Quinta, 02 Mai 2024

As investidas de PH e as tentativas de leitura do mercado político

As investidas de PH e as tentativas de leitura do mercado político
 
Nerter Samora e Renata Oliveira
 
A semana foi um turbilhão de eventos que influenciam no processo eleitoral do próximo ano. Papo de repórter analisa os efeitos nos movimentos do ex-governador Paulo Hartung.
 
Nerter ??? A semana foi um turbilhão de eventos que contribuíram para confundir ainda mais o cenário eleitoral do próximo ano. Isso vem a calhar com a estratégia do ex-governador Paulo Hartung (PMDB). Afinal, quanto mais o mercado fica confuso, mais se adia a disposição das peças no tabuleiro e mais seguro ele fica sobre os passos a serem tomados em 2014. Enquanto isso, o governador Renato Casagrande (PSB) ainda acalenta a ideia de uma união, que para o mercado político se torna cada vez mais distante. Mas o que quer Paulo Hartung para 2014? O Senado, o governo ou os dois?
 
Renata ??? Uma das leituras que se faz de seus movimentos é de que sua estratégia se divide em dois estágios. O primeiro já teria sido alcançado, ao tirar das mãos do governador Renato Casagrande o controle do tabuleiro eleitoral. Controlando a movimentação eleitoral, ele pode ter uma ideia muito mais clara sobre a disposição das peças e escolher a melhor colocação no jogo. Pode ser o Senado, pode ser o governo ou pode não ser nenhum dos dois. Ter o controle não significa necessariamente ter um cargo eletivo. Se ele tiver um aliado forte e confiável no Palácio Anchieta, pode se considerar vencedor sem disputar um voto sequer. 
 
Nerter ??? Na verdade o que Hartung precisa não é da caneta e sim da blindagem e da certeza de que os encaminhamentos dados em seu governo em favor de um determinado grupo continuarão a ser cumpridos. Casagrande assumiu as dívidas deixadas pelo governo passado, e ajudou na blindagem de Hartung. Mas a pressão sobre ele é grande e um segundo mandato poderia afastar de vez o governador dos olhos de seu antecessor. Isso tiraria de Hartung o controle palaciano e da classe política. 
 
Renata ???  A estratégia de Hartung parece se dar em duas frentes: uma local e outra nacional. No Estado, os movimentos são claros. Sacou dois aliados para desestruturar a base de Casagrande e por em xeque a manutenção da unanimidade. Assim surgiu a candidatura muito antecipada de Guerino Balestrassi (PSDB) e o aparente movimento de Ricardo Ferraço (PMDB) se credenciando para a disputa. Até mesmo a manutenção da candidatura de Magno Malta (PR), neste momento, ajuda Hartung, já que desestabiliza Casagrande. 
 
Nerter ??? Mas nem tudo nesses movimentos locais foi exitoso. A chamada barrigada de O Globo, como se diz no jargão jornalístico, acompanhada pela imprensa local, incluindo Século Diário, sobre o suposto mandado de prisão contra o ex-prefeito da Serra Sérgio Vidigal desmontou uma parte importante dessa estratégia: a ida de Hartung para o PDT. A notícia não foi verdadeira, mas chamou a atenção sobre a fragilidade do pedetista e se tem uma coisa que Hartung não quer neste momento é ver seu nome associado a qualquer problema judicial. Agora com a saída de Vidigal do Ministério do Trabalho, confirmada nesse sábado (14), a ventilada ida para os lados pedetistas fica completamente inviabilizada...
 
Renata ??? Evidentemente, o ex-governador vai negar a partir de agora qualquer movimento neste sentido. Nesse sábado (14) mesmo o deputado federal Lelo Coimbra (PMDB) se apressou em afirmar que Hartung continua no PMDB, que a possível saída do ex-governador do partido não passa de especulação do jogo político. O prefeito de Vila Velha, Rodney Miranda (DEM), aliado de Hartung, também afastou a saída do amigo do PMDB. Apesar das declarações, a classe política já conhecia esse fato. Nacionalmente a estratégia de Hartung acompanha o cenário de disputa presidencial com muita atenção. Em uma reunião com o vice-presidente Michel Temer, Hartung e Ricardo Ferraço se apresentaram como os nomes capazes de cumprir a lacuna deixada no Estado com a candidatura socialista de Eduardo Campos. 
 
Nerter ??? Para consolidar o movimento conseguiu uma nota na imprensa nacional empurrando Casagrande para a campanha de Campos. Como a imprensa nacional desconhece a realidade local, acabou comprando a ideia de que o governador está apoiando seu correligionário, embora Casagrande tente a todo custo vender  a ideia de neutralidade em seu palanque. Mas vale lembrar que esse movimento de Hartung só acontece agora, com a retomada da popularidade da presidente Dilma e porque os demais candidatos talvez não consigam superar a campanha da presidente, principalmente quando o fator Lula for acionado. 
 
Renata ??? Como Hartung vai fazer para convencer a cúpula petista nacional e a própria Dilma sobre a fidelidade de seu palanque é que será curioso. Logo Hartung que passou grande parte de seu mandato jogando a culpa pelas lacunas sociais no governo federal. Esteve afastado dos palanques do PT nas três últimas eleições presidenciais. Isso pode ser um complicador para convencer os meios políticos de suas intenções. Será que ele consegue?
 
Nerter ??? E o movimento que Hartung faz é bem evidente também, não é? Primeiro ele joga no mercado essa ideia de que poderá ser candidato ao governo ou ao Senado, mas depois adota o silêncio e posa na fotografia ao lado de Casagrande. Ou seja, aquece o mercado e depois esfria o clima aumentando a indefinição da classe política e acalentando o desejo de Casagrande em manter a unidade de 2010. Mas ele já fez isso em pleitos passados. ?? sempre a mesma movimentação, com balão de ensaio de aliado, com emissários disseminando notinhas e a negativa dele em comentar o assunto. 
 
Renata ??? A tática é antiga mais funciona. Tanto que agora a grande pergunta que se faz nos meios políticos é: Hartung é mesmo candidato? Todos estão de olho em sua próxima movimentação. E enquanto ele não se movimenta ninguém faz nada. O exercício agora é de tentar antever seu próximo passo. Até porque o movimento de Casagrande é muito claro. Ele não tem outra opção senão disputar a reeleição, com ou sem o apoio do ex-governador Paulo Hartung e precisa reunir forças para lidar com o palanque dele, independentemente da posição que seu antecessor terá na disputa. Casagrande tem a máquina e isso ajuda, tem 22 prefeitos de seu partido e o apoio do prefeito da Capital, Luciano Rezende (PPS), e do prefeito da Serra, o maior colégio eleitoral do Estado, Audifax Barcelos. Ainda tem tempo de garantir uma boa queda de braço. Hartung, porém, ainda conta com parte da imprensa e com movimentações externas que lhe dão um tamanho considerável. Isso sem falar em uma central de boatos muito fortes que atua a seu favor. 
 
Nerter ??? Ou seja, o jogo está mais aberto do que nunca. E o tabuleiro eleitoral se mostra disponível para novas movimentações de peças, tanto pelo governador, quanto por seu antecessor, que se mostra hoje como um virtual adversário...
 
Renata ??? Não é exagero repetir aquela velha máxima, bastante utilizada nas eleições passadas... Agora todo mundo é japonês. E que Casagrande fique de olhos bem abertos.

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