Sábado, 18 Mai 2024

Cenário eleitoral do Espírito Santo está sendo formado de fora para dentro

Cenário eleitoral do Espírito Santo está sendo formado de fora para dentro
Renata Oliveira e Nerter Samora



Em 2014, o cenário eleitoral do Espírito Santo será delimitado pelas nacionais, ou melhor, já está sendo. Papo de Repórter analisa como se dá esse nível de influência no Estado.
 
Nerter – Pelas deliberações do último fim de semana ficou ainda mais evidente que será o interesse das nacionais que vai prevalecer às movimentações locais para a disputa eleitoral do próximo ano. Os movimentos de PSDB, PSB, PMDB, PT e PPS estão deixando mais clara a visualização da disputa no próximo ano, colocando as peças no tabuleiro e convidando os adversários para o jogo. Essas ações deixam em sobreaviso as lideranças capixabas, que precisam das definições para buscar a melhor acomodação, sobretudo, para quem vai disputar a eleição proporcional. Mas se de um lado o cenário vai se desenhando com as composições dos palanques presidenciais, de outro há sempre aquelas cortinas de fumaça para tentar confundir o mercado, não é?
 
Renata – E tudo isso está acontecendo ao mesmo tempo, não é mesmo? Mas vamos por partes. Primeiro, em relação às movimentações nacionais. Houve definições importantes que afetam diretamente o Espírito Santo. O PPS nacional confirmou a posição do partido no Estado e definiu o apoio à candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) à presidência da República. Isso aumenta o prestígio político do prefeito de Vitória Luciano Rezende com a nacional. 
 
Nerter – Permite também que ele possa consolidar sua movimentação em favor do palanque do governador Renato Casagrande, que, aliás, ele nunca escondeu. No congresso do PPS havia até a ideia de que um movimento tentasse levar a definição sobre o apoio para o próximo ano, mas diante a derrota iminente do grupo que defendia o apoio ao senador Aécio Neves (PSDB-MG), a proposta sequer foi colocada em votação. Definido o apoio do PPS, o governador Renato Casagrande tem um caminho alternativo construído. Ele vem mantendo a neutralidade, porque ainda sonha com a unanimidade, mas dá a seu presidenciável o apoio do prefeito da Vitória, a única capital que o PPS governa no País. Isso é importante. Além disso, o PSB está fechado com a campanha de Campos. Se a unanimidade não der certo, o palanque de Eduardo Campos estará pavimentado no Estado. 
 
Renata – Tem uma outra movimentação que também foi bastante importante paras as articulações no Espírito Santo, que é o jantar de Aécio Neves com Eduardo Campos, no último domingo (8). Eles confirmaram no encontro a parceria por baixo dos panos para inflar as duas candidaturas e forçar o segundo turno contra Dilma Rousseff. O Espírito Santo também não está fora desse acordo, aliás, no Estado as condições de acordo são altas. Neste caso, como o palanque socialista, com governador Renato Casagrande é bem mais forte que o tucano, que teria Guerino Balestrassi como candidato ao governo, a movimentação seria de recuo para o PSDB.
 
Nerter – Esse recuo seria importante para os tucanos, que têm muito pouco a apresentar e muito a perder com a eleição de 2014. Ao lado de Casagrande se desobrigariam de erguer o palanque de Aécio e poderiam se dedicar à campanha proporcional e de fortalecimento de suas principais lideranças. O problema é como acomodar Guerino Balestrassi e Luiz Paulo Vellozo Lucas, que deixaram o governo Casagrande batendo a porta no palanque do governador. Deve ser por isso, que Balestrassi vem defendendo com unhas e dentes a candidatura própria ao governo em 2014. Quer evitar a saia justa de dividir o palanque com o governador. Aliás, as incompatibilidades entre Casagrande e Balestrassi vêm de longa data. Imagina o ex-prefeito de Colatina ter de disputar uma vaga de deputado federal com seu desafeto Paulo Foletto, aposta do PSB para disputar a reeleição para a Câmara em 2014. 
 
Renata – O PT nacional também teve uma definição no meio da semana que enquadra bonitinho suas estaduais. Antes de registrar qualquer coligação no ano que vem, os diretórios estaduais vão ter de submeter as alianças à aprovação de um comitê ligado à Executiva Nacional. Com isso, o partido manterá o controle sobre seus filiados evitando qualquer movimentação que fuja dos interesses do partido para o próximo ano: a reeleição da presidente Dilma Rousseff e a eleição de uma bancada forte no Senado. Em termos locais, isso quer dizer que qualquer movimentação do grupo do presidente João Coser que não atenda esse interesse, vai ser vetado pela nacional. A sorte dele é que desta vez, o interesse do partido vai ao encontro de seu interesse pessoal, que é permanecer sempre ao lado do ex-governador Paulo Hartung. 
 
Nerter – É, mas se Hartung fizer aquele movimentação já conhecida de na hora H desistir da disputa e colocar Ricardo Ferraço (PMDB) para a cabeça de chapa ou decidir disputar o Senado e oferecer a suplência para o Coser, estará tudo desfeito e a nacional vai obrigar o ex-prefeito de Vitória a disputar o governo do Estado, o que pode ser um desastre para seus projetos pessoais. Isso nos leva ao segundo ponto de análise deste Papo de Repórter, as cortinas de fumaça que esta semana apareceram forte com notinhas na imprensa e que evidentemente têm como principal foco o ex-governador Paulo Hartung. 
 
Renata – Teve a história do vice-presidente da República Michel Temer fazer apelo para que Hartung dispute a eleição. Uma história contada pelo deputado federal Lelo Coimbra, aliado de Hartung. Teve também aquela de Hartung disputar o Senado e Coser ganhar a suplência. Duas coisas esquisitas, não é? Aqui no Estado parece que se fala em nome de Michel Temer o tempo todo, mas depois que ele desmentiu aquela história de que  Hartung era o preferido do partido, não dá mais para levar a sério essas declarações do vice-presidente ao emissário do ex-governador. 
 
Nerter – A história da suplência também não cola. O que se sabe das movimentações nacionais é que o próprio Lula foi quem articulou tudo isso e a aliança entre PMDB e PT só serve para o palanque de Dilma com Hartung como candidato a governador. Se for Ricardo Ferraço o PT não quer, primeiro porque ele atua como oposição à Dilma no Senado e segundo, e principalmente, porque não teria a densidade eleitoral que o palanque da presidente precisa no Estado. Você viu o resultado da pesquisa CNI/Ibope desta semana. Dilma continua em baixa no Espírito Santo. 
 
Renata – Além disso, dizem, que Lula não confia em Hartung como senador da base de Dilma. Então, dentro desse esquema montado pelo PT nacional ou Hartung é candidato a governador na aliança PMDB ou PT ou valeu, muito obrigado e até a próxima. Mas jogar essas histórias no mercado ajudam a confundir o cenário e desacelerar o processo de articulação para 2014. Com isso, Hartung ganha tempo para decidir qual a melhor acomodação para o próximo ano. 
 
Nerter – E aí não tem nada descartado, não é? Até, quem sabe, a tão sonhada unanimidade, que Casagrande tanto quer. Se todo mundo conversa com todo mundo e todo mundo é candidato a tudo e a nada também, pode ser que Casagrande consiga atrair Hartung para seu palanque. 
 
Renata – Mas aí, o que fazer com Ricardo Ferraço e João Coser?
 
Nerter – Ah, isso se ajeita. 

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