Sexta, 29 Março 2024

MST entrega carta a Dilma criticando estagnação da reforma agrária

MST entrega carta a Dilma criticando estagnação da reforma agrária

No início do mês, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) mais uma vez fez duras cobranças ao governo federal sobre a reforma agrária. Os dirigentes do movimento entregaram uma carta  à presidente Dilma Rousseff quando ela visitava o assentamento Dorcelina Folador, no município de Arapongas, no Estado do Paraná.

 
No texto, é exigido um número maior de desapropriações e a retomada da pauta de reforma agrária no Brasil.
 
O governo Dilma é o que menos desapropriou imóveis rurais desde Fernando Henrique Cardoso. Os números assustam: menos de 44 mil famílias foram assentadas na primeira metade do mandato da petista e apenas 86 imóveis rurais foram destinadas a assentamentos. No Espírito Santo, o quadro acompanha o nacional, com menos de 50 famílias assentadas desde 2011.
 
A carta do MST tem 10 pontos, entre propostas e cobranças de medidas e políticas do governo federal, em que o movimento afirma que “o governo precisa retomar a política de criação de assentamentos e fazer a Reforma Agrária. Muito pouco tem sido feito para democratizar a terra”.
 
Além disso, o movimento cobra um plano emergencial para assentar, por meio de desapropriação de latifúndios em todo o país, as famílias que hoje vivem acampadas, em situação de extrema pobreza.
 
Leia abaixo a carta na íntegra, publicada originalmente na Página do MST:
 
CARTA DA DIREÇÃO NACIONAL DO MST À PRESIDENTA DILMA ROUSSEFF
 
Arapongas/Paraná, 4 de fevereiro de 2013
 
Excelentíssima presidenta Dilma Rousseff,
 
A sua visita ao assentamento Dorcelina Folador, no município de Arapongas, na região de Londrina (PR), para a inauguração da agroindústria da Cooperativa de Comercialização e Reforma Agrária União Camponesa (Copran), é um reconhecimento da necessidade, importância e potencial da Reforma Agrária.
 
Os trabalhadores rurais estão fazendo muito pelo nosso país e podem fazer muito mais. Estamos muito longe do nosso potencial, que demanda uma ação forte, ampla e eficiente do Estado.
 
Em primeiro lugar, o governo precisa retomar a política de criação de assentamentos e fazer a Reforma Agrária. Muito pouco tem sido feito para democratizar a terra.
 
Em segundo lugar, os programas do governo para as famílias assentadas são conquistas importantes, no entanto, são muito burocráticos, não têm recursos suficientes tanto para cumprir seus fins como para a universalização.
 
Abaixo, apresentamos alguns pontos fundamentais para desenvolver o meio rural e combater a pobreza, fazendo a Reforma Agrária, agregando valor à produção dos assentados e gerando renda para melhorar a qualidade de vida do trabalhador rural.
 
1-Um programa emergencial para assentar todas as famílias que vivem acampadas, em situação de extrema pobreza, com a desapropriação imediata de latifúndios em todo o país. Só o nosso movimento organiza 90 mil famílias acampadas.
 
2-Garantir assistência técnica pública, programas de pesquisa e tecnologia para agropecuária. Precisamos de uma empresa estatal de máquinas para a agricultura camponesa.
 
3-Política de crédito específica para as famílias assentadas, associada à produção agrícola diversificada e em bases agroecológicas e sem agrotóxicos e transgênicos, para promover uma agricultura sustentável. O Pronaf não atende as necessidades dos trabalhadores assentados.
 
4-Desenvolver políticas públicas para a cooperação agrícola, como mutirões, formas tradicionais de organização comunitária, associações e cooperativas, para aumentar a escala da produção.
 
5-Garantir a implementação de agroindústrias na forma cooperativa, sob controle dos agricultores e dos trabalhadores, para beneficiar os alimentos, agregar valor à produção e gerar renda, garantindo a oportunidades de trabalho para a juventude no meio rural.
 
6-Universalizar as políticas públicas de compra da produção de alimentos, de qualidade e saudáveis para atender a demanda dos municípios próximos dos assentamentos e as compras governamentais, para escolas e hospitais, fortalecendo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e os programas PNAE e PAA.
 
7-Universalizar o acesso à educação escolar de qualidade em todos os níveis, da creche à universidade e ensino técnico, com a construção e manutenção de escolas públicas e gratuitas, para aumentar o nível educacional dos assentados. Promover mutirão para erradicar o analfabetismo da população adulta.
 
8-Garantir a implementação do programa Minha Casa Minha Vida Rural, conforme sua determinação em abril de 2001 e até hoje não normatizada, para viabilizar a construção de moradias adequadas à cultura do meio rural.
 
9-Assentar as famílias sem-terra nos perímetros irrigados na região Nordeste, que serão beneficiadas com terra e acesso a água. Garantir abastecimento permanente de água potável nas comunidades rurais.
 
10-Fortalecer e universalizar o programa nacional para o desenvolvimento de técnicas de produção com base na agroecologia. Implementar um amplo programa de reflorestamento, para todas as áreas de Reforma Agrária, sob coordenação das mulheres, para recuperar as áreas degradadas e fontes de água destruídas pelo latifúndio.
 
DIREÇÃO NACIONAL DO MST

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