Terça, 14 Mai 2024

Presidência da República recebe pedido formal de investigação sobre espionagem da Vale

Presidência da República recebe pedido formal de investigação sobre espionagem da Vale
Mais de um mês após ganharem a mídia as denúncias que apontam para ações de espionagem da Vale a movimentos sociais, o caso ainda não foi devidamente apurado pelo governo federal, apesar de sua gravidade. A falta de providências e informações em relação à investigação mobilizou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e a Justiça nos Trilhos, entidades citadas no documento, a entregarem em Brasília, nesta terça-feira (28), um dossiê a representantes de seis órgãos e do Congresso Nacional. Esperam, assim, além de transparência no processo, que a apuração seja tratada como necessidade urgente.
 
Os pedidos foram apresentados por uma comissão formada por militantes do MST, Justiça nos Trilhos, organizações nacionais e internacionais à Presidência da República - representada pelo secretário de Articulação Social do governo federal, Paulo Maldos -, ao Ministério da Justiça, ao Ministério dos Direitos Humanos, à Procuradoria-Geral da República, à Procuradoria-Geral do Trabalho, à Direção-Geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), às presidências da Câmara e do Senado, e à Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado, presidida pela senadora Ana Rita (PT). 
 
O dossiê apresenta notas públicas divulgadas nesse período cobrando providências do governo federal e do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, com base em informações divulgadas pela imprensa sobre o caso. Embora citados na denúncia do ex-gerente da empresa André Almeida como movimentos espionados, o MST e a Justiça nos Trilhos não tiveram acesso ao processo judicial, que teve o segredo de justiça decretado.
 
Segundo o padre Dario Bossi, da Justiça nos Trilhos, os encontros foram positivos e a expectativa é que as denúncias sejam logo apuradas. As entidades manifestaram aos representantes dos órgãos visitados e do Congresso Nacional profunda preocupação com os atos em suspeição e cobraram um caminho efeito para a investigação, como o acionamento da Polícia Federal. 
 
Para ele, as notas públicas assinadas por entidades nacionais e internacionais em solidariedade ao MST e à Justiça nos Trilhos levantam preocupação e indignação à prática de espionagem. A falta de apuração, ressalta Dario, deixa o governo federal “sob o perigo de regredir à época da ditadura militar”.
 
A senadora Ana Rita, que recebeu o grupo na manhã desta terça-feira (28), se comprometeu a fazer uma análise cuidadosa do dossiê, com encaminhamentos às autoridades responsáveis, por meio da Comissão de Direitos Humanos, pedindo providências. O primeiro deles ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para que apure a veracidade da denúncia. Ela não descarta a possibilidade de conversar pessoalmente com o ministro sobre o caso e ainda acionar a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República. 
 
A senadora considerou extremamente graves as informações apresentadas pelas entidades e enfatizou a necessidade de apuração. “Não se pode conviver com esse tipo de atuação em um país democrático”. 
 
Histórico
 
O escândalo de espionagem da Vale veio à tona pela coluna Radar, da revista Veja, após o ex-gerente André Almeida fazer acusações contra a empresa à Justiça do Trabalho do Espírito Santo e ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, em março deste ano. Almeida trabalhava no Serviço de Inteligência em Segurança Empresarial da Vale e foi demitido no ano passado. 
 
As informações dizem respeito à quebra ilegal de sigilo telefônico e bancário, bem como acesso irregular a dados do Infoseg (sistema que reúne informações de segurança pública, justiça e fiscalização) e da Receita Federal de jornalistas, trabalhadores, ambientalistas e membros de organizações sociais. A empresa também foi acusada de infiltrar agentes nessas entidades para monitorá-las. As ações teriam começado em 2008.
 
Para realizar tais atividades, dois agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), um órgão do Estado anteriormente conhecido como o Serviço Nacional de Inteligência, desenvolvido nos períodos da ditadura e essencialmente composto por ex-militares, teriam sido contratados pela Vale. 
 
Na ocasião, o jornal A Gazeta também divulgou articulações da Vale em Anchieta, onde a empresa pretendia instalar a Companhia Siderúrgica de Ubu (CSU). Para facilitar o processo, a empresa teria aliciado uma vereadora ou uma funcionária da Câmara de Anchieta.

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