Moradores de Conceição da Barra aguardam posição do governo sobre erosão em Guaxindiba
Os moradores de Conceição da Barra (litoral norte capixaba) aguardam uma resposta do governo do Estado a respeito das obras de contenção do avanço do mar na praia de Guaxindiba. A pedido do governador Renato Casagrande, a prefeitura do município publicou, no último dia 13, um decreto de Situação de Emergência, válido por 180 dias, para a contratação de serviços em caráter emergencial. Entretanto, dez dias depois, a população ainda não recebeu um retorno sobre o início das intervenções, como informou a vereadora Nildécia Vieira de Oliveira, mais conhecida como Nega (PDT), que acompanha a discussão no município.
No último dia 30 de maio, em reunião com o prefeito Jorge Donati (PSDB) e os moradores do município, o governador solicitou a publicação do decreto para que as devidas providências pudessem ser adotadas. Na ocasião, a comunidade entregou ao prefeito e a Casagrande um abaixo-assinado com mais de 1.300 pessoas, solicitando que fossem tomadas providências para impedir a degradação em Guaxindiba. O governador também havia informado aos moradores, no encontro, que um projeto definitivo para a contenção do mar na Praia de Guaxindiba estaria em elaboração, com previsão de apresentação do mesmo em agosto deste ano.
A situação no balneário é preocupante, sobretudo para os donos de pousadas e comerciantes locais, que já perderam partes de suas propriedades e sofrem constantemente com a invasão da água do mar. Segundo Mário Dias Junior, proprietário de uma pousada no local, desde 2011 o mar avançou 69 metros, sendo que 44 metros eram de vegetação de restinga e outros 25 de areia seca, que não era atingida pela maré até então.
Entre os donos de pousadas na região, é comum encontrar aqueles que já tentaram proteger suas propriedades com sacos de areia, pedras e novas construções, que muitas vezes são novamente atingidas pelo mar. O município tem o turismo como uma de suas principais atividades econômicas.
Entre os donos de pousadas na região, é comum encontrar aqueles que já tentaram proteger suas propriedades com sacos de areia, pedras e novas construções, que muitas vezes são novamente atingidas pelo mar. O município tem o turismo como uma de suas principais atividades econômicas.
O processo erosivo na Guaxindiba começou em 2011, quando a vegetação à beira-mar começou a ser destruída meses após a construção da obra de contenção do bairro Bugia. Lá, foram construídos cinco quebra-mares e um espigão, também conhecido como esporão, uma estrutura que modifica o fluxo das correntes marítimas. Esses teriam a intenção de justamente conter a devastação registrada por cerca de 20 anos no bairro. Em 2006, o bairro Bugia chegou a ter 80% do seu território destruído pela erosão. Entretanto, em 2011, a força do mar destruiu parte da obra da Bugia e, pela primeira vez, atingiu com gravidade a praia de Guaxindiba, que desde então sofre os efeitos devastadores da corrente marítima.
As estruturas da Bugia foram construídas pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Estado (DER-ES), autarquia vinculada à Secretaria de Estado dos Transportes e Obras Públicas (Setop), e inauguradas em dezembro de 2010 pelo então governador Paulo Hartung (PMDB). O custo total da construção foi de R$ 50 milhões e, de acordo com Mário, as manutenções na estrutura já deveriam ter sido realizadas, mas até então, quatro anos após a entrega das obras, nenhuma ação nesse sentido foi realiza. A corrosão, o sumiço da areia nas laterais e o aparecimento de processos erosivos já eram registrados pelos moradores dois anos após a obra.
Veja mais notícias sobre Meio Ambiente.
Comentários: