Reunião na próxima segunda-feira define rumo das mobilizações nas obras da Jurong

Os operários das obras do Estaleiro Jurong de Aracruz (EJA) vão aguardar o resultado da reunião que acontecerá na próxima segunda-feira (7) com a empresa, para decidir as próximas ações do movimento, em assembleia marcada para o dia seguinte. A reunião acontecerá entre o Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil do Estado (Sintraconst), o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-ES), a Jurong e as empreiteiras contratadas.

A Jurong será cobrada pelos trabalhadores, que lutam por melhores condições de trabalho no canteiro de obras desde o início deste ano. As principais reivindicações são melhoria no valor do salário da função de operador de guindaste; aumento na cesta básica para o valor de R$ 750; horas-extras no valor de 70% durante a semana e 150% aos sábados, domingos e feriados; e realização da eleição da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) das empresas recém-chegadas, além de um espaço para refeições, centro de vivência, número maior de banheiros e cartão-alimentação.

O Sintraconst também está convocando todos os trabalhadores que foram demitidos pela Jurong durante o período da greve, em janeiro, para tomar as devidas providências. Nenhum trabalhador pode ser demitido enquanto não for julgado o dissídio da paralisação. Na ocasião, após conciliação entre as empresas e o Sintraconst-ES no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-ES), a Justiça determinou a volta ao trabalho até o julgamento, mesmo sem acordo firmado entre as partes.



No último dia 19, uma equipe do Sintraconst fiscalizaria as obras do estaleiro, ação que foi agendada anteriormente com a empresa. Entretanto, ao chegarem ao local, os fiscais foram informados de que a empresa não autorizou a equipe a entrar no canteiro de obras. A greve do Sintraconst está suspensa desde a última semana.



Para criminalizar o movimento dos trabalhadores, a Jurong anunciou que as ações do Sintraconst inviabilizam o término da construção, iniciada em Cingapura, do primeiro navio-sonda, de nome "Arpoador", em Aracruz. O navio é encomenda das empresas Sete Brasil e Petrobras.



A afirmação foi contestada pelo presidente do Sintraconst, Paulo César Borba, o Carioca. Ele afirma que a obra, por seu andamento, de maneira alguma estaria pronta neste mês de abril. As diversas greves realizadas pelos trabalhadores da construção civil nas dependências do estaleiro, inclusive com atividades que interromperam o acesso de veículos ao canteiro de obras, aconteceram devido às más condições de trabalho no local.



Licença



A Jurong comunicou, por meio de publicação no Diário Oficial dessa quarta-feira (2), que o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) concedeu, por meio do processo nº 49181938, a Licença de Operação (LO) para a oficina de cascos do estaleiro. A emissão da licença acontece na mesma semana em que a empresa havia comunicado sua impossibilidade de finalizar em Aracruz a construção do primeiro navio-sonda.

A Jurong, que insiste em culpar os movimentos sindicais pelo atraso nas obras do estaleiro, embora ela mesma não tenha cumprido com suas obrigações legais, ainda não tem certeza sobre o local onde o Arpoador será finalizado.



Em novembro do ano passado, a Jurong requereu ao órgão, ao mesmo tempo, a Licença de Instalação (LI) e a LO para dragagem do calado, embora um dos pré-requisitos da LI fosse a indenização de R$ 1,5 milhão aos pescadores da região, questão que somente foi resolvida em março deste ano.