Terça, 30 Abril 2024

No quarto dia de protestos, índios reocupam ferrovia da Vale que corta aldeias de Aracruz

No quarto dia de protestos, índios reocupam ferrovia da Vale que corta aldeias de Aracruz

Com o término da validade do mandado de reintegração de posse da Vale aos índios que ocupam a estrada de ferro que corta as aldeias Comboios e Córrego do Ouro, em Aracruz, norte do Estado, a ocupação na estrada de ferro da mineradora foi novamente retomada. O mandado foi enviado na tarde dessa quinta-feira (20) e venceu às 7 horas desta sexta-feira (21).



O coordenador da Comissão dos Caciques Tupinikim e Guarani, José Sezenando, afirmou que as aldeias estão abertas ao diálogo com a empresa. Alguns trechos da ferrovia que cortam a aldeia já estão sendo desmontados pelos índios, que vão solicitar judicialmente que a estrada de ferro da Vale seja retirada de suas terras.



A mobilização foi iniciada nessa terça-feira (18), após a Vale cancelar, por um telefonema feito da cidade de São Paulo, sua participação em uma reunião que aconteceria no mesmo dia com os índios, o Ministério Público Federal (MPF) e as instâncias estadual e federal da Fundação Nacional do Índio (Funai), que deslocou funcionários de Minas Gerais para participar do encontro. Nesta reunião, seria firmado um acordo no qual a Vale destinaria R$ 19 milhões ao Plantar, projeto de agricultura desenvolvido pelos índios, como forma de compensação por explorar há mais de 30 anos as terras indígenas.



Os índios garantem que os protestos não vão terminar enquanto a Vale não atender aos anseios das famílias que moram nas aldeias. Na tarde dessa quarta-feira (19), a rodovia ES 010, no trecho que passa pelas aldeias, também havia sido interditada pelos índios, mas foi desocupada no começo da noite. Desde a terça, os índios também realizavam um acampamento nos trilhos da estrada de ferro, que foi paralisado com o recebimento do mandado de reintegração de posse da Vale, mas retomado nesta sexta.



No dia 18 de janeiro foi feita uma reunião entre o MPF, a Funai, a Vale e as lideranças e povo indígena, quando foi definido o valor da indenização, com base na agricultura desenvolvida pelos índios das duas aldeias atingidas pela ferrovia. A Vale havia se comprometido a apresentar nessa segunda proposta para o pagamento da indenização.



Ao invés disso, a poluidora não apresentou um projeto e apenas avisou por um telefonema que não compareceria à reunião, apresentando uma contra-proposta de R$ 400 mil, por meio de uma mensagem de texto de celular (SMS). Os índios afirmam que esse valor é insuficiente a todo o trabalho que deverá ser feito nas aldeias para manutenção e recuperação dos plantios tradicionais indígenas, uma forma de recuperarem seus modos de vida e cultura.



Sezenando reforça que as terras por onde passam os trilhos são dos índios por direito, inclusive definido em demarcações, e que diante do descaso da Vale para com as aldeias e com os órgãos federais, os índios querem que a estrada de ferro seja retirada de dentro das aldeias. Há 30 anos a Vale usa as terras indígenas para o transporte de seu minério sem devolver à população tradicional qualquer tipo de compensação.

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