Sexta, 03 Mai 2024

Casagrande e Hartung podem se unir novamente em 2014

Casagrande e Hartung podem se unir novamente em 2014

Renata Oliveira e Nerter Samora





Depois da onda de protestos populares do mês de junho, a classe política volta novamente suas atenções para as movimentações eleitorais para 2014. Apesar do “novo” componente trazido pelas demandas da sociedade, o tabuleiro político começa a ser armado.  O Papo de Repórter dessa semana vai analisar o atual cenário local com a reaproximação entre PSB, PMDB e PT na tentativa de reconstruir a unanimidade, com cada ator com seu espaço garantido. Mas será que essa união prospera até outubro do ano que vem?





Nerter – O primeiro semestre fechou com o governador Renato Casagrande na corda bamba para a eleição do próximo ano. Com a falta de entendimento com os deputados estaduais, com as lideranças políticas que estão de olho no pleito do próximo ano e com o cenário nacional cada vez mais confuso, sem falar no desgaste trazido pelos protestos populares, a reeleição de Casagrande parecia cada vez mais distante. As declarações do governador também não ajudaram muito, deixaram transparecer o quanto sua administração estava perdido com tudo que vinha acontecendo. O semestre acabou, houve o recesso parlamentar e agora, faltando menos de dois meses para o fim das migrações partidárias, o cenário começa a ganhar uma forma diferente e Casagrande começa a respirar mais aliviado, não é?



Renata – Sim. Politicamente falando, alguns fatos ocorridos esta semana ajudam Casagrande em seu projeto de remontar a unanimidade, sistema que garantiu sem problemas sua candidatura em 2010. Ele tirou Macaciel Breda da presidência do PSB, o que para os aliados vai facilitar a construção de alianças proporcionais. Os candidatos acreditavam que Macaciel com o partido na mão costurava em favor de sua campanha à Assembleia no próximo ano. Com a saída dele, Casagrande, aparentemente terá mais facilidade para alinhavar as coligações proporcionais que vão dar sustentação à sua base.



Nerter – Essa coisa da possibilidade de Magno Malta não vir a disputar a eleição ao governo do Estado também ajuda muito. Se o senador deixar mesmo o PR, o que muita gente nos meios políticos não acredita, vai ter dificuldade em consolidar sua candidatura ao governo. Isso tiraria uma mochila de pedras das costas de Casagrande. O governador sabe muito bem o que significa ter um palanque de oposição puxado por Magno Malta. Sem ligação política com o grupo que comanda a política no Estado, ele não teria problemas em atacar quem quer que seja. Quem também ficaria aliviado com a saída de Malta do páreo é o ex-governador Paulo Hartung, desafeto do senador.



Renata – Caso isso se confirme – e acho difícil – Casagrande e Hartung ficariam mais livres para negociar o processo eleitoral do próximo ano. Até porque ficaria mais fácil atrair o terceiro elemento fundamental para essa discussão: João Coser. Sem Malta oferecendo um palanque exclusivo para Dilma, Casagrande pode oferecer seu palanque neutro para o PT fazer a campanha de Dilma, com a vice garantida para Coser e a vaga do Senado para o ex-governador.



Nerter – Neste sentido esse ensaio de aproximação de Eduardo Campos do governo federal é outro movimento que enche de esperanças Casagrande. O grande empecilho para que Casagrande mantenha unida sua base é esse chove-não-molha de Campos. Ele tem como trunfo o fato de não ter se saído bem do desgaste dos protestos e com a dificuldade que Marina Silva está encontrando para viabilizar a Rede. Mas quer pelo menos cinco minutos de TV para se tornar conhecido para além do Nordeste e aí está a dificuldade dele.



Renata – Eduardo Campos continua fazendo suas articulações em busca de apoio partidário para sua campanha, mas também não quer mais o confronto com o Palácio do Planalto. A ideia de fazer uma parceria velada com Aécio Neves (PSDB-MG) pode não ser uma boa ideia, dado o desgaste do tucano. O momento é delicado para o socialista e ele sabe disso.



Nerter – Até porque essa aproximação com o governo, coloca Eduardo Campos e o PSB no caminho de uma possível sucessão presidencial em 2018. Mas voltando à política capixaba, Casagrande também tomou algumas medidas pontuais, no campo administrativo, para tentar arrumar a casa. É que assim como no campo político, internamente, o governo Casagrande precisa de um rumo, pois parece estar andando em círculos. Para isso, observa-se a tentativa de dar ao governo uma cara jovem e profissional, com destaque para os secretários elencados para gerir crises. Tyago Hoffmann (Governo); André Garcia (Segurança) e Fábio Damasceno (Transportes).  O primeiro para ser o representante do governador nas discussões com a sociedade para evitar desempenhos catastróficos como os do início do governo ao lidar com manifestações populares; o segundo para tentar colocar uma pedra na questão da segurança e o terceiro para discutir a nova agenda do Estado: a mobilidade urbana.



Renata – Verdade. O problema é que apesar de trazer uma roupa nova, o discurso trazido pelos porta-vozes é fraco diante da necessidade de uma resposta mais parruda para a crise. Sem uma marca Casagrande para apresentar e defender, os interlocutores do governo ficam sem ter muito o quê dizer, vide Damasceno nas audiências públicas sobre mobilidade urbana. Acho que falta uma estratégia mais apurada de fortalecimento da imagem do próprio Renato. Uma movimentação de chamar para si a responsabilidade, de eliminar os interlocutores, mostrando interesse pela nova agenda política do Estado e do País. Mas, com a diminuição dos protestos, talvez Casagrande consiga recompor sua imagem sem precisar se expor. Embora, eu, particularmente, ache que um governador não pode se omitir diante de demandas populares, o que algumas vezes dá espaço para oportunistas de plantão, doidos para capitalizar com a situação.



Nerter – Agora, Casagrande precisa aparar algumas arestas que ainda surgem na classe política. A Assembleia tem um clamor por atenção que se estende desde a chegada do governador ao Palácio Anchieta em 2011. Verbalizada por alguns parlamentares, reflete a insatisfação geral da Casa com o tratamento dado, não só no que diz respeito à procura por secretários, mas também às movimentações políticas, sejam elas partidárias ou de base.



Renata – Uma outra situação que parece mais tranquila para Casagrande foi a diminuição dos ataques de seu antecessor. Hartung deu sinais de que viria com tudo para cima do governador, mas recuou por motivos que já comentamos em outras ocasiões – denúncias – e agora tente a se reagrupar na unanimidade para buscar um espaço garantido e sem curvas para 2014.

Nerter – E o Balestrassi?



Renata – Balestrassi é tema para outro papo.

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