Sexta, 03 Mai 2024

Sem resposta da Vale, índios fecham ES 010 por tempo indeterminado

Sem resposta da Vale, índios fecham ES 010 por tempo indeterminado

Os índios das aldeias de Comboios e Córrego do Ouro, localizadas em Aracruz, norte do Estado, ocuparam no início da tarde desta quarta-feira (19) a rodovia ES 010, no trecho que passa pelas aldeias, impedindo a passagem de veículos. O ato é uma continuação do movimento iniciado nessa terça-feira (18) de ocupação da linha férrea da Vale que corta as terras demarcadas, como reação à postura da empresa em relação ao não cumprimento do compromisso firmado com os índios de pagamento de indenização pelo uso de suas terras para passagem de seu trem. Os índios ocuparão a rodovia por tempo indeterminado, bem como a ferrovia. Nesta tarde, eles também colocaram fogo na estrada de ferro que corta as aldeias.

 

Na manhã da terça-feira, aconteceria uma reunião entre as lideranças indígenas, a Vale e o Ministério Público Federal (MPF) para que fosse firmado o acordo no qual seriam destinados R$ 19 milhões ao Plantar, projeto de agricultura desenvolvido pelos índios, como forma de compensação por explorar há mais de 30 anos as terras indígenas. Entretanto, momentos antes, a Vale comunicou por telefone que não compareceria.



O protesto foi organizado como uma resposta da aldeia à falta de responsabilidade por parte da poluidora em relação ao compromisso firmado anteriormente. Os índios buscam há três anos uma indenização por parte da poluidora.



Segundo os caciques Antônio Carlos, de Comboios, e Luiz Barbosa, de Córrego do Ouro, no dia 18 de janeiro foi feita uma reunião entre o Ministério Público Federal, a Fundação Nacional do Índio (Funai), em suas instâncias nacional e estadual, a Vale e as lideranças e povo indígena. Na ocasião, o valor da indenização foi firmado em R$ 19 milhões, acordados entre os índios e a empresa, uma verba necessária e calculada com base na agricultura desenvolvida nas duas aldeias. Além disso, a Vale se comprometeu a levar neste dia 18 de março a sua proposta sobre o pagamento da indenização.



Ao invés disso, a poluidora não apresentou um projeto e apenas avisou por um telefonema que não compareceria à reunião, apresentando uma contra-proposta de R$ 400 mil por uma mensagem de texto de celular (SMS). Os caciques afirmam que esse valor é insuficiente a todo o trabalho que deverá ser feito nas aldeias para manutenção e recuperação dos plantios tradicionais indígenas, uma forma de recuperarem seus modos de vida e cultura.



De acordo com os líderes indígenas, os trens da Vale já deveriam ter passado ao menos quatro vezes pelo local, o que ainda não aconteceu. A Comissão dos Caciques Tupi-Guarani afirma que o protesto só terá fim quando a Vale entrar em contato com os indígenas para uma nova reunião. Ainda segundo a Comissão, o MPF ajuizará uma Ação Civil Pública nesta quinta-feira (20), devido ao não comparecimento da Vale à reunião marcada previamente.

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