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‘Recadão’ das urnas

Antes de comentar o resultado da eleição a presidente, que reelegeu Dilma nesse domingo (26), o governador eleito Paulo Hartung (PMDB) deveria refletir sobre sua própria eleição. 
 
Em 2010, quando Dilma foi eleita pela primeira vez presidente, mesmo estando no palanque de Dilma – apesar de seu apoio ser imperceptível -, Hartung também “cutucou” a presidente eleita. À ocasião, declarou aos jornais: “Um conselho que eu dou ao eleito é colocar as sandálias da humildade, unir o Brasil e construir um plano que possibilite que o país avance”. 
 
As declarações que deu agora ao jornal A Gazeta após Dilma ser reeleita foram bem parecidas. Ele não chegou a mandar a presidente calçar as sandálias da humildade, mas alertou que as urnas mandaram um “recadão” para ela. 
 
A propósito, as sandálias da humildade seriam bastante adequadas a Hartung, que também recebeu um “recadão” das urnas, mas está dando de rogado. A exemplo da disputa nacional entre Dilma e Aécio, a peleja para conquistar o governo do Espírito Santo entre Hartung e Casagrande também foi sangrenta. O peemedebista teve cerca de 250 mil votos a mais que o socialista. Derrotado na Grande Vitória, centro político do Estado, Hartung fez a diferença sobre o adversário graças aos votos que vieram dos municípios do interior. 
 
Além de não obter supremacia nas urnas – em 2006 foi reeleito com mais de 77% dos votos válidos -, Hartung sobe as escadarias do Palácio Anchieta no primeiro dia de janeiro “coxo”. O governador eleito saiu das eleições vitorioso, mas com o corpo coberto por cicatrizes, as mais “feias” e de difícil cicatrização são as que o envolvem em denúncias de corrupção. 
 
O “recadão” das urnas vai continuar reverberando na cabeça de Hartung nos próximos quatro anos de governo. Vamos aos principais: 
 
Viagens da ex-primeira-dama Cristina Gomes
A eleição acabou mas Hartung não explicou por que sua mulher viajou dezenas de vezes desacompanhada, e nos fins de semana, para o Rio e São Paulo com dinheiro público.
 
Tráfico de influência
Assim como não explicou as operações suspeitas da consultoria Éconos, que faturou em três anos cerca de R$ 6 milhões, justamente com empresas que mantinham grande proximidade com seu governo.
 
Posto fantasma
As explicações que Hartung deu sobre o paradeiro dos R$ 25 milhões que foram jogados pelo ralo na obra fantasma do posto fiscal de Mimoso do Sul não convenceram ninguém. 
 
Apartamento de luxo
Ele também não se pronunciou sobre uma transação imobiliária espetacular que realizou em 2010. No mesmo dia, Hartung escriturou um apartamento de luxo no valor de R$ 48 mil e vendeu por R$ 2,1 milhões. Incrível!
 
Mansão em Pedra Azul
Com relação à mansão encravada nos “alpes capixabas”, embora tenha dito durante a campanha que tem até as notas fiscais dos parafusos usados na construção, Hartung não explicou por que omitiu o patrimônio da declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral. A desculpa de que sua mulher declarou a mansão no imposto de renda dela não cola.
 
Herança
Não explicou tampouco por que criou uma empresa familiar para “tirar de seu nome” 31 imóveis herdados do pai. Além de não explicar nada, transformou o fato numa novela mexicana. No papel de protagonista do enredo “barato”, ele se põe como vítima ao reclamar dos ataques feitos pelo adversário à sua família durante a campanha.

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