Sábado, 18 Mai 2024

???A campanha vai estar na rua, nas mãos das pessoas, não vai estar em casa???

???A campanha vai estar na rua, nas mãos das pessoas, não vai estar em casa???
Rogério Medeiros e Renata Oliveira

Fotos: Gustavo Louzada/Porã
 
 
Helder Tabosa Delfino hoje ocupa a Secretaria de Turismo e Cultura de Aracruz, no norte do Estado, mas é conhecido nos meios políticos por ter se destacado nas eleições de 2012 como consultor de marketing político, com vitórias significativas. 
 
Formado em Administração, com pós-graduação em Marketing Político Eleitoral e Governamental e em Gestão da Comunicação, além de mestrando do curso de História Social das Relações Políticas, pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Helder tem um respeitável currículo na área. 

 
Para Tabosa, a influência das redes sociais nas eleições será grande, mas a principal preocupação é com a credibilidade das informações que vão circular na internet. Ele defende que é preciso ter regras claras para evitar que a liberdade se transforme em ataques gratuitos à honra dos candidatos. Mas também é preciso cuidado para que essas regras não se transformem em censura. 
 
 
Século Diário – Helder Tabosa hoje ocupa a Secretaria de Turismo e Cultura da Prefeitura de Aracruz, mas se destacou no ano passado como consultor de marketing político, com vitórias importantes. Como enxerga as eleições de 2014, sobretudo do ponto de vista da influência das redes sociais?
 
Helder Tabosa Delfino –  É um novo paradigma para o mercado político o fenômeno das redes sociais, das mídias eletrônicas. A comunicação política passa por ciclos. Tivemos nas décadas de 1910 e 1920 o telégrafo como grande veículo de comunicação. Depois, em 1925, tivemos o advento do rádio surgindo no Brasil e foi uma verdadeira explosão. Logo depois, em 1950, a televisão, que foi o grande estrondo, e agora temos a questão da internet. E a questão é como lidar com esse novo veículo, porque ele é totalmente diferente dos tradicionais, e tem a capacidade de crescer em um curto espaço de tempo. Enquanto o rádio demorou 40 anos para ter 30 mil ouvintes, hoje nós temos as mídias sociais, com 46 milhões de pessoas em um período de quatro a cinco anos. É um fenômeno que tem de ser analisado com muito cuidado. Temos que analisar como será feita a utilização das campanhas profissionalizadas com essa nova ferramenta. Hoje percebemos que nas campanhas tradicionais, o candidato tinha uma redação de jornal, uma produção de TV e áudio e imagem. Hoje não é possível fazer uma campanha sem ter um departamento de mídias sociais. Mas eu percebo também que os políticos têm usado as redes de forma errada. O Facebook é uma ferramenta informal, que não cabe uma comunicação política formal. O cara coloca uma foto no perfil de terno e gravata, fantasiado de político, e posta o regimento interno de uma Câmara de Vereadores. Quem vai ler aquilo? Um projeto de lei com quatro, cinco páginas, quem vai ler aquilo? 
 
– É um problema de linguagem, então?
 
– É um problema de linguagem. Como agir ali dentro. As redes sociais são veículos informais, não cabe um texto formal, que você publicaria em um jornal. Mas uma coisa que eu vejo com muita preocupação é a credibilidade do conteúdo colocado na rede. É a mesma questão do e-commerce. Antes de você comprar um tênis pela internet, você vai procurar saber quem é aquela empresa com a qual você está negociando. Você não compra de qualquer um. Hoje mais importante do que o conteúdo que está na rede, é saber qual a origem desse conteúdo. Você abre o Google e tem mais de 500 milhões de acesso no mundo todo, mas muitas vezes, você faz uma pesquisa no Google e não tem certeza de que aquilo é verdadeiro. A rede aceita tudo, mas é preciso ter certeza do que se está assimilando.  Nós temos 55 milhões de usuários de internet no Brasil. Mas das pessoas que têm acesso à internet, quais acessam as redes sociais? E das pessoas que estão nas redes sociais, quais estão interessadas em discutir política? 
 
– É diferente da televisão, que em um determinado momento da história do Brasil, você tinha mais casas com TVs do que com filtro de água, mas era uma mensagem única, não é?
 
– Você não tinha interatividade. Os cientistas afirmam que existiu nesse período que antecedeu a internet, um grande fosso, que era o contato do eleitor com o político. Ele não tinha acesso, via aquelas pessoas na televisão, ouvia no rádio, mas não tinha acesso ao político. Hoje, o Barack Obama posta no Twitter, na hora que está na Casa Branca, tomando café. O homem mais poderoso do mundo está no seu celular. Você consegue saber o que ele falou naquele momento, não precisa esperar sair o jornal no dia seguinte. Acho que existe na cabeça das pessoas que consomem esse tipo de mídia a necessidade de que essa notícia chegue para ele de forma muito rápida. O cara vai na internet hoje e consegue saber que um carro bateu na BR-101. Amanhã vai saber a mesma notícia no jornal. Essa rapidez da notícia é o que o eleitor quer, mas acho que tem de haver um filtro. Então tem muita gente que acha que está fazendo sucesso na internet, porque tem muita gente curtindo. Curtir não quer dizer que você acreditou, que você concorda. Curtir significa que você viu aquilo. A palavra curtir se confunde com “eu achei bacana”. E não é isso. Acho que também está faltando um pouco de educação nos debates. Os debates tendem a se arrastar para baixo, em um nível muito agressivo, sem cuidado com a imagem do outro. As pessoas usam palavras de baixo calão, palavras muito veementes, de forma muito simplista. Isso acaba fazendo com que outra pessoa que queira um debate não entre na discussão. 
 
– A minirreforma aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela presidente Dilma Rousseff resultou em cinco vetos. O mais esperado, porém, em relação à emenda do senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), que pune quem ofende na internet, e que para alguns setores foi considerada uma forma de censura, não foi vetado. Como vê essa discussão? 
 
– A linha que separa a censura da liberdade ainda é muito tênue. As pessoas muitas vezes usam a liberdade para destruir a honra de outras pessoas, de uma forma muito simples. Não pensa no que aquele ataque vai gerar na sua vida. Se tem fundamento, se tem provas. Nas campanhas eleitorais, as mídias sociais fervilham de acusações infundadas, de xingamentos, de posts falsos, de fake. O cara posta em um computador lá nos países árabes  e diz que você é um perigoso traficante internacional e aí voltamos àquela questão da credibilidade da informação. 
 
– O diretor da Agência Criativa, Roberto Figueiredo, afirmou em entrevista a Século Diário que as redes sociais vão ser mais importantes não na criação de candidaturas, mas na destruição. Concorda? 
 
– Eu penso um pouco diferente. Penso que você tem a propaganda e a contrapropaganda. Se eu serei candidato tenho que saber que vão fazer uma propaganda contra mim. Eu tenho de fazer uma contrapropaganda para destruir essa propaganda. Na verdade, preciso usar os mesmos meios. Se você não tiver regra, valerá a regra que está posta, e aí vamos usar as teorias de Maquiavel para isso. Não é tão fácil destruir, desde que você prove para a população quem está querendo destruí-lo e com qual o interesse. Eu preciso mostrar quais são esses interesses, preciso desqualificar esse ataque. Quando você aceita passivamente aquele ataque, você comete o erro de não se defender e deixar que a mentira dita de forma continuada se consolide como verdade. 
 
– Mas a baixaria tem um nível de alcance baixo, porque o eleitor não volta mais ali, quando percebe a intenção. 
 
– Existe uma técnica chamada neuromarketing, que vem sendo usada pelo candidato Eduardo Campos [PSB] no Nordeste e foi aplicada na eleição dele em Pernambuco. É uma técnica desenvolvida no Brasil pelo professor Antônio Lavareda. Ele montou um laboratório para analisar a cabeça do eleitor. Você precisa entender o que o eleitor entende por verdade. Quando o opositor de Campos começou a bater muito, esse laboratório identificou nos eleitores uma reação negativa àqueles ataques. Então, entenderam que seria melhor não entrar no jogo, fazendo o contra-ataque, e passaram a falar das propostas.



Tiveram resultado positivo, com número expressivo de votos, e ficou provado que a neurociência pode ser uma ferramenta extraordinária para a eleição. Como fazer com que essa técnica comunicacional possa chegar na cabeça do eleitor de forma positiva. É preciso entender essa ciência do cérebro do eleitor. Como ele se comporta diante de cada notícia. Ele compra aquilo como uma coisa positiva, negativa? Acho que o neuromarketing, junto com esse marketing digital, vai oferecer uma ferramenta interessante, mas é preciso ter regras, como tem na televisão, no jornal. Essas regras precisam ser bem definida para não ser confundida com censura. Acho que não pode ter censura, mas precisa ter regra. Hoje, sou detentor de um cargo público. Você chega no Ministério Público e diz que viu dois sacos cheios de cocaína no gabinete do Helder. Ele está vendendo cocaína no serviço público. Basta isso para destruir a minha imagem. O Ministério Público é obrigado a acatar sua denúncia, isso vai para a imprensa, e aí você já foi condenado. Quantos casos nós vimos de pessoas que tiveram suas vidas destruídas, depois se provou que não tinha nada a ver? Mas aí já era. 
 
– Essa ferramenta de boatos é conhecida há muito tempo. Temos uma vítima eterna no Espírito Santo, que é a ex-deputada Rita Camata, desde que ela foi candidata a prefeita em Vitória. Ela foi relatora do Código da Criança e do Adolescente e criou-se a ideia de que ela protegia “delinquente”. Rita Camata foi uma das melhores parlamentares que o Estado já produziu, mas basta ela entrar em uma disputa para isso vir à tona. Então esse jogo não é exclusivo da internet. 
 
– Eu sou de uma escola de marketing político que prefere trabalhar com propostas do que entrar nessa linha de porradaria. Essa linha propositiva, está comprovada pela ciência, é mais eficiente de você se comunicar com o eleitor. O eleitor quer ouvir o que você tem a oferecer para a vida dela e não o que você tem a falar da vida do outro candidato. O eleitor é muito individualista. Ele pensa em primeiro lugar no que o candidato vai trazer de benefício para ele. Importa muito mais para ele saber se o cara vai fazer a calçada em frente à casa dele do que fazer a escola do bairro dele. Duda Mendonça tem uma teoria da inversão da pirâmide. Há duas, três décadas, as pessoas que estavam no topo da pirâmide influenciavam o voto de quem estava na base.



Era comum os grandes empresários, os coronéis, no interior, dizerem em quem o eleitor deveria votar. Hoje, principalmente depois da eleição de Lula para presidente, houve uma inversão nessa lógica. É só lembrar os banqueiros que tinham medo de Lula, no início ficaram quietinhos, mas ao perceber o movimento dessa base em direção a Lula, foram juntos. Na verdade, acabaram seguindo a massa. Hoje as pessoas da base social se convencem a votar em um determinado candidato, mais pela opinião de um vizinho, do que por aquilo que ele viu como propaganda publicada em um jornal. Tem muito mais credibilidade o que um amigo falou na comunidade dele, do que o que ouviu na mídia. Grandes empresários, milionários se aventurando em campanhas políticas, sem sucesso, porque acham que o empregado vai votar neles, e não é bem assim. É preciso que o político seja realmente do povo para criar uma identidade com esse novo eleitor. Ele precisa debater nas redes, interagir nas redes, se tornar amigo do eleitor. O que muitos políticos estão fazendo é pegar a propaganda, o jingle, e jogar na rede. 
 
– O mercado de marketing político do Espírito Santo está preparado para essa nova forma de fazer campanha eleitoral?
 
– Acho que sim. Aqueles profissionais que já estavam no mercado de trabalho estão se adequando, estudando, participam de seminários. É uma realidade nova. Temos pessoas de vários estados fazendo campanha aqui e gente daqui fazendo campanha fora. Hoje esses profissionais de marketing político perderam seus domicílios, trabalham em qualquer lugar. E eu percebo que os políticos começaram a acordar para a necessidade de profissionalizar as campanhas. O marketing político é um conjunto de ferramentas que podem potencializar uma campanha. A comunicação é uma das ferramentas, mas há também a gestão da campanha. A campanha tem de ser gerida como se fosse uma empresa, precisa ser departamentalizada. Tem de ter um organograma. Uma das questões fortes da campanha é a estratégia, outra, importantíssima, é a pesquisa. Tem muita gente que trabalha no 'achômetro' ou aquele candidato que acha que sempre fez campanha daquele jeito e sabe como o eleitor se comporta. Mas o comportamento do eleitor muda, o povo vai mudando. 
 
– Você que trabalhou na campanha de 2012, além do caráter dimensional, será uma campanha diferente do ponto de vista do conteúdo? 
 
– Acho que sim. Vai estar muito focada na questão das mídias sociais, nesse novo jeito de se comunicar com a população. É preciso encontrar o jeito correto de se comunicar, essa é que é a grande dificuldade hoje. Mas acho que vai estar voltada para essa comunicação digital. Hoje não temos mais os showmícios, para atrair a população para um comício é muito difícil, mas você não pode abrir mão das mídias tradicionais. Elas se complementam. Eu preciso do rádio, da televisão, do site, do santinho, do jingle. Mas tão importante quanto esse conjunto de comunicação é a estratégia, você ter um grupo pensando a campanha. É como se o marqueteiro fosse um médico, para que se consiga prescrever um remédio, precisa de um exame no laboratório. O que é o laboratório? É o instituto de pesquisa. Ele vai fazer o exame e te entregar o resultado. O profissional do marketing vai pegar aquele resultado, ler com os olhos do marketing, e dali vai formular a estratégia. Marketing sem pesquisa é charlatanismo. Ninguém inventa nada, a população diz o que ela quer. 
 
– E essa nova realidade muda esse sistema das campanhas?
 
– Como essa nova forma de comunicação é muito rápida, a estrutura organizacional das campanhas também tem que mudar. Acho que essa campanha vai ser bacana nesse sentido. Os profissionais da área estão muito requisitados para campanhas, especialistas em mídias sociais já estão sendo identificados no mercado e requisitados. Acho que é um campo novo de trabalho que está se abrindo. Muitos jovens que têm essa expertise de se comunicar na rede vão ter um ambiente novo de trabalho. 
 
– E qual vai ser o principal instrumento dessa nova forma de comunicação com o eleitor?
 
– Acho que é o smartphone. Na campanha de Barack Obama, temos dados interessantes que vão se repetir agora na campanha, porque tem uma demora entre o que acontece lá e o que acontece aqui. Barack Obama teve US$ 6,5 milhões de doações on-line, tinha 130 mil seguidores no Twitter e grande parte dessa comunicação foi feita via smartphone. Ao todo 2,9 milhões de americanos receberam mensagem via torpedo. Por isso acho que essa campanha será diferente da registrada em 2012. Víamos as pessoas com seus notebooks em algum lugar, ou em casa, e no ano que vem as pessoas vão estar nas ruas se comunicando através dos celulares. Acho que aquela campanha que se comunicar melhor por meio dessa ferramenta vai ter uma campanha diferenciada. A campanha vai estar na rua, nas mãos das pessoas, não vai estar em casa.
 
– E a abordagem?
 
– O candidato tem de estar na rede conversando com sua rede de relacionamento. Acho que você tem que transformar sua rede de relacionamento em eleitores, você não pode transformar eleitores em sua rede de relacionamento, o caminho é muito mais difícil. Aquele oportunista que nunca transitou na rede, que não tem amigo nenhum, e chega na véspera da eleição, abre um perfil no Facebook e começa a adicionar todo mundo e acha que todo mundo vai virar milagrosamente virar eleitor dele, está enganado. Esse vai quebrar a cara. Se ele não entender que tem de construir relacionamentos ao longo dos anos, convencendo as pessoas de que ele pode ser uma boa opção, de que pode ser um candidato viável, não vai conseguir. Tem muita gente tentando viabilizar sua campanha para 2014, entrando na rede e criticando a tudo e a todos, e com isso se transformar em um herói par ao próximo ano.  
 
– Isso tem muito...
 
– Com essas manifestações de junho, observamos que houve um processo de franschising. O movimento nacional eclodiu em função das mídias sociais, mas não teve ordenamento, e isso enfraqueceu o movimento.  Mas alguns oportunistas compraram uma franquia e foram para o interior e tentaram copiar isso. Tinham milhares de seguidores no twitter e acharam que iriam reproduzir isso. 
 
– O professor Roberto Simões, também em entrevista a Século Diário, alertou que o movimento não construiu nenhuma liderança própria. Mas  parte da classe política identifica o delegado Fabiano Contarato (PR) como uma figura ligada às redes sociais, por identificação com o perfil de servidor público eficiente. Acha que as redes não produziram um candidato ou que podem adotar um para o próximo ano? 
 
– Para se tornar um político, o caminho é mais árduo. É preciso ter uma trajetória de vida, é preciso ser presente na vida das pessoas, eu não posso vê-la só pela internet. Eu tenho um currículo? Eu tenho uma participação na minha comunidade? Eu tenho condições políticas de lançar meu nome em uma candidatura? Achar que ao colocar o nome na rede, vai se credenciar a entrar em uma disputa eleitoral não é suficiente. Tem muita gente apostando nisso. É preciso entender que na disputa política, os partidos têm muita força. É preciso fazer parte dos grupos políticos, percorrer uma estrada, precisa se viabilizar para isso. Esse movimento ganhou as ruas, mas os políticos tradicionais estão aí e vão disputar as eleições com grande chance de vencer a eleição. 
 
– Este é um ponto de debate, como destacou o professor Roberto Simões, o movimento não gerou nenhum nome, combateu a classe política de uma forma geral, mas vai ter de escolher entre os nomes que já estão no mercado. 
 
– O movimento não tinha liderança e nem objetivos claros. Mas os políticos tradicionais vão ter de analisar com muito cuidado o movimento. É preciso enxergar que existe uma impaciência, que os prazos públicos não estão em consonância com os prazos que a sociedade deseja, é preciso que haja uma reforma administrativa para que o poder público possa atender os anseios da sociedade. É preciso entender os recados que foram dados na rua e transformar isso em políticas públicas para a população. Mas eu percebo que essas pessoas que já estavam aí antes do movimento estão tirando grande proveito desse movimento, colocando-se mais ao lado dessas pessoas que estavam lá protestando.
 
– Então provocou uma reflexão?
 
– Acho que provocou, sim, uma reflexão. A sobrevivência política dessas pessoas vai depender muito do que enxergaram desse movimento, como isso afetou o comportamento. Se pensar nas velhas práticas políticas, do político distante da sociedade, que aparece só na época da eleição para pedir votos, ele está morto. Essa velha prática de fazer política vai morrer, rápido. Do movimento não surgiu, mas se essas pessoas não entenderem que existe uma mudança de comportamento do eleitorado e que há a necessidade de se colocar mais ao lado da população, esse político está fadado a desaparecer. 
 
– Renato Casagrande, Paulo Hartung [PMDB], Magno Malta [PR] e Guerino Balestrassi [PSDB]. Como vê esse cenário?
 
– Acho que o governador atual tem uma arma extraordinária, que são os recursos. O governo tem hoje dinheiro em caixa e os municípios estão quebrados. Então, os prefeitos precisam de dinheiro, e se esse cofre for aberto agora no início do ano, começam a resgatar suas imagens perdidas nesse primeiro ano de crises e acredito que essas pessoas vão estar ao lado do governador. Um prefeito tem liderança muito grande no município e o governador conseguirá assim uma excelente base em cada mundo. Acho que o prefeito que não quiser fazer parte desse movimento vai estar na contramão.
 
– E o ex-governador? Ele saiu com um capital político alto quando deixou o governo. Não sobrou nada? 
 
– Hoje o capital econômico vai falar mais forte do que o capital político. Os municípios precisam muito mais de dinheiro do que de aliado político, e acho que o governador tem um monte de garrafa de oxigênio para dar. 
 
– E a oposição de um senador muito popular, que está com a faca nos dentes?
 
– Acho que Magno Malta tem bandeiras muito claras, tem esse universo de evangélicos no Estado, que é significativo, mas falta a ele alianças mais poderosas, mais prefeitos, mais vereadores para entrar nesta briga, que eu acho que será de cachorro grande. 
 
– O ex-governador tem alinhavado um discurso de excelência, com palestras e encontros, passando a ideia de que é um grande gestor, melhor que seu sucessor. Esse discurso pega? 
 
– As pessoa votam mais pela emoção do que pela razão. Isso é um ponto pacificado. Acho que o candidato que chegar mais perto do coração das pessoas tem mais chances de sair com vitória. Eu não acredito que esse discurso de excelência seja eficiente. Isso é muito antigo. Em 1961 [ eleição presidencial dos Estados Unidos], vimos isso no debate [Richard] Nixon e [John] Kennedy. Nickson, um cara extremamente preparado, já era presidente com mais de 40% de intenções de votos, e o Kennedy, em um debate, venceu com sorrisos e simpatia, mesmo mostrando que não estava tão preparado. As pessoas se encantam muito por isso. Às vezes o discurso de simplicidade produz mais efeito do que um discurso técnico.

Veja mais notícias sobre Política.

Veja também:

 

Comentários:

Nenhum comentário feito ainda. Seja o primeiro a enviar um comentário
Visitante
Sábado, 18 Mai 2024

Ao aceitar, você acessará um serviço fornecido por terceiros externos a https://www.seculodiario.com.br/