Quarta, 24 Abril 2024

​Caminhoneiros mantêm bloqueio parcial e clima de enfrentamento continua

caminhoneiros_2_reproducaoyoutube Reprodução Youtube

Os apelos do presidente Jair Bolsonaro e do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, feitos na noite dessa quarta-feira (8), não conseguiam parar totalmente o bloqueio promovido por caminhoneiros bolsonaristas em estradas federais desde o feriado de 7 de Setembro. A paralisação continuava nesta quinta-feira (9), inclusive em vários pontos do Espírito Santo. No início da tarde, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Estado, por meio de sua assessoria, afirmou que "não há nenhum bloqueio nas rodovias".

No entanto, os caminhoneiros mantinham, ainda nesta tarde, paralisações na BR-101, em Ibiraçu, Viana (foto abaixo) e Mimoso do Sul, com bloqueios parciais, com protesto contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), no mesmo clima de conflito adotado pelo presidente Bolsonaro. A PRF pode que a população denuncie qualquer tipo de barreira. 

Reprodução YouTube
O bloqueio dos caminhoneiros é o prosseguimento do golpe idealizado pelo presidente, previsto para ser anunciado no feriado de 7 de Setembro, que foi barrado por incapacidade de mobilização, apesar das caravanas pagas levadas a Brasília e a São Paulo, e atuação de forças de segurança, acionadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Agentes policiais impediram a ocupação de prédios públicos em Brasília, frustrando os planos de subjugar instituições.

A partir dessa quarta-feira, partidos políticos e lideranças  da elite empresarial intensificaram as conversações visando possibilitar a abertura do processo de impeachment de Bolsonaro, diante da cumplicidade do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que se recusa a desengavetar os mais de 100 pedidos nesse sentido. 

Nesta quinta, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luis Roberto Barroso, fez um pronunciamento duro com críticas a Bolsoaro e garantindo a realização de eleições livres em 2022. Barroso citou a "descompostura" do presidente e ressaltou que o Brasil é motivo de chacota no mundo por conta dos procedimentos antidemocráicos de Bolsonaro. 

De outro lado, setores do governo não conseguiram parar a mobilização promovida por caminhoneiros, que atingiu pelos menos 13 estados brasileiros e começou a afetar a economia, com ameaça de desabastecimento. Ocorreram filas em postos de gasolina por conta da desinformação, estimulada por setores do governo, de que Bolsonaro havia decretado Estado de Sítio, situação na qual o presidente da República assume todos os poderes, com a aprovação do Congresso.
Reprodução Twitter

O STF foi alçado pelo presidente da República à condição de inimigo número um do governo, a partir de prisão de alguns de seus aliados, como o deputado federal Daniel da Silveira (PSL-RJ), em junho deste ano, ocorrida por ele ter publicado vídeo no qual fez críticas aos ministros do STF e defendeu o Ato Institucional nº 5 (AI-5). Além de outras prisões, há em andamento o inquérito que apura a divulgação de fake news com ataques a instituições e mensagens com conteúdo de desinformação.

Uma das mais recentes é um vídeo divulgado nas redes sociais em que grupos de caminhoneiros aparecem comemorando a decretação de "estado de sítio" pelo presidente Bolsonaro. Em meio a choros, abraços e palavras de ordem contra o STF e em total delírio, eles se abraçam com o inexistente decreto, condição que só pode ser adotada em situações especiais, com aprovação do Congresso Nacional. A realidade é outra.

"Nós somos contrários à paralisação", explica Cláudio de Oliveira, diretor do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), residente em Guarapari. Ele aponta que essa "a pauta é dos trabalhadores autônomos, sob o comando do pessoal do agronegócio; é um movimento político". A paralisação tem ligações com o cantor Sérgio Reis, segundo o presidente da entidade, Plínio Dias.

No último dia 3, o CNTRC distribuiu nota de repúdio aos "atos antidemocráticos" anunciados para este 7 de Setembro, posicionando-se contra a enxurrada de convocações espalhadas em redes sociais sem qualquer respaldo da categoria. 

Reprodução/YouTube

Entre os bolsonaristas que reagiram ao pronunciamento do presidente do STF, Luiz Fux, está o cantor gospel Magno Malta (PL), também ex-senador, que em vídeo nas redes sociais afirma que o discurso é arrogante, feito como se o ministro fosse um dos "donos do poder". Em outra parte, diz: "Eu entendi seu discurso como um discurso de corporação (...); o que Alexandre de Moraes tem feito está correto, é justo? (..) você conhece a Constituição?".

Malta contesta o inquérito que apura a divulgação de fake news pelo chamado gabinete o ódio, montado no Palácio do Planalto, e as prisões de bolsonaristas por crime de reponsabilidade, contra a segurança nacional e outros procedimentos dos ministros, a fim de impedir a escalada de atos que atentam contra as instituições e a democracia. No final diz que o ministro Fux só falou a verdade no início e conclui batendo continência em postura militar, uma das marcas do bolsonarismo, que defende uma população armada. 

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Comentários: 1

GUSTAVO em Sexta, 10 Setembro 2021 10:49

Estão danificando caminhões de trabalhadores que não querem aderir ao protesto em favor de um cara que defende torturador, AI-5, fala em fuzilaras minorias e vem falar em liberdade de expressão. Um verdadeiro absurdo, e na cara da PRF.

Estão danificando caminhões de trabalhadores que não querem aderir ao protesto em favor de um cara que defende torturador, AI-5, fala em fuzilaras minorias e vem falar em liberdade de expressão. Um verdadeiro absurdo, e na cara da PRF.
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