Terça, 30 Abril 2024

Vereador de Linhares quer levar denúncia de invasão de terra indígena ao MPF

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O vereador de Linhares Ronald Passos Pereira, o Roninho (DC), quer levar ao Ministério Público Federal (MPF) a denúncia de invasão de terra indígena pelo prefeito, Bruno Marianelli (Republicanos), publicada em Século Diário a partir do dossiê "Os Invasores – Parte II – Os Políticos", do De Olho nos Ruralistas – Observatório do agronegócio brasileiro.

O anúncio foi feito em suas redes sociais nesta quinta-feira (29), após um discurso feito na sessão ordinária de segunda-feira (26) na Câmara Municipal. No parlatório, Roninho colocou um cocar na cabeça "em apoio aos índios Pataxó de Prado", etnia cujo território, no extremo sul da Bahia, teria sido invadido pelo gestor linharense.

"Cansado talvez de saquear a prefeitura, agora [o prefeito] está invadindo terras indígenas. Que fique aqui o meu registro: Bruno, entregue as terras indígenas! Aqui da prefeitura o senhor quer tirar de quem tem, exemplo Gravatá, Chapadão do 15...quer tirar quem está lá há muito tempo. E o senhor vai lá e invade terras indígenas?!"

Reprodução

Segundo o Observatório do Agronegócio, a fazenda de Marianelli, Flor do Norte, está registrada em nome de seu pai, Zilmar Marianelli, e possui 273,27 hectares sobrepostos à TI Comexatibá, do povo Pataxó, no município de Prado, extremo sul da Bahia. "Em posse da família pelo menos desde 2010, as terras não aparecem entre os R$ 332 mil em bens declarados por Bruno durante as eleições de 2020", acrescenta o documento.

"Estamos investigando a denúncia e comprovando a gravidade, iremos levar até o Ministério Público", afirmou o vereador.

O dossiê também afirma que o prefeito de Linhares é membro de um grupo de fazendeiros que lidera a formação de uma rede de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) na região, como forma de evitar tanto a delimitação do território Pataxó quanto a ampliação do Parque Nacional do Descobrimento (PND). A RPPN de Marianelli foi criada em 15 de janeiro de 2010 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da TI Comexatibá, apresentado em 2006 pelas antropólogas Leila Silvia Sotto-Maior e Sara Braga I Gaia, cita o dossiê, "mostra que a proposta de manejo do entorno do PND apresentada pelos fazendeiros considerava como principal ameaça ao ambiente a 'invasão pelos índios Pataxó', ao mesmo tempo em que pintava os proprietários rurais como defensores do parque — apesar do farto histórico de desmatamento na região" e que "entre os proprietários que compuseram a iniciativa, o relatório lista Dionísio Marianelli, parente do prefeito capixaba".

Evair de Melo

Outro capixaba que integra a lista de denunciados pelo Observatório é o deputado federal Evair de Melo (PP), junto a figuras do cenário nacional, como a senadora Tereza Cristina (PL-MS), ex-ministra da Agricultura do governo de Jair Bolsonaro (PL), o governador do Paraná, Ratinho Junior (PSD), e o governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Reidel (PSDB-MS).

O capixaba é um dos vice-presidentes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), onde se concentra a maior parte dos parlamentares financiados por empresários donos de fazendas sobrepostas a territórios de povos originários, e também integra a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Segundo o relatório – feito a partir do cruzamento de bases de dados fundiários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) –, 18 integrantes da FPA receberam R$ 3,6 milhões em doações de campanha de fazendeiros ligados a sobreposições em TIs. Além dele, destacam-se o presidente da frente, Pedro Lupion (PP-PR), outro vice-presidente, Arnaldo Jardim (Cidadania-SP), a coordenadora política e ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PL-MS), e outros nove diretores.

Greenwahsing

O governador do Mato Grosso do Sul, Eduardo Reidel (PSDB-MS), foi uma das estrelas do Sustentabilidade Capixaba, realizado nesta semana (26 a 28) na Praça do Papa, em Vitória, e que teve, entre seus patrocinadores, outros agressores históricos dos povos indígenas, do meio ambiente e do clima: as empresas Vale, ArcelorMittal Tubarão, Suzano (ex-Fibria, ex-Aracruz Celulose).

Durante a abertura do evento, um pequeno protesto organizado pela Campanha Nem Um Poço a Mais expôs a incoerência de se discutir soluções para a crise climática a partir do ponto de vista de quem mais contribui para seu agravamento e procura continuar lucrando (ou lucrar ainda mais) com a tragédia.

Sustentabilidade para quem?

Quando os governos adotam ponto de vista das grandes corporações, debate sobre crise climática se limita ao balcão de negócios
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