Sábado, 18 Mai 2024

???Acho que o caminho é oxigenar o partido, trazer novas lideranças???

???Acho que o caminho é oxigenar o partido, trazer novas lideranças???

Rogério Medeiros e Renata Oliveira





“A nossa maior glória não reside no fato de nunca cairmos, mas sim em levantarmo-nos sempre depois de cada queda”

Confúcio



Um dos discursos mais emocionados na posse do prefeito da Serra, Audifax Barcelos (PSB), no último dia 1º, foi o do deputado federal Calos Manato (PDT). A emoção de Manato se entende pelo fato de o deputado ter sofrido dentro de seu partido um processo de desidratação em seu primeiro reduto eleitoral, a Serra.



Nesta entrevista, o deputado que está no terceiro mandato e se orgulha de manter um recorde nacional de presença nas sessões da Câmara dos Deputados, fala sobre seu processo de desidratação e da busca de alternativas que o mantiveram vivo politicamente e o fortaleceram no Estado.



Manato é o coordenador da campanha de Carlos Von (PSL), na eleição extemporânea de Guarapari e fala como está conduzindo o processo eleitoral no município. Fala também como ampliou sua base política, seguindo o exemplo da deputada municipalista Rose de Freitas (PMDB). Sobre o possível embate eleitoral com seu antigo aliado, Sérgio Vidigal, o deputado fala da tranquilidade com a qual está lidando com o processo e como está se preparando para a disputa à reeleição para o quarto mandato no próximo ano.



Século Diário – O PDT vive um momento de crise, saiu derrotado da eleição...



Carlos Manato – Vocês acham? O PDT elegeu oito prefeitos. Nós ganhamos em Linhares, Aracruz, Santa Maria de Jetibá, Guaçuí, Iúna, Governador Lindenberg, Rio Novo do Sul e Bom Jesus do Norte. O PDT fez oito prefeituras e uns quatro vice-prefeitos. É o terceiro em número de prefeituras e o segundo em crescimento, depois do PSB, do governador Renato Casagrande e o PMDB caiu e nós crescemos.



– Mas o deputado não está querendo entrar na crise. O senhor apoiou a candidatura de Audifax Barcelos (PSB), no município da Serra, que é adversário de Sérgio Vidigal, que é do seu partido.



– Isso é verdade. Mas o que acontece é que o projeto da Serra não me cabia mais. Eu tive 28 mil votos na Serra na minha primeira eleição, 20 mil na segunda e 7,5 mil na terceira. Fui prejudicado em diversos momentos. Então, era um projeto que não cabia, não fui ajudado no processo eleitoral de 2010. Tinha a oportunidade de começar o ano como secretário, mas fui preterido pelo partido e quando chegou na eleição do ano passado, tínhamos feito uma aliança de oito anos com João Coser, com o PT, tínhamos feito o planejamento estratégico de ficar com o PT, que garantiria nossos dois vereadores, mas sofremos uma intervenção e o partido foi levado para o PSDB e nós perdemos 50% da bancada. O projeto lá era pessoal, não era um projeto para Manato, então, eu procurei uma alternativa.



– Apesar de o senhor estar à frente do PDT de Vitória, houve essa intervenção...



– Houve essa intervenção e foi uma opção ruim para o PDT, foi um casamento na Justiça, no cartório. Isso foi ruim para o PDT que se enfraqueceu em Vitória. Como eu tenho boa relação com o Audifax...



– Vocês foram do mesmo partido...



– Estivemos juntos no partido. Fui preterido em 2004 para ele ser o candidato a prefeito e eu aceitei bem. Ele me chamou para construir um projeto juntos no dia 2 de fevereiro de 2011. Eu perguntei qual era o projeto. Ele disse que o projeto era Audifax prefeito da Serra. Eu avaliei que não havia conflito com o meu projeto que é ser deputado federal. Ele garantiu que eu seria o candidato a deputado federal do grupo, logicamente outros candidatos virão, no caso o Vandinho (PR), que vai ter o espaço dele também. Onde você não tem espaço, que eu cheguei ao fundo do poço com 7,5 mil votos, todas as lideranças que trabalharam comigo foram tiradas, eu tive mais votos em Vitória do que na Serra.



– Essa decisão de o senhor subir no palanque de Audifax não gerou represálias internas do PDT?



– Eu não me expus. Eu não fui para a rua, não fui para reunião, não fiz exposição pública para não ferir o partido, mantive a ética partidária, mas trabalhei intensamente por um ano e oito meses na construção dessa candidatura. Trabalhei formando aliados, chapa de vereadores, discutindo plano de governo, discutindo estratégia, captação de recursos, mas sem ir para a rua, para não ter problema partidário. Não fiz isso.



– Dos oito prefeitos, quais são seus e quais são dos outros?



–  Eu participei da campanha do Eduardo Stur, em Santa Maria de Jetibá;  da Vera Costa, em Guaçui; do Paulo Coradini, em Governador Lindenberg; do Ubaldo Martins, em Bom Jesus do Norte; do Nozinho Correa, em Linhaes, mais modestamente. Não participei da campanha do Marcelo Coelho, em Aracruz, porque ele não precisava. Não participei da campanha do Rogério Cruz, em Iúna, por não acreditar na campanha, já tive problemas pessoais com ele. Ajudamos ele em 2006, 2008 e quando chegou na minha campanha, em 2010, ele virou as costas para mim. Nas outras participei ativamente, pedindo que os candidatos me ajudem na eleição de deputado federal. Com Nozinho e com Marcelo, o pedido que eu fiz a eles, nesses municípios que têm colégios eleitorais grandes, é que lancem candidato. Eu não sou egoísta, eu não quero tudo para mim e nós temos uma legenda. Então, o compromisso do Nozinho e do Marcelo é de ter candidatura própria do PDT nesses municípios a deputado federal.



– Fora do PDT o senhor também apoiou outras candidaturas, ampliando sua base.



– Eu fui o primeiro candidato com mandato a entrar na campanha de Marquinhos em Anchieta e tenho o apoio dele para deputado federal. Eu participei da campanha de Dr. Jander [Nunes], do PSDB, em Marataízes. Participei da campanha de Amanda Quinta, do PTB, em Presidente Kennedy. Participei também da campanha de Paulo Lemos, do PMDB, em Linhares (ele é Manato), o Esmael Loureiro, do PMDB, em Sooretama. Tenho de 10 a 12 prefeitos, além de Audifax na Serra e Gilson Daniel, em Viana. E se Deus quiser, Carlos Von, em Guarapari.



– Nesses municípios o senhor também coloca emendas do orçamento?



– Na maioria eu botei. Não tinha parceira em Santa Maria de Jetibá. Só lá.



– E como é ficar dentro do PDT nessas condições?



– Eu tenho uma relação muito boa com o PDT e eu não tenho o menor interesse em sair do PDT e não tenho interesse no comando do PDT. Não quero tirar o PDT de ninguém. Eu acho que o partido foi reestruturado pelo Vidigal em 2000 e a gente tem de respeitar. Agora em 2011, o trabalho de Da Vitória foi muito importante. Eu credito esse crescimento do PDT ao trabalho do Da Vitória. Respeito eles, participo só como deputado federal, porque no Regimento Interno, deputado federal está, mas só participo como deputado. A eleição passou e agora é a hora de construir e de caminhar. Não quero bater chapa com ninguém. Eu era o vice-presidente do PDT, abri mão porque eu sabia que haveria o afastamento do Vidigal e eu não era mais a pessoa de confiança para comandar o partido. Eu senti isso, ele não me pediu, eu abri mão para abrir a condição de Da Vitória assumir. Participei das campanhas do PDT. Acreditava, e onde eu acreditava era Iúna eu não fui. Perdemos com Simão, em Venda Nova. Tivemos derrotas. Agora em Guarapari colocamos a vice para o PDT, mas a estadual foi lá e levou o PDT para o Ricardo Conde (PSB). Eu respeitei. Isso me atrapalha, eles poderiam ter entendido que o nosso espaço seria muito maior com a  candidatura do Von, mas eu respeito a posição dele, eu não discuto.



– O PDT tem três deputados federais, mas a leitura que se faz é de que não repetirá essa bancada. Na Assembleia são quatro deputados, mas com linhas de atuação diferentes. Dentro deste cenário, na sua avaliação, qual o caminho do PDT para 2014?



– Acho que o caminho que temos de tomar é o de oxigenar o partido. E como se oxigena o partido? Trazendo novas lideranças. Temos que trazer novas lideranças, pessoas que estão dispostas a ir para a eleição, estimular os prefeitos a buscarem novas eleitores e termos candidatos a deputado federal e estadual. Foi isso que conversei com Nozinho e Marcelo, para que eles tragam candidatos do PDT, pedi para não trazerem de partidos aliados, não, trazer do PDT. Eu estou criando algumas lideranças para reforçar a chapa estadual. O vereador Luisinho, em Vitória; o vereador Valter Rocon, em Vila Velha, a presidente da Câmara de Anchieta, a Dalva, e o vereador Bruno, em Marataízes. São quatro pessoas ligadas a mim, que estou estimulando a virem candidatos a deputado estadual no próximo ano para ter uma legenda boa. Então, acho que o caminho do PDT é esse: ter boa chapa de estadual e federal, se fortalecer. E se tiver espaço na majoritária, pode ser que surja como uma terceira força.



– O senhor não é presidente do partido, mas também articula bem, não é?



– Eu sou pedetista. Quero o bem do meu partido. Se eu não quisesse o bem, eu sairia. Motivos, eu tenho. Eu não posso sair porque eu gosto do partido...



– Mas tem a questão da fidelidade partidária também.



– Mas eu tenho instrumentos que me dão condição de sair. A própria intervenção do partido é um motivo, mas isso não passa pela minha cabeça. Se estou no partido tenho que trabalhar para fortalecê-lo. A estadual é mais importante que a federal porque na federal, no final, embola todo mundo, faz um chapão e você não fica sem legenda. Você pode disputar com gente de mais peso. Então, não me preocupo com os outros candidatos, eu me preocupo com o meu trabalho. Cada um que faça o seu. Quem está trabalhando melhor nesses quatro anos, em relação ao Estado, vai ter mais facilidade em 2014. Eu não me preocupo com ninguém, porque se eu me preocupasse eu não teria ganhando a eleição em 2006 e em 2010. Em 2006, eu era o candidato com mais chances de reeleição. Eu tinha a prefeitura da Serra, tinha crescido na Serra, de repente, surgiu uma outra candidatura. Cheguei a pensar que eu tinha perdido a eleição, quando fizemos a coligação, eu ressuscitei. Fizemos uma coligação com PP e PPS e eu fiz as contas e vi que davam três e eu era o terceiro e foi minha eleição mais fácil. Em 2010, quando eu vi o Fla- Flu na Serra, todas as minhas lideranças saindo, eu fui para o interior, abrindo novos espaços, foi essa a estratégia. Eu tive 53 mil votos fora e 7,5 mil na Serra. Para 2014 eu ampliei muito meu leque, vou ter uma abertura muito grande com Audifax, esses novos prefeitos que eu tive. Mas eu crio esses espaços. Quantos estão em férias. Eu suspendi minhas férias e estou acreditando em um projeto. A vitória vai me dar uma tranquilidade muito grande lá na frente.



– Em Viana também.



– O vice do Gilson Daniel é do PDT, o Faustão, que era ligado à deputada [Solage Lube, do PMDB]. Quando eu fui lá não havia nem pesquisa mostrando ele na frente. Eu acreditei na candidatura, caminhei com o Gilson, coloquei meu pessoal lá para trabalhar. Eu acreditei no projeto Gilson Daniel.



– A nova eleição em Guarapari é uma eleição curta, atípica e bastante acirrada. O senhor coordena o projeto de Carlos Von (PSL). Como está vendo esse cenário em Guarapari?



– Eu quero morar em Guarapari. A minha esposa tem muito problema respiratório e fizemos um projeto a médio prazo. Com a nova eleição eu pensei em apostar em um projeto que eu acredito e que tem espaço. Vou dar só um exemplo, eu fui em Conceição da Barra para perder. Eu tinha pesquisa na mão, que dava 60% para o Jorge Donatti (PSDB) e Pé de Boi (PSB), 20%. O PDT me chamou para ir lá, eu disse: eu vou. Vou criar um elo com Pé de Boi, que pode me dar uns 500 votos no futuro. Então, eu olhei o cenário de Guarapari. O Edson Magalhães está ligado aos Ferraço, ao PMDB, então já tem um grupo formado. O Ricardo Conde tem todo o PSB com ele. Quem o Von tinha? Ninguém. Vou trabalhar o Von porque até perdendo eu estou ganhando. Ele pode ser candidato a deputado estadual e  fazer uma dobradinha comigo. Conversei nesse sentido com ele. Só que eu participei tanto na escolha do vice dele, ajudei na construção.



– E como o senhor virou coordenador da campanha?



– Eu me lembro que faltando três minutos para terminar o prazo de registro de candidatura, estávamos no cartório e uma repórter perguntou ao Carlos Von quando começava a campanha. Eu falei: amanhã. Ela perguntou por onde?  Eu falei: pelo mercado de peixe e pela feira, que é o local que tinha movimento em Guarapari naquele dia. Saímos de lá, reunimos uma pessoa e eu falei: vamos entrar pelo mercado de peixe, vamos sair pela feira. Se a gente sentir que está ruim, a gente come um pastel e volta. Se a gente sentir que está bom, a gente continua. Fizemos festa. Eu falei com ele: Carlos Von, vai em quem está vendendo e esquece quem está comprando. Porque quem está vendendo é de Guarapari. Ficamos duas horas e meia na feira e eu vi que ele era leve. Fiz uma reunião vimos quem estava lá e me disseram que eu tinha de ser o coordenador. Eu não queria, queria caminhar. Mas ele me chamou no outro dia. Avaliei, conversei com minha esposa, que estava de férias, assumi a campanha. Falei com ele que a eleição de Guarapari é uma corrida de 100 metros, que der um passo em falso na saída, perde a eleição. Quem tropeçar no meio, perde a eleição e, quem tropeçar no final, também perde a eleição.



– Há muita boataria em cima de seu candidato, não é?



– Na primeira eleição era Jesus Cristo. Não tinha defeito. Agora, na nova eleição, ele já tem, né? Teve essa história do Gratz, de que ele era ligado a José Carlos Gratz e eu não tenho nada contra ele, me trata muito bem, mas ele foi convidado a sair do partido em abril, o rapaz entrou em setembro. E o Gratz foi categórico, como ele sempre é: “Não conheço, nunca vi, não sei quem é e só por ele estar com o PT estou contra ele. Eu fico com capeta, mas não fico com o PT”. Depois veio uma historia de que Kátia Leão era a coordenadora da campanha dele, não é. Sou eu, está nos jornais todos os dias. Agora tem o boato de que Orly Gomes (DEM) ofereceu R$ 2 milhões para que o Von aderisse à campanha dele. Todo dia aparece um novo boato.



– Mas voltando ao seu projeto, seu destino é deputado federal, não é?



– Eu trabalho com plano A, B, C, D e E. O plano A é ser deputado federal e com todo mundo que converso, eu peço voto para deputado federal. Mas se surgir a oportunidade para uma outra coisa, estou disponível para conversar.



– O ex-prefeito Sérgio Vidigal foi o grande derrotado da eleição do ano passado e precisará se reerguer politicamente em 2014 e o espaço que parece mais adequado para que ele dispute é uma cadeira de deputado federal. Então, provavelmente, o deputado terá que enfrentá-lo na Serra. Como o deputado vê isso?



– Eu vejo com muita tranquilidade. Acho que o PDT do Estado deve o crescimento dele desde 2000 ao Vidigal. Foi ele quem reconstruiu, deu força, com mandato de prefeito 12 anos, não podemos tirar os méritos dele. Eu estive com o ministro [ministro do Trabalho Brizola Neto] e ele me perguntou o que eu achava de Vidigal. Falei que Vidigal é partidário, tem todos os méritos, só teve um partido na vida dele, que é o PDT. Tem uma experiência de ter passado pelo Ministério e a presença dele vai contribuir muito. Fui honesto com o ministro e se tivesse que ter aval de alguma coisa, seria um aval em branco. Fui muito sincero, porque é a verdade. No processo eleitoral, cada um busca seus espaços. Como ele vai buscar na Serra e em outros lugares, eu também vou buscar. Só que eu não tenho vaidade. Eu quero ganhar a eleição com um voto acima do primeiro suplente. Não quero ser o mais votado do Estado, não tenho essa pretensão, porque quando chega lá, é tudo igual. Se tiver uma coligação boa que faça dois, eu vou trabalhar para que ele seja o primeiro, sem problemas. O problema é que as pessoas entram na política querendo ser o melhor, o maior.



– Mas o Vidigal vai estar com o senhor na linha de tiro



– Ele pode estar comigo na linha de tiro dele, mas eu não vou estar com ele na minha linha de tiro. Não vou me preocupar com ele. Porque se eu me preocupasse com a Sueli Vidigal em 2006 e em 2010, com Camilo Cola (PMDB), com Guilherme Lacerda (PT), com Jorge Silva (PDT), com Lauriete (PSC), eu não era deputado federal. Eu não me preocupo com ninguém. Estou preocupado em trabalhar e buscar meus espaços.



– Mas como é essa história de mudar de campo eleitoral com tanta frequência?



– Eu não mudo de campo eleitoral. Eu busco espaço. A política não é lugar de preguiçoso. Eu acordo cedo, eu andei 20 mil quilômetros nessa eleição e outra coisa, há 1.030 sessões consecutivas, em Brasília, que eu não tenho nenhuma falta. Eu sou determinado. Sou pago pela população para trabalhar, então faço minha parte. Sou um deputado presente nos municípios. Eu vi um modelo que deu certo, chama-se Rose de Freitas. Eu sigo esse modelo.





 

 



 

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