Sexta, 17 Mai 2024

Pescadores e empreiteira contratada pela Jurong vão demarcar área de pesca

Pescadores e empreiteira contratada pela Jurong vão demarcar área de pesca
Os pescadores da Barra do Riacho e da Barra do Sahy, em Aracruz (norte do Estado), se reuniram no fim da tarde dessa sexta-feira (11) com a empresa Aqua Ambiental, responsável pela obra de dragagem que realizada há mais de um mês na região do Estaleiro Jurong de Aracruz (EJA). No encontro, os pescadores e os técnicos da Aqua Ambiental mapearam todas as áreas onde existem lamaçais e negociaram que os batelões podem apenas passar por esses locais, sem ancorar, para que acessem à área de descarte do material dragado.
 
Na próxima semana, os técnicos voltarão à área para marcar os locais com boias e com coordenadas para GPS.  Os batelões, tipos de dragas usados no serviço, ficavam ancorados em uma área de lamaçal importante para a manutenção da pesca realizada pelas comunidades e, com isso, impediam que a atividade fosse realizada, prejudicando a sobrevivência dos pescadores artesanais.
 
Na reunião, a Jurong e Aqua garantiram aos pescadores que os batelões não voltarão a ser ancorados nos locais de lamaçal. De acordo com Vicente Buteri, presidente da Associação de Pescadores da Barra do Riacho e da Barra do Sahy, os batelões já foram retirados da área há dois dias. O pescador voltou a reiterar que os equipamentos estavam ancorados além do limite da área que a Jurong deveria ocupar com a obra e explicou que o movimento dos batelões não é prejudicial à lama, mas que a ancoragem, que provocava perfurações no fundo do mar, promove sua degradação.
 
No começo desta semana, em outra reunião, na comunidade, ficou decidido que a Associação enviaria um ofício à Jurong convocando a empresa e a empreiteira a comparecerem em uma reunião com a comunidade pesqueira para tratar dos danos acarretados à comunidade pela dragagem. Entretanto, de acordo com Vicente, depois de mais de um mês causando transtornos à vida dos pescadores, a Jurong finalmente procurou a comunidade para demarcar as áreas de lamaçal onde os batelões não poderiam ficar ancorados.
 
O líder da comunidade afirmou que a Jurong alegou desconhecer a a área e a importância da lama para a comunidade. Entretanto, isso já foi alertado à empresa reiteradas vezes pelos pescadores. "Somos uma comunidade tradicional que sobrevive há mais de 50 anos por conta da pesca artesanal. Essa lama vai acabar, mas não vai ser a Jurong que vai pôr fim nela", retratou Vicente ao ouvir, dos representantes da Jurong, que a área de lamaçal iria acabar.
 
A área de lamaçal em que os batelões estavam localizados foi respeitada até mesmo pelo Portocel, da Aracruz Celulose (Fibria), que usurpou grande área de pesca da Barra do Sahy. O pescador foi categórico ao classificar a ação como um crime ambiental e afirmou que vai acompanhar o movimento dos batelões na água. Caso não haja mudança, os pescadores vão tomar medidas mais enérgicas.
 
A Jurong, que já não cumpre as condicionantes ambientais impostas em licenciamento, realiza há mais de um mês uma dragagem de cerca de cinco milhões de metros cúbicos. Segundo os pescadores, os sedimentos estavam sendo espalhados pelo litoral e a área de pesca foi danificada pelos batelões, que fazem o trabalho e ocupam uma área no mar onde existe uma lama responsável pelo ciclo natural das espécies no oceano. Os pescadores também alertaram que, em 83 hectares de extensão, a biodiversidade está sendo completamente devastada. Há denúncias, inclusive, de uma mortandade acima do normal de tartarugas, peixes de pedra, moluscos e crustáceos. 

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