Sexta, 17 Mai 2024

Proposta de aterrar minério em Camburi é rejeitada pela sociedade civil

Proposta de aterrar minério em Camburi é rejeitada pela sociedade civil
O jornal A Gazeta desta quinta-feira (17) afirmou que um Termo de Compromisso Ambiental (TCA) deve ser firmado entre o Ministério Público do Estado (MPES) e a Vale para que seja solucionada a questão do minério depositado na porção norte da Praia de Camburi, em Vitória, logo ao lado da empresa. Apesar de a Vale não confirmar, o promotor de Justiça, Marcelo Lemos, afirma que o aterro deve ser a técnica utilizada. 
A Associação dos Amigos da Praia de Camburi (AAPC) reforça que é contra o aterro do passivo, que consiste em pelotas e pó de minério em avançado estado de decomposição, e lembra que o minério, na situação que se encontra, é considerado poluente. Desta forma, permitir que o material continue na região, apenas coberto por areia, traria consequências desastrosas para a biodiversidade e para a qualidade da água.
 
O aterro consiste no despejo de areia limpa sobre a área contaminada, com prazo de execução de 32 meses - a porção norte da praia ficaria interditada por 14 meses. A área tem 110 mil metros quadrados, com 170 mil metros cúbicos de minério e areia. O passivo ambiental foi derramado indiscriminadamente pela Vale entre os anos de 1969 e 1984. Apesar da manifestação do promotor Marcelo Lemos, a entidade ressalta que não dialoga com o Ministério Público desde o ano passado.
 
Para a entidade, a única solução para a retirada do passivo ambiental é a dragagem que, ao contrário do que afirma a Vale na matéria em A Gazeta, não espalharia o minério por toda a praia, mas sim tiraria o poluente do local em que se encontra. O minério, como lembra a associação, não é inerte e prejudica tanto a vida marinha como o acesso da população ao local. Por um lado, peixes e ouriços ficam completamente cobertos pelo pó preto, já famoso nas casas da Capital; por outro, os cidadãos não têm a disponibilidade de circularem pela região sem que o pó preto grude inconvenientemente na pele. 
 
Em julho de 2013, na audiência em que a Vale apresentou os planejamentos de dragagem e de aterro do passivo ambiental, a AAPC já havia deixado claro que o capeamento não é uma solução para o problema. Na época, a entidade classificou que o projeto nada mais é do que uma maquiagem do real problema ambiental provocado pelo material em avançado estágio de degradação.
 
Em setembro de 2013, a AAPC enviou Parecer Técnico Independente Sobre os Relatórios Técnicos do Projeto de Recuperação da Região Norte da Praia de Camburi ao MPES, confrontando as versões dos relatórios das empresas Aplysia e Ecoconservation, contratadas pela própria Vale, sobre o serviço de retirada do passivo. Para a AAPC, os estudos não comprovam a real situação da vida marinha no local, que sofreu interferências, primeiramente, com o lançamento do material exótico e, posteriormente, com a degradação do mesmo. No documento, a associação diz acreditar que “se tais estudos forem realizados com maior comprometimento e veracidade, seria exposto o péssimo estado ambiental do local".
 
A AAPC luta há mais de cinco anos pela despoluição da área e não cessará suas reivindicações enquanto a Vale não se comprometer a fazer a dragagem do minério acumulado desde a década de 1970. As reivindicações da associação são de conhecimento da mineradora desde o ano de 2009, quando foi entregue á empresa um documento que, dentre várias outras medidas, exigia a limpeza da areia e a despoluição da praia no que se refere ao minério.
 
Manifesto
 
No próximo domingo (20), a AAPC realizará o Rolezinho Aquático, que consistirá em um circuito de natação entre a Praia do Clube Ítalo Brasileiro e o Quiosque 6 na Praia de Camburi. O Rolezinho, como explica a entidade, tem o objetivo principal de atentar para a poluição, tanto de esgoto como do minério, às quais são submetidos o mar e os rios de Vitória, e atentar para a necessidade de despoluição da baía do Espírito Santo. De acordo com a AAPC, um número surpreendente de nadadores dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais participará do evento e tomará ciência dos problemas ambientais da Capital.
 
A programação acontece em apoio ao evento "A Tomada do Canal", uma mobilização social que começa nesta quinta-feira (17) e tem o objetivo de atentar para a alternativa de mobilidade urbana que Vitória possui, devido à sua formação geológica, com grande ocorrência de rios, canais e praias.

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