As fotos postadas nas redes sociais por Renato Casagrande (PSB) e Paulo Hartung (PMDB) permitem que o leitor tire suas próprias conclusões sobre o desempenho de cada um deles nas redes sociais, que na próxima eleição deve ser uma das principais ferramentas de campanha.
Na quarta-feira (22), tão logo as campeãs de ginástica rítmica no Pan-Americano Emanuelle Lima e Ana Paula Ribeiro pisaram em solo capixaba, toparam com o ex-governador no aeroporto de Vitória, que também desembarcava. Casagrande não perdeu tempo, registrou a imagem abraçando as medalhistas e postou nas redes sociais. O abraço passou a espontaneidade do encontro.
Após verem a imagem correr pela rede, os assessores de Hartung devem ter mostrado a foto do rival com as ginastas. O governador não quis ficar para trás. Com 48 horas de atraso, na sexta-feira (24), recebeu as medalhistas no Palácio Anchieta e também postou um foto abraçado às duas campeãs, repetindo Casagrande.
Durante a campanha do ano passado, os marqueteiros alertaram ao então candidato ao governo que ele precisava derrubar o muro que o separava da população, sobretudo dos mais humildes.
Construíram toda a campanha eleitoral em cima do mote “abraça o Paulo”. A estratégia era criar uma embalagem “humana” para um candidato que construíra, ao longo de seus dois mandatos, a imagem de um governante inatingível, que não se mistura ao povo.
Após a vitória nas urnas, Hartung achou que poderia guardar o personagem “Paulo” no armário, e só tirá-lo nas próximas eleições. Mas as eleições já estão nas ruas, ou melhor, nas redes sociais, e o governador percebeu que terá que retirar o personagem do armário mais cedo do que imaginava. Mesmo porque, seus assessores terão que suar muito para aproximar Hartung do rival nas redes sociais.
Hartung, que tem a vantagem de estar à frente do governo, em tese com mais visibilidade na mídia, tem 21 mil seguidores no Facebook, contra 56 mil de Casagrande. Mas não são só os números de seguidores que destacam a vantagem do socialista sobre o peemedebista, mas a qualidade de quem segue quem.
A chegada das ginastas postada por Casagrande, por exemplo, alcançou 1,8 mil curtidas, 80 compartilhamentos e 69 comentários. Já o abraço do Paulo nas medalhistas registrou 534 curtidas, 34 compartilhamentos e 34 comentários.
O conteúdo dos comentários é outro indicador de que o governador não goza de grande popularidade nas redes. Muitos comentários criticavam o governo. “São vitoriosas sem ajuda do governo do Estado”. Os comentários positivos, a maioria, pareciam mais uma “ode a Hartung“. De tão “forçados”, pareciam falsos. “Adoro o governador Paulo Hartung”; “Ouro para nosso Governador!”; “Parabéns meninas e grande governador PH”.
Os seguidores de Casagrande também o elogiaram, mas falaram mais da conquista das atletas. Alguns até comentaram a sorte de Casagrande por ter encontrado com as meninas no aeroporto.
Na comparação dos conteúdos, parece que os seguidores de Casagrande são mais espontâneos e os de Hartung artificiais. O ex-governador também transmite estar muito mais à vontade na foto e muito posts dão a impressão que são digitados pelo próprio. O abraço de “Paulo”, a exemplo do beijo que os atores dão na TV, parece “técnico”. Aquele que se faz na frente das câmeras só para parecer real. Quando o ator é fraco, o beijo técnico não costuma convencer o telespectador, o mesmo acontece com o abraço do Paulo. Esse desconforto ficou bem evidente na recepção as trigêmeas campeãs da Olimpíada de Matemática (foto).
Hartung ainda tem dificuldade para interpretar o personagem “abraço o Paulo”. Se os marqueteiros não fizerem rapidamente um bom trabalho de ator com Hartung, as redes sociais podem ter efeito reverso para o governador na disputa de 2016.
