Sábado, 20 Abril 2024

​Ação no MP de Contas pede apuração de gastos para compra de cloroquina

andre_moreira_leonardo_sa-6837 Leonardo Sá

O uso do dinheiro público pelas prefeituras de Vitória e Vila Velha para a compra de ivermectina e cloroquina/hidroxicloroquina nos pacientes com suspeita ou confirmação de Covid-19 é o objeto de representação protocolada no Ministério Público de Contas do Espírito Santo (MPC-ES) pelo advogado André Moreira, ativista de direitos humanos. No requerimento, o autor solicita que sejam tomadas as providências cabíveis junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), para responsabilizar as autoridades e servidores públicos que adotaram as medidas em prejuízo do erário e com risco para saúde e vida dos usuários.

A denúncia envolve portarias editadas nas gestões do ex-prefeito de Vitória Luciano Rezende (Cidadania), e do atual de Vila Velha, Arnaldinho Borgo (Podemos), que formam a base para a propaganda desses produtos veiculada em redes sociais pelo vereador Rômulo Lacerda (PSL), que contraria recomendações das autoridades médico-sanitárias, assinada pela secretária de Saúde de Vila Velha, Cátia Lisboa, que ocupou o mesmo cargo em Vitória.

O autor da peça destaca que "o procedimento adotado nas referidas portarias – carecedor de comprovação científica – será utilizado em sua maior parte para os usuários do serviço público de saúde que compõe a parcela mais desfavorecida da população de Vitória e da cidade de Vila Velha, em sua maioria negros e moradores da periferia".

André solicita ainda "informação a ambos os municípios sobre a origem, valor e destinação das verbas utilizadas na aquisição do Kit Covid, como também a indicação da modalidade de compra (com ou sem processo licitatório) e quais são as empresas fornecedoras e o valor das respectivas operações de aquisição dos medicamentos". A portaria foi publicada primeiramente em Vitória, em 29 de junho de 2020, pela então secretária de Saúde Cátia Lisboa, e reeditada no dia 11 de março deste ano, quando ela ocupa o mesmo cargo em Vila Velha.

O advogado ressalta na representação reportagem da revista Piauí, de circulação nacional, segundo a qual Vitória é, proporcionalmente, a capital que recebeu a maior quantidade de cloroquina do Ministério da Saúde. Em 2020, foram enviados ao município 54 mil comprimidos do medicamento, que não tem eficácia para o tratamento de Covid-19 e pode causar efeitos colaterais graves.

A matéria revela que a quantidade de cloroquina recebida pela Capital "seria suficiente para medicar 15% dos habitantes da cidade, cuja população era de 365 mil em 2020, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Prefeitura de Vitória, menos da metade (32%) do medicamento enviado foi utilizada. O uso disseminado "na Capital da Cloroquina" não impediu que a cidade tenha taxa de mortes 47% maior que a do país, com 271 mortes por 100 mil habitantes".

O documento faz a ligação dessas práticas a procedimentos do governo federal e destaca que os "municípios de Vitória e Vila Velha adquiriram com recursos próprios e/ou advindos do governo federal lotes de azitromicina, avermectina e cloroquina ou hidroxicloroquina para distribuição pela rede pública, contrariando recomendações s pareceres de organismos nacionais e internacionais, como a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"O uso dessas drogas para o tratamento da Covid-19 está relacionado à propaganda que tem feito o presidente Jair Bolsonaro, cujo fundamento é ideológico e se opõe constantemente ao posicionamento que as entidades cientificas nacionais e internacionais vem adotando no tempo em que se desenvolveram as evidências da total nocividade do uso da cloroquina e demais medicamentos do Kit Covid".

O advogado condena as ações do federal, ao "divulgar o uso desses medicamentos e de impor sua utilização pela rede pública está também fundada na tentativa de justificar ações irresponsáveis do governo federal como, por exemplo, a compra indiscriminada de material para produção de cloroquina e hidroxicloroquina pelos laboratórios o Exército".

Senador 

No último mês de março, André Moreira questionou o senador Marcos do Val (Podemos) sobre a  distribuição de hidroxicloroquina e azitromicina no ambulatório da Igreja Santa Rita de Cássia, localizado na Praia do Canto, em Vitória, no ano passado, procedente de uma doação anunciada nas redes sociais.    

O advogado pretende identificar as empresas que venderam os medicamentos ao Estado e municípios beneficiados com os recursos anunciados por Marcos do Val, "para verificar se foram as mesmas que fizeram a doação dos kits, o que, segundo ele, demonstraria uso político de dinheiro público". 

Marcos do Val divulgou em rede social no dia 6 de julho de 2020 a liberação de R$ 11 milhões conseguidos por ele em Brasília para a compra de ivermectina e hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19 no Espírito Santo.

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