Sexta, 17 Mai 2024

Pescadores tentarão último diálogo com a Jurong sobre impactos de dragagem

Pescadores tentarão último diálogo com a Jurong sobre impactos de dragagem
Em assembleia geral realizada nessa segunda-feira (7), na sede da Associação de Pescadores da Barra do Riacho e da Barra do Sahy, em Aracruz (norte do Estado), os pescadores que estão impedidos de realizar suas atividades há mais de um mês, devido à dragagem do Estaleiro Jurong de Aracruz (EJA), decidiram fazer uma última tentativa de diálogo com a empresa, antes que ações mais incisivas sejam tomadas contra os prejuízos às famílias da região.



De acordo com o presidente da entidade, Vicente Buteri, será enviado um ofício à Jurong, ainda nesta semana, convocando a empresa e a empreiteira contratada responsável pela dragagem a comparecerem em uma reunião com a comunidade pesqueira. Os pescadores querem mostrar à Jurong que está impossível sobreviver da pesca, uma vez que os equipamentos de dragagem estão impedindo o uso de toda a área atualmente disponível para a atividade, que já é pequena, considerando a chegada do estaleiro à região.
 
Ele afirmou que a comunidade pesqueira quer dar um prazo à Jurong para que esta tire da área os batelões, tipos de dragas que estão impedindo a pesca no local. Se necessário, completou, a Jurong terá que assinar um documento se comprometendo a preservar o local.



A área de lamaçal em que os batelões estão localizados fora dos limites que a Jurong deveria utilizar para o serviço, como alerta o presidente da associação. Vicente explicou que até mesmo a Portocel, empresa da Aracruz Celulose (Fibria), que usurpou grande área de pesca da Barra do Sahy, respeitou a área, que é valiosa para os pescadores. O pescador foi categórico ao classificar a ação como um crime ambiental.
 
A Jurong, que já não cumpre as condicionantes ambientais impostas em licenciamento, realiza há mais de um mês uma dragagem de cerca de cinco milhões de metros cúbicos. Segundo os pescadores, os sedimentos estão sendo espalhados pelo litoral e a área de pesca está sendo danificada pelos batelões, que fazem o trabalho e ocupam uma área no mar onde existe uma lama responsável pelo ciclo natural das espécies no oceano. Os pescadores também alertaram que, em 83 hectares de extensão, a biodiversidade está sendo completamente devastada. Há denúncias, inclusive, de uma mortandade acima do normal de tartarugas, peixes de pedra, moluscos e crustáceos. 
 
Em nota divulgada na última quinta-feira (3), os pescadores relataram, ainda, que se reuniram diversas vezes com a direção da Jurong, "pedindo encarecidamente para ter cuidado com uma 'laminha' existente em frente à empresa", que é o último local de pesca onde se extrai iscas para pescarias de anzol e espinhel e de onde os pescadores pescam os principais peixes para o sustento de suas famílias. Os pescadores, entretanto, mais uma vez, não foram atendidos pela Jurong, que instalou seus batelões em cima da área, o que além de prejudicar as condições ambientais do local, impede a realização da pesca no local. 
 
De acordo com os pescadores, a dragagem tem a finalidade de aprofundar o canal para que o trânsito das embarcações seja possível nas áreas do canal de acesso, bacia de evolução e berços de atracação do estaleiro. A nota divulgada por eles informa que a dragagem será realizada pelo período de 350 dias, pouco menos de um ano, em turnos de 24 horas ininterruptas, agravando os danos causados à região.
 
A comunidade afirma que a empresa não dá a mínima importância para a dificuldade pela qual os pescadores passam devido à chegada da Jurong em Barra do Riacho. Os pescadores afirmam, inclusive, que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) não acompanha a obra.
 
Desde janeiro de 2012, quando o empreendimento se instalou na região, os pescadores locais esbarram em dificuldades para realizar suas atividades. A verba de compensação pela área de pesca e pelo ofício perdidos já foi determinada na Justiça, mas ainda não foi oficialmente entregue aos pescadores, devido aos diversos recursos interpostos pela Jurong. Mesmo se tratando de uma comunidade tradicional que, por lei, tem o direito de ter seu território e sua cultura preservados, a área de pesca na Barra do Riacho está cada vez menor, devido à chegada de diversos empreendimentos portuários na região.

Veja mais notícias sobre Meio Ambiente.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sexta, 17 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/