Quinta, 02 Mai 2024

História em 240 metros quadrados

História em 240 metros quadrados


No último dia 11 de julho, Vitória pegou o bonde da própria história. Em solenidade que contou com as presenças do Prefeito de Vitória Luciano Rezende, e da secretária municipal de Cultura, Ana Laura Nahas, foi inaugurado no muro do estacionamento do Ministério da Fazenda, na avenida Princesa Isabel, esquina com a Barão de Itapemirim, um mural em relevo que recria o antigo bonde de Vitória.
 
No início do século XX, o bonde era o principal meio de transporte oficial de Vitória. O Viaduto Caramuru, um dos monumentos arquitetônicos do Centro, é exemplo vivo dessa época: foi erigido em 1925 com o objetivo de ligar as ruas Dom Fernando e Francisco Araújo e servir de passagem para o bonde, que então circulava pela Cidade Alta. Mas, por receio de que a construção não suportasse o veículo ou que este não conseguisse fazer as curvas de acesso ao viaduto, o bonde não chegou a cruzar o viaduto
 
Mas o trabalho dos artistas Antonio Natural e Dione Salvador, que integra o projeto A Arte é Nossa, iniciativa da Secretaria Municipal de Cultura (Semc), não tem no bonde o único atrativo. Sim, o mural redesenha o trajeto do bonde ao início do século passado; no entanto, ali a viagem serve como espécie de pretexto para apresentar a moradores e visitantes alguns dos prédios históricos mais importantes da capital. 
 
Os 240 metros quadrados do muro abrigam, além do trajeto realizado pelo bonde, 16 prédios históricos da capital, como a Fafi, o Palácio Anchieta, o Museu do Negro, o Teatro Glória, a Casa Porto das Artes Plásticas, entre outros.
 
Para Dione, o mural combina com o Centro de Vitória. “Faz parte da nossa história. A ideia do mural resgata os patrimônios. E nas pessoas que não os conhecem, pode surgir uma curiosidade”, diz o artista. Segundo ele, um suporte tradicional como a arte em relevo - uma técnica milenar - dialogou abertamente com Vitória, cujo desenho ainda preserva características de uma cidade de época. 
 
Conhecido pelas inúmeras intervenções na Barra do Jucu, em Vila Velha, Natural diz que esse trabalho no Centro de Vitória se destaca na sua trajetória artística. “Se encaixa muito bem, fio um presente”, festeja. E também acha que o mural combina o local. “Ele entra com o intuito de humanizar a cidade. E é um trabalho novo em Vitória, que não tem arte em relevo. Vai dar uma visibilidade muito grande para a cidade”, diz.
 


A coordenadora do A Arte é Nossa, Fernanda Bellumat, explica que a prefeitura buscava algo diferente para oferecer ao Centro de Vitória, o que explica a escolha pelo trabalho da arte em relevo . “A gente conhecia o trabalho do Natural em Vila Velha. Achamos que ficaria interessante uma coisa diferente no Centro”, diz. E como a ideia seria retratar o patrimônio arquitetônico, o relevo daria um toque especial, ao conferir uma noção de volume e profundidade ao espectador.
 
O mural foi o oitavo trabalho do A Arte é Nossa, que tem o objetivo de realizar ações e intervenções artístico-urbanas em equipamentos e espaços públicos, na cidade de Vitória, envolvendo a comunidade, com o intuito de fortalecer as relações de pertencimento cidadão e cidade por meio da arte e da cultura e assim democratizar a produção artística local.
 
Muro da Fábrica de Idéias (Jucutuquara) – Emílio Aceti e Centro Grafitacional (julho/ 2014): grafite baseado na proposta do espaço, que é difundir e valorizar a economia criativa.
 
Os trabalhos anteriores do projeto foram realizados na Escadaria de São Benedito, na Dança da Escola Técnica Municipal de Teatro, Dança e Música Fafi, em tapumes na Praia de Camburi e no Cais do Hidroavião, em Santo Antônio, Parque da Fonte Grande, em um muro da Casa da Juventude, em São Pedro, e em um muro da Fábrica de Idéias, em Jucutuquara. 

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