A secretária da Fazenda, Ana Paula Vescovi, mantém dialogo constante com os colegas de pasta de Alagoas, Goiás, Paraná e São Paulo. O quinteto vem trocando informações sobre o projeto do governo federal que garante o alongamento da dívida dos Estados com a União por 20 anos. O conteúdo político dessa movimentação é que vem preocupando a classe política.
O projeto traz contrapartidas que são defendidas pelos Estados, medidas que caem como luva no discurso de crise que vem sendo adotado pelo governador Paulo Hartung (PMDB) desde sua eleição, em 2014. Os cortes nos gastos da máquina pública fazem parte das exigências e fomentam a tese de que o Estado estaria desorganizado, um discurso de desconstrução do antecessor de Hartung, Renato Casagrande (PSB).
Além disso, Hartung sempre foi um governador que defende o enxugamento da máquina pública para garantir uma imagem de gestor que faz o Estado ter contas equilibradas, mesmo que para isso, tenha que cortar investimentos em serviços e, sobretudo, evitar criar gastos permanentes.
Entre as contrapartidas exigidas pelo governo federal e defendidas pelos cinco estados estão a não concessão de aumentos salariais ao funcionalismo, não nomeação de concursados, redução da despesa de cargos comissionados.
A dúvida dos meios políticos é se o governo atenderia a exigência de não conceder renúncia ou qualquer tipo de benefício fiscal. Como a Assembleia aprovou no apagar das luzes de 2015 um projeto de lei do governo que exclui da Constituição Estadual o artigo que obriga a publicação dessas concessões e seus beneficiários, assim como o valor envolvido, não é possível saber se o Estado continua concedendo esses benefícios.
O apoio do Espírito Santo ao projeto do governo federal pode trazer ainda mais prejuízo político à imagem do governador Paulo Hartung. Os cortes no governo vêm prejudicando os serviços oferecidos, principalmente nas áreas da educação e da saúde. Os servidores públicos em geral estão insatisfeitos com o tratamento do governo, com a aprovação da matéria e o apoio dado pelo governo à proposta, a situação deve se agravar.

