SOS Ambiental: Inventário de Emissões foi elaborado pela Vale

O "Inventário de Emissões Atmosféricas da Grande Vitória" foi desenvolvido pela Vale, principal empresa responsável pela emissões de poluentes na Grande Vitória. A informação é do grupo SOS Espírito Santo Ambiental, que na semana passada recebeu respostas do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) a requerimentos de informações protocolados na Assembleia Legislativa (Ales) pelo deputado Gilsinho Lopes (PR).

 

Um desses requerimentos buscava a comprovação documental técnica para comprovação da informação divulgada pela Vale na mídia corporativa e em seu site institucional, afirmando que reduziu suas emissões em 33% na Ponta de Tubarão. De acordo com o grupo, a informação divulgada pela companhia é conflitante com os dados de medição da poeira sedimentável fornecidos pelo Iema.

 

O ofício de resposta foi redigido por Alexsander Barros Silveira, agente de Desenvolvimento Ambiental do Iema, que, antes de se referir diretamente ao questionamento, lembrou que foram desenvolvidos o inventário e a pesquisa de "Caracterização e qualificação de Partículas Sedimentáveis na Região da Grande Vitória". A primeira, de acordo com ele, não foi capaz de individualizar as contribuições industriais da Ponta de Tubarão, uma vez que os insumos utilizados têm a mesma composição química e estão situados geograficamente próximas. Afirmou, também, que esse estudo foi realizado pelo Iema "em parceria com uma empresa privada".

 

Conforme exposto pelos ambientalistas, na época das audiências públicas para a apresentação da oitava usina, a Vale teria que comprovar a redução das taxas de emissão de material particulado nas suas demais usinas da Ponta de Tubarão, de forma que a abertura da nova usina não significasse o aumento nas emissões.



O ofício de número 26131/2012 é de autoria da Vale, como pode ser conferido no sistema de consulta online de protocolos do Iema. De acordo com o SOS Ambiental, esse é o documento do Inventário de Emissões, que conclui que a emissão total de material particulado da oitava usina, mesmo com maior produção, ainda é menor do que as emissões totais na região.

 

No documento, o responsável do Iema ainda afirma que os estudos identificaram as mesmas fontes emissoras de material particulado, sendo essas, respectivamente, a ressuspensão de vias, a atividade industrial mínero-siderúrgica, e escapamento de veículos. E, depois de muito falar sobre estudos alternativos e não responder diretamente aos questionamentos do grupo,  reitera que o percentual se refere às emissões, informação que em nada acrescenta aos questionamentos.

 

"Diante do exposto, apesar de participar da contribuição da poeira sedimentável da região da Grande Vitória, de maneira menos ou mais expressiva, dependendo do local (conforme estudo anteriormente descrito), não é esperado que uma suposta redução na emissão da empresa Vale acarrete uma redução equivalente na deposição da poeira (qualidade do ar), haja vista, como informado, não ser a empresa Vale a única fonte de emissão de material particulado na região da Grande Vitória", conclui, no ofício. Por fim, afirma que, restando dúvidas, a Vale deve ser oficiada para comprovar as informações veiculadas no site.

 

Diante das respostas insatisfatórias, o SOS Ambiental enviou uma solicitação por email ao deputado Gilsinho Lopes, para que o questionamento fosse reencaminhado ao Iema, que não respondeu à solicitação sobre a comprovação documental da redução das emissões. Para o grupo, o Iema "fez divagações e colocações que não foram alvo dos questionamentos contidos no referido requerimento".