.
 
O gênero Eucalyptus é originário da Austrália, pertence à família Myrtaceae, e possui cerca de 600 espécies no mundo. Várias espécies desse gênero são utilizadas em larga escala no estabelecimento de florestas industriais no Brasil, destacando-se: E. grandis, E. saligna, E. camaldulensis, E. urophylla, E. citriodora, E. viminalis, E. dunnii, E. pellita, bem como diversos híbridos. Os Eucalyptus spp são plantas detentoras de eficientes mecanismos evolucionários, que possibilitam seu rápido crescimento em condições favoráveis, e que suportam diferentes graus de estresse hídrico.

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