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‘Acredito nos trâmites da Casa’, diz Açucena sobre processo de cassação

Vereadora denunciou que Sérgio Camilo a ameaçou com mais dois pedidos semelhantes

O pedido de cassação do mandato da vereadora de Cariacica, Açucena (PT), como antecipado pelo presidente da Câmara, Lelo Couto (MDB), foi lido no expediente da sessão desta segunda-feira (30) e encaminhado para a Procuradoria. Açucena declarou “acreditar nos trâmites da Casa” e denunciou que o vereador Sérgio Camilo (União), que propôs o processo disciplinar argumentando quebra de decoro parlamentar, a ameaçou com mais dois pedidos semelhantes.

Reprodução

A ameaça, segundo a vereadora, foi feita a ela quando Sérgio Camilo chegou à sessão. Quando Açucena subiu na tribuna para falar sobre o processo, o vereador já tinha ido embora. Ela destacou que a iniciativa trata-se de “perseguição política e tentativa de intimidar nosso mandato” e destacou: “Não tenho medo do Sérgio Camilo e dos pedidos dele”, destacando ainda que “uma análise séria e técnica dificilmente encontra elementos reais e jurídicos que sustentem o pedido”.

Açucena questionou: “porque tentar intimidar o mandato?”. “O que nosso mandato significa? É o único de oposição, questiona a falta de remédio, falta de acesso a consultas, tudo isso a gente escuta estando dentro dos territórios. Porque incomoda o único mandato que votou contra o aumento do salário dos secretários de R$ 13 mil para R$ 23 mil? Somos o mandato que dialogou e ouviu professores sobre o cansaço, desestruturação e sobrecarga nas salas de aula”, elencou.

A vereadora também fez outro questionamento: “será que ele [Sérgio Camilo] não tem demandas na cidade? Será que não foi eleito para representar a cidade?”. O pedido feito pelo vereador requer, além da cassação, afastamento imediato de Açucena de suas funções e a convocação do suplente, Alexandre Lemos, que somou 2.360 votos na disputa de 2024.

No documento, Sérgio Camilo afirma que tomou conhecimento de que Açucena, “em diferentes ocasiões e perante diversas pessoas, tem propagado declarações inverídicas e ofensivas à sua honra e imagem, alegando que o mesmo teria realizado ‘manobras políticas’ para assumir a cadeira de vereador da Câmara Municipal de Cariacica”.

As declarações, aponta, “referem-se ao momento que o vereador titular de sua coligação assumiu o cargo de secretário na prefeitura municipal, fato que, nos termos da legislação vigente, resultou na convocação legítima deste vereador, para ocupar a vaga de forma interina”. Sérgio Camilo é suplente de Edgar do Esporte (União), eleito com 4,6 mil votos, e que hoje atua como secretário de Relações Comunitárias.

Segundo o autor do pedido, as falas “não apenas carecem de qualquer prova ou fundamento, como também visam deslegitimar o exercício regular e legal do mandato desse vereador, atentando contra a sua honra, dignidade parlamentar e imagem da própria Câmara Municipal”. O vereador anunciou que faria o pedido de cassação na sessão do dia 16 de junho. A fala provocou reação da sociedade civil, que compareceu ao Plenário da Casa de Leis na sessão do dia 18.

Jovem liderança de 25 anos, Açucena se tornou a única figura de oposição ao prefeito Euclério Sampaio na Câmara de Vereadores. Ela é primeira mulher que o PT elegeu para o parlamento em Cariacica, e disputa a presidência do diretório municipal pela corrente Democracia Socialista (DS) e o campo de oposição “Para Voltar a Sonhar” (PVS), que apoiam João Coser para presidente da Executiva estadual.

Abaixo-assinado

Além da manifestação na Câmara no dia 18 de junho, apoiadores da vereadora divulgam o abaixo- assinado “Manifesto Açucena Fica“, capitaneado pelo movimento Kizomba. O documento destaca que o mandato da vereadora é “transparente, participativo e guiado pelas demandas do povo de Cariacica. Desde o início, esteve nas feiras, escutando a população em Plenárias setoriais, visitando escolas e Unidades Básicas de Saúde, atuando em defesa da cultura popular, pelos direitos das mulheres, e pela garantia da liberdade religiosa”.

Acrescenta que “por ser firme em suas posições, por denunciar injustiças e não se curvar aos privilégios da política tradicional, seu mandato incomoda. E por isso tentam calá-lo”. Destaca, ainda, que “Açucena é cria de Padre Gabriel, formada em Enfermagem, mestranda em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), militante dos movimentos sociais, do Movimento Negro Unificado, do Enegrecer e do Fórum de Mulheres de Cariacica”.

Recorda, também, que “na Câmara, preside a Comissão pelos Direitos da Mulher e foi autora do projeto de criação da Procuradoria da Mulher – instrumento essencial para garantir os direitos e a proteção das mulheres em Cariacica”. “Este é um momento crucial de resistência e unidade! O ataque ao mandato de Açucena é um ataque à luta coletiva, as mulheres, aos negros e negras e a comunidade LGBTQIA+. Não aceitaremos retrocessos! Por isso, convocamos movimentos sociais, partidos políticos e o conjunto da população para assinar este manifesto em defesa deste mandato que é do povo e para o povo”.

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