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Candidatos do PT em Cariacica fazem avaliações opostas sobre derrota em 2024

Gaurink, atual ocupante do cargo, disputa presidência com a vereadora Açucena

Nas eleições de 2024, o Partido dos Trabalhadores (PT) teve uma derrota expressiva na disputa majoritária em Cariacica: o prefeito Euclério Sampaio (MDB) foi reeleito com 88,41%, contra apenas 9,08% da petista Célia Tavares. A avaliação sobre as escolhas feitas no ano passado – e o que o partido deve manter ou mudar em termos de projeto político – está no centro da disputa entre Luiz Carlos Gaurink, atual presidente do diretório municipal, que tenta se manter no cargo, e a vereadora Açucena, que também que ser eleita para o comando do partido no Processo de Eleição Direta (PED).

Redes Sociais/Leonardo Sá

Gaurink é representante da corrente Construindo um Novo Brasil (CNB), majoritária no PT nacional, que apoia a reeleição da deputada federal Jack Rocha para a presidência da Executiva estadual. Para ele, a opção por uma candidatura própria em 2024 foi prejudicial para o partido.

“Tivemos perdas. Eu acredito que a gente deveria ter se concentrado na disputa proporcional. O PT está se isolando, perdemos muitas lideranças, inclusive com mandato. A Federação [Brasil da Esperança] em Cariacica não tinha conversa com a Célia Tavares, ela foi avalizada pela Nacional. O próprio Helder [Salomão, deputado federal e ex-prefeito de Cariacica], quando deveria ter se colocado como candidato a prefeito em eleições anteriores, não se colocou”, critica.

Advogado trabalhista e com trajetória ligado ao Sindicato dos Empregados no Comércio do Espírito Santo (Sindicomerciários-ES), Gaurink era vice-presidente do PT de Cariacica até 2023, quando assumiu a presidência no lugar de André Lopes, ex-vereador petista que deixou o partido por discordâncias internas e alegando falta de espaço e impedimento de disputar para deputado estadual e prefeito, migrando para o lado de Euclério Sampaio.

Durante as articulações do processo eleitoral de 2024, Gaurink, como presidente, se viu no papel de conduzir o partido para a candidatura própria, a contragosto de militantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e Partido Verde (PV), que defendiam apoio a Euclério Sampaio. Ele mesmo foi candidato a vereador, mas obteve apenas 631 votos.

Açucena, porém, avalia de forma diferente. Em sua visão, foi necessário o PT colocar candidatura própria, mesmo com chances reduzidas. “Foi o correto, apresentamos o nosso projeto para a cidade. Tentam passar a imagem de uma unicidade, de que todos apoiam a lógica neoliberal do governo atual, e a gente cumpriu um papel”, defende.

Jovem liderança de 25 anos, Açucena é uma mulher negra, lésbica e do Camdomblé, que se tornou a principal figura de oposição a Euclério Sampaio na Câmara de Vereadores. Ela é primeira mulher que o PT elegeu para o parlamento em Cariacica, tendo conquistado 2,6 mil votos. Na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), onde cursou Enfermagem, ingressou no movimento de juventude Kizomba. Também foi do Coletivo Nacional de Juventude Negra e do Movimento Negro Unificado (MNU). Hoje integra o Fórum de Mulheres de Cariacica.

Dentro do PT, Açucena faz parte da corrente Democracia Socialista (DS) e compõe o campo de oposição “Para Voltar a Sonhar” (PVS), que reúne figuras como Helder Salomão e a deputada estadual Iriny Lopes, que apoiam João Coser para presidente da Executiva estadual.

Na sua opinião, os problemas do PT de Cariacica “espelham” os da Executiva estadual, e são muito mais de ordem organizativa estrutural e também de organização política. Gaurink, por sua vez, afirma que organizou as prestações de contas do partido quando assumiu o diretório, o que foi essencial para que pudessem inclusive colocar candidaturas.

Perspectivas para 2026

Açucena destaca que, em 2022, esteve no grupo que apoiou, até o último minuto, a proposta de o senador Fabiano Contarato disputar o Governo do Estado com uma candidatura própria – o PT acabou apoiando a reeleição de Renato Casagrande (PSB), em um acordo para dar palanque para o presidente Lula.

Para 2026, ela defende o mesmo. Atualmente, Helder Salomão é cotado para concorrer como candidato a governador. “O PT precisa apresentar um projeto político, ou então ficaremos entre a direita e a extrema direita. Mas como o próprio deputado Helder falou, é preciso construir a candidatura”, afirma.

Já Gaurink, mais uma vez, prefere focar na disputa proporcional. Seu grupo vai apoiar a reeleição da deputada federal Jack Rocha. No mais, segundo ele, é preciso “conversar com todos”, sem nenhum “radicalismo”. “Se o Helder for o candidato, com certeza vamos apoiar”, destaca.

Sobre os planos para o comando do partido, Açucena e Gaurink tem discursos parecidos com o de outras figuras do PT, defendendo uma retomada dos trabalhos de militância de base comunitária, retomando o terreno perdido de outrora.

A votação do PED está marcada para o próximo dia 6 de julho. Foram registrados inscritos em pelo menos 62 das 78 cidades do Espírito Santo.

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