Miguel Junior e Pablo Pereira disputam eleição interna no município

Miguel Junior, atual presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) na Serra, disputa a reeleição contra Pablo Pereira no Processo de Eleição Direta (PED). Em meio às discordâncias, há pelo menos uma concordância importante: o prefeito Weverson Meireles (PDT) não dialoga com o PT.
No segundo turno das eleições de 2024, o Partido Democrático Trabalhista (PDT) lançou uma nota oficial descartando uma articulação com o PT, que até então sinalizava apoio a Meireles – no primeiro turno, os petistas tiveram Roberto Carlos como candidato. Pablo Pereira afirma que “ficou um clima chato” após o ocorrido. Ele defende que a postura do PT precisa continuar “aberta ao diálogo”, mas não vê muito espaço com a gestão atual.
Já Miguel Junior foi mais incisivo ao criticar o que considera como uma piora da qualidade dos serviços públicos nesse início de gestão de Meireles, e destacou que o partido, institucionalmente, nunca conseguiu conversar com o prefeito. “Na administração, hoje, não cabe o Partido dos Trabalhadores”, ressalta.
Em 2024, na disputa majoritária, o candidato do PT na Serra ficou apenas em penúltimo lugar, com 7,5 mil votos. A sigla também não elegeu nenhum vereador. Na legislatura passada, havia ganhado Elcimara Loureiro, que conseguiu uma liberação para se desfiliar do Progressistas (PP) no meio do mandato parlamentar. Elcimara ficou como suplente no último pleito.
Mesmo assim, Miguel defende que o resultado, em termos comparativos, foi bom: “A votação foi totalmente positiva se comparada a 2020. Saímos com o dobro de votos. Estamos na Federação [Brasil da Esperança, composta por PT, PCdoB e PV]. Dessa vez, o PV [Partido Verde] elegeu vereador [Stefano Andrade]. E os suplentes são do PT”.
Ligado ao Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil do Estado (Sintraconst), Miguel foi eleito presidente do PT da Serra em 2017, reeleito em 2019, e reconduzido para um mandato tampão em 2024. Não iria se candidatar de novo, mas houve uma mudança nas regras, que lhe permitiram mais um mandato, e vai representar a corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), da deputa federal Jack Rocha, que também busca se reeleger como presidente estadual. Elcimara está na chapa da CNB para o diretório.
Pablo Pereira, por sua vez, tem uma visão diferente sobre os resultados do PT. “Um município com 600 mil habitantes, um partido com relevância, com o presidente da República, e não conseguir eleger vereadores, a gente sai com uma experiência muito ruim”, afirma. Segundo ele, o PT “está parado”, não se reúne e não tem organização. “Se o partido tivesse se reunido antes, teria apresentado candidaturas prioritárias na Serra”, defende.
Ligado à corrente Alternativa Socialista, Pablo tem atuação no Sindicato dos Trabalhadores do Mármore e Granito do Espírito Santo (Sindimármore). No PED da Serra, representa o campo de oposição Pra Voltar a Sonhar, que neste ano firmou parceria com o deputado estadual João Coser, que esteve ao lado de Jack Rocha na eleição passada. Roberto Carlos é um dos que compõe o grupo de oposição.
Se eleito, Pablo promete ceder a presidência no segundo biênio para Eliandro Rosa dos Reis – assim como na composição estadual, em que João Coser prometeu ceder a presidência para a deputada estadual Iriny Lopes.
O acordo de Coser com o campo de oposição foi criticado por Miguel Junior. “A CNB sempre esteve do lado do Coser. O Pra Voltar a Sonhar, não. O problema do João é a eleição de 2026 disputando em 2025. Ele deve estar achando que a adversária é a Jack Rocha. Mas o posicionamento pessoal dele eu não posso falar”, comenta.
Planos e perspectivas
Caso permaneça na Presidência do diretório, Miguel defende que o partido deve ter como meta voltar a disputar os movimentos populares, algo que se perdeu nos últimos anos. Para as eleições de 2026, a prioridade número um é contribuir para a reeleição do presidente Lula, além de outros candidatos do partido, como o senador Fabiano Contarato.
Pablo vê como um ponto central reorganizar o partido. Segundo ele, o PT precisa ter uma sede social na Serra para abrigar os movimentos sociais. Sobre as eleições de 2026, prefere deixar essa discussão para depois que finalizar o PED. “As pessoas não querem só propostas na época de campanha, querem estar junto na construção do partido”, acrescenta.
A votação do PED está marcada para o próximo dia 6 de julho. Foram registrados inscritos em pelo menos 62 das 78 cidades do Espírito Santo.