Ao fazer o levantamento sobre as viagens do governador e de seu antecessor para responder a uma provocação do ex-governador Paulo Hartung (PMDB), no debate da TV Tribuna, na última sexta-feira (12), Renato Casagrande (PSB) acabou descobrindo que os dados anteriores a 2006, durante a gestão do seu antecessor, foram destruídos pela Casa Militar do Palácio Anchieta.
O governador reuniu a imprensa no início da noite desta terça-feira (16) para divulgar os dados sobre suas viagens em jatinho particular e aproveitou para fazer o comparativo com o governo anterior. Ao todo, segundo Casagrande, Paulo Hartung fez 120 viagens com jatinho executivo em seus oito anos de governo, que custaram aos cofres públicos R$ 7,2 milhões. Casagrande, em três anos e nove meses de mandato viajou 74 vezes, ao custo de R$ 4,4 milhões.
Como havia prometido ao seu adversário no debate, Casagrande apresentou uma lista com as datas dos voos, os valores gastos, o destino e os nomes dos passageiros que o acompanharam nas viagens. A primeira viagem do governador foi ainda no dia 1 de janeiro de 2011. Depois da posse ele se dirigiu a Brasília para acompanhar a posse da presidente Dilma Rousseff, acompanhado do assessor Handerson Siqueira.
O que chama atenção no relatório apresentado por Casagrande é que não há informações sobre as viagens do ex-governador Paulo Hartung em seu primeiro mandato. Isso graças ao Decreto 1552-R de 10/10/2005 e a Portaria 17-R de 15/03/2007, que permitiu a eliminação de arquivos com mais de cinco anos. O expediente criado permitiu que o então governador “apagasse” os registros referentes a uso do jatinho no primeiro período dos governo passado (2003 – 2006).
Nos dados referentes a esse período, não é possível saber a data dos voos e nem os nomes dos passageiros que usaram o avião fretado. Os dados tiveram que ser buscados no sistema financeiro, já que a Casa Militar havia cumprido a determinação de eliminar os documento. A partir de 2007 é possível saber a data da viagem, mas não os integrantes da comitiva do então governador. Há apenas um registro no dia 28 de janeiro, em que há a descrição da comitiva que acompanhava Hartung: o então prefeito de Vitória João Coser; o então vice-governador Ricardo Ferraço; Eduardo Mannato, Kleber Frizzera, Coronel Andrade e Capitão Daniel. Foi o único registro que, por algum lapso, sobreviveu.
No documento entregue à imprensa, o governador Casagrande destacou que as viagens que fez usando o jatinho não trazem as justificativas, mas afirmou que se tratavam de viagens inerentes à agenda de trabalho do governo do Estado. Citou como exemplos as discussões e mobilizações contra o fim do Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias (Fundap) e a polêmica em torno da proposta de distribuição dos recursos oriundos dos royalties do Petróleo. Além disso, ele destacou que as viagens acompanhadas de lideranças políticas serviram para encontros com outros governadores e ministros.
Primeira-dama
Além da relação das viagens de jatinho realizadas em seu governo e no governo anterior, Casagrande distribuiu um documento com as viagens da ex-primeira-dama Cristina Gomes em voos de carreira. Embora o ex-governador Paulo Hartung tenha afirmado em entrevista ao ESTV – 1ª Edição desta terça-feira (16) que sua mulher não havia viajado nos fins de semana, Casagrande apresentou o relatório que mostra que das 86 viagens de Cristina, 41 foram nos fins de semana.
Ao ser questionado sobre a legalidade das viagens da ex-primeira-dama, Casagrande afirmou que o levantamento foi feito a partir de um pedido de informação do deputado estadual Sandro Locutor (PPS), que encaminhou os dados aos órgãos competentes. Cabe, portanto, ao Ministério Público Estadual (MPE) fazer a investigação e afirmar se houve irregularidade, respondeu o governador.
Casagrande, porém, destacou a questão moral e ética envolvida no caso, já que se trata de viagens pagas com o dinheiro público. Disse ainda que se a primeira-dama não tem um cargo executivo, não há justificativa para acompanhar o marido, a menos em ocasiões excepcionais.
Ao ser questionado se a primeira-dama, Maria Virgínia havia viajado com recursos públicos, o governador afirmou que ela representou o Estado no encontro “Dentistas do Bem”, como a mulher é dentista e o Estado foi convidado, ele justificou que ela foi ao encontro representando o governador.